Revista Controle & Instrumentação Edição nº 255 2020
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Cover Page
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Vazão e nível em hibernação |
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A medição de vazão e nível é um dos aspectos mais
importantes do controle de processos, encontrada
em todos os setores da indústria. Como quaisquer
variáveis, escolher a melhor tecnologia evita gastos e manutenção
desnecessários, previne de não conformidades
e transbordamentos, garante uma boa relação custo x
benefício, etc. E, em tempos de Covid-19, queda de demanda,
redução de produção e hibernação de plantas,
mais do que nunca, escolher bem tecnologias e parceiros
pode ser a diferença para salvar um negócio.
“A indústria, de uma forma geral, já vinha aumentando
a demanda de controle de processos a cada dia e, acredito
que, com a pandemia e a necessidade da isolamento
social, certamente, haverá a necessidade de uma readequação,
principalmente buscando ainda mais a redução
dos custos, e aumento no foco em segurança com a produção
e armazenagem. Com a dificuldade de vender seus
ativos devido, principalmente, à crise do petróleo, que sofreu
uma queda de pelo menos 50% nesse
ano, em função da guerra de preços
travada pela Arábia Saudita e Rússia,
e também pela diminuição da demanda
por causa do coronavírus,
a atual gestão de muitas refinarias
vai optar pelo plano de hibernação
e, neste caso, é necessário um
para o cumprimento de atividades
periódicas, que visam a manter em
boas condições físicas os componentes
da instalação, que garantam a manutenção da integridade
de suas características físicas e mecânicas, durante o período
em que permaneça inoperante, até o reinício da operação.
Deve ainda contemplar as atividades de inspeção,
manutenção e reparos dos equipamentos e instalações, visando às ações necessárias para partida da unidade, assim
que sair da hibernação: comissionamento, testes de
pressão hidrostática e de estanqueidade, condicionamento
e pré-operação. Na definição da técnica de hibernação
de equipamentos, têm prioridade as instruções emitidas
pelo fabricante, que prevalecem sobre qualquer outra recomendação”.
César Cassiolato, Presidente & CEO da
Vivace Process Instruments Ltda. |
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Quando se fala em hibernação, é preciso lembrar que
ela vai acontecer em várias indústrias. Além das empresas
do setor de petróleo e gás, a Usiminas, por exemplo, deve
parar dois altos-fornos. E, quando um alto forno para, é
diferente de quando se para uma refinaria; é preciso fazer
um bom esgotamento do forno. Cada indústria vai ter
suas particularidades, mas monitorar a parada e o ativo é
algo importante para qualquer uma.
“Em relação a ativos hibernados,
posso falar em relação a terminais
de distribuição, onde não se
pode parar, em hipótese alguma,
os sistemas de combate e
prevenção de incêndios, e o
sistema de energia elétrica. Estes
são fundamentais para garantir
uma hibernação segura”, lembra Luís Silberman, diretor da ISA Seção
RJ e da Silberman Automação. |
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“Sem dúvidas, a pandemia mudou a forma de pensar
em como o monitoramento remoto e equipamentos inteligentes
capazes de fornecer informações e diagnósticos
podem ser úteis para uma indústria. Com o isolamento
social, a maioria das empresas teve de aderir ao home
office, para manter a integridade de seus colaboradores
e familiares, sendo muitos destes do grupo de risco, e responsáveis
por funções onde a presença e controle manual
eram indispensáveis, até antes da era Covid-19. Com esses
colaboradores trabalhando de suas casas, a demanda por
monitoramento remoto e instrumentos com diagnósticos
inteligentes de medição aumentou. Em empresas onde
esse tipo de monitoramento já existe, as solicitações convergem
a atualizações e um grau de
monitoramento e disponibilidade
mais profundos”, afirma Cassius
Barros, supervisor de engenharia
de aplicação, Head do grupo
PMK da Yokogawa.
“Um fator muito importante
no combate ao Covid-19 é a higiene,
pessoal e dos objetos com os
quais temos contato diário. A boa higiene
depende fundamentalmente da água, e este é um recurso
cuja demanda cresceu, aumentará ainda mais, e está
se tornando cada vez mais escasso. Portanto, monitorar a
quantidade e a qualidade desse recurso é
fundamental, e não deve ser esquecido”,
comenta Arnoldo Anseloni
Junior, da Keller no Brasil. |
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“Um fator muito importante
no combate ao Covid-19 é a higiene,
pessoal e dos objetos com os
quais temos contato diário. A boa higiene
depende fundamentalmente da água, e este é um recurso
cuja demanda cresceu, aumentará ainda mais, e está
se tornando cada vez mais escasso. Portanto, monitorar a
quantidade e a qualidade desse recurso é
fundamental, e não deve ser esquecido”,
comenta Arnoldo Anseloni
Junior, da Keller no Brasil. |
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De fato, a lista do que precisa
ser feito de forma diferente
é extensa, e parte das rotinas
pode ser feita remotamente,
usando nuvem, OPC, etc., neste
cenário de Covid-19, que já levou
muitas empresas a adotarem ferramentas
e serviços que envolvem mobilidade e soluções
em nuvem. É um novo mundo, sem esquecer do básico.
Já havia projeção de que a indústria caminhava para
a digitalização de forma agressiva, ao longo dos próximos
anos, mas o Covid-19 parece ter tornado-se um acelerador
para isso. Poderosos algoritmos, envolvendo a inteligência
artificial, estão surgindo e, com isto, novas formas
de produzir e manter a indústria ativa surgirão. |
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“É importante vermos que não é apenas um processo revolucionário, em termos de tecnologia, mas sim uma mudança e adaptação comportamental de todos nós, no que tange a relações humanas e organizacionais. Estamos e passaremos por grandes mudanças. Muitos setores se reinventarão, na forma de produzir e vender”, comenta Cassiolato. |
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“Acredito que quem possui uma instrumentação/automação
mais sofisticada sai na frente, pois, necessita de
menos intervenção humana, e facilita naturalmente o trabalho
remoto. Os instrumentos serão demandados a prover
estas informações, de maneira correta e com pouca
intervenção humana, aí entram em cena a qualidade do
projeto de automação/instrumentação, a qualidade, tanto
da instrumentação quanto da implantação da mesma,
e também a qualidade das manutenções destes ativos.
Nesse cenário do Covid-19, a operação remota é um dos
principais fatores, para que a indústria possa rodar. Entendemos
que, com a pandemia, as indústrias pensarão em
automatizar ainda mais os seus processos industriais, e depender
menos de pessoas; assim, em um cenário de médio
prazo, projetos de modernização serão mais comuns
no mundo. Em tempo de altos estoques, a indústria faz a conta do custo de parada (de uma
caldeira / forno / reator), versus o
aumento do custo na redução
da produção, a um nível mínimo,
que mantenha o abastecimento
dos estoques com a demanda
do mercado; portanto, o
monitoramento do estoque passa
ser a chave que vai sintonizar a produção”,
pondera Eric Tedesco, diretor
de produtos da Metroval. |
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“Acredito que as medições de variáveis analógicas,
como pressão, nível, vazão, densidade, controle de válvulas
etc., continuarão, como temos nos dias de hoje, e empresas,
que ainda não adotaram as tecnologias de barramentos
digitais de campo, terão de fazê-lo, para poderem
dar continuidade aos seus negócios com competitividade,
já que precisarão tirar benefícios da tecnologia, e inovar
seus processos e operações. Sendo assim, haverá mudanças
significativas nos sistemas de controle, supervisão e de
tomadas de decisões, fortalecendo as tendências de que
as empresas adotarão estratégias de multicloud híbrida,
aproveitando a flexibilidade de mover aplicativos de negócios
críticos para o ambiente de sua escolha, em nuvem
pública, local ou privada. Novas ferramentas automatizadas,
como soluções envolvendo inteligência artificial, surgirão,
para ajudar a gerenciar essa complexidade de múltiplas
nuvens. Essas ferramentas permitirão que as empresas
ajustem seus ambientes, colocando as cargas de trabalho
certas no lugar certo, controlando custos e gerenciando
chaves de segurança e criptografia, de maneira eficaz. Se
a segurança já era um tópico de preocupação com o advento
da Indústria 4.0, daqui para frente, com certeza, ela
será o atributo mais importante dos sistemas de automação
e gestão. Veremos o surgimento de mais ferramentas,
que podem descobrir insights de segurança, e responder
a incidentes mais rapidamente, ajudando a centralizar as
operações”, pondera Cassiolato. |
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“Equipamentos rotativos, válvulas, sistemas de segurança,
dispositivos finais de controle devem ser periodicamente
testados, quando uma planta hiberna seus ativos.
São checados o monitoramento, através da gestão
de ativos, as condições operacionais, virtualização destes
sistemas, e instalação de sistemas dedicados para monitoramento
porque, com um sistema de monitoramento, é
possível utilizar os dados que os equipamentos disponibilizam
em nuvem, para análise destes dados e tomadas de
decisão. Instrumentos incorporados de diagnósticos avançados
são capazes de armazenar e disponibilizar centenas
de informações, indispensáveis para operação em uma
plataforma, por exemplo. É preciso garantir que não irá
ocorrer perda de informações, para que seja possível até
mesmo uma análise remota, através da coleta destas informações.
Com informações precisas da integridade e medição,
é possível adicionar níveis de alarme bem definidos,
e disponibilizá-las para um sistema de gestão de ativos,
com operação remota. É importante citar que diagnósticos
são disponibilizados para que a manutenção deste equipamento
seja baseada na condição, e não mais em uma
manutenção preventiva, gerando custos operacionais”,
conta Cassius.
Uma das grandezas mais importantes, num cenário
de hibernação, é a corrosão, porque, sem precauções e
monitoramentos adequados, o ativo hibernado pode entrar
rapidamente em processo de corrosão. Isso vale para
os skids de transferência de custódia, e para os tanques
de armazenamento. Nesses últimos, o próprio produto
ajuda-o a se manter preservado; a corrosão é uma maior
ameaça, quando ele está vazio – o que não é o problema
atual, já que a demanda de diesel, gasolina e etanol
caiu, de 30% a 50%. A capacidade de armazenamento
em tanques deve estar no limite, tanto que existe uma
grande quantidade de navios sendo usados como tanque
de armazenamento, em todo o mundo. Nunca o sistema
de armazenamento foi tão solicitado como agora, com a
queda no consumo. E as usinas começaram a moer cana
em abril, o que deve levar sua tancagem também ao limite,
se o consumo não se restabelecer.
“Acho que nossa capacidade de armazenagem não é
boa, e isto ocorre em nível global, não somente no Brasil.
Tivemos prova do problema de estocagem, durante a greve
dos caminhoneiros, e agora mesmo com a redução das
operações das refinarias, a capacidade de armazenamento
está no limite – e tudo que está no limite tem seu risco.
Além de um problema econômico, com a queda brusca no
preço dos barris, existe a preocupação quanto à segurança
operacional neste armazenamento, já que, além dos tanques,
as empresas do setor começam a estocar petróleo
também nas próprias plataformas, e enchendo ao máximo
seus oleodutos, tanto os marítimos quanto os terrestres.
Além disso, podem armazenar em tanques de terceiros,
lembrando sempre que, neste caso, os níveis de monitoramento
e segurança devem ser pré-requisitos mandatórios.
Sobre as condições reais de segurança deste armazenamento,
acho que os técnicos envolvidos nestas operações,
pela seriedade do setor, estão atentos aos requisitos mandatórios”,
afirma Cassiolato.
Em tudo na vida, cair é fácil, para retornar, o esforço
é dobrado. Para quem trabalha com terminais, é nítido que a demanda vai demorar para retomar. E a tecnologia
de medidores de nível por radar, muito usada em todo o
mundo para medição fiscal em tanques, vai ajudar a monitorar
isso, porque os radares precisam ter precisão para
medir esse inventário: o erro de medir errado milímetros,
num tanque de 100 metros de diâmetro, é imenso e, com
a questão de armazenagem crítica, tudo tem de estar funcionando
a pleno.
Na área de vazão, a transferência de custódia aceita
algumas tecnologias de automação, e existem vários
laboratórios acreditados pela RBC, mas, por incrível que
pareça, o Brasil ainda não tem uma legislação adequada
para radares, não existe RTM (Regulamento Técnico Metrológico)
para medição de nível: para o Inmetro, o que
vale até hoje é a medição feita por uma régua/trena! Ou
seja, mesmo utilizando radares automatizados, como no
Brasil não existe norma que este radar tenha de seguir,
ainda que para efeito legal, a medição é feita com a trena
– no tanque ou no navio.
“Este novo cenário, com certeza, gerará novos desafios,
nas medições de transferência de custódias, assim
como em muitos
outros. Vale lembrar
que a transferência
de custódia
está sujeita à
portaria da Agência
Nacional do
Petróleo (ANP),
e pelo Inmetro,
onde se limitam
as tecnologias utilizadas.
Um outro
fator importante
na instrumentação utilizada é o custo, que é ainda o grande
fator limitante para a utilização de outras tecnologias.
Acredito que a ANP e Inmetro estarão atentos ao novo cenário
e desafios da medição de transferências de custódia
e medições fiscais, e às novas tecnologias e métodos que
surgirão. Lembrando que novos métodos e equipamentos
deverão atender as regulamentações técnicas metrológicas
em vigor”, pondera Cassiolato.
O Inmetro comenta que “Embora exista a Resolução
Conjunta ANP/Inmetro nº 1/2013, que permite, tanto o
uso da trena, quanto o de sistema automático para medição
de nível de petróleo em tanque, o setor ainda não
demandou o estabelecimento de Regulamento Técnico
Metrológico (RTM) para sistemas automatizados. Caso o
setor e as entidades reguladoras entendam que as estações
de medição devam ser submetidas ao controle legal pelo
Inmetro, a qualquer tempo, podem demandar o Instituto,
nesse sentido. Cabe ressaltar que, no estoque de regulamentos
do Inmetro, existem duas portarias que tratam do
assunto em questão. A Portaria nº 145/1999 regulamenta
instrumentos de medição dimensionais, como trena, onde
não há citação a sistemas automatizados. Já a Portaria n°
648/2012, que regulamenta as condições para tanques
fixos de armazenagem de líquido, há a citação explícita
para o uso de trenas manuais: 6.3. As medições de nível
de líquido devem ser feitas com trena manual, que possua
as características da Classe de Exatidão 2, estabelecidas
pelo RTM, aprovado pela Portaria Inmetro nº 145, de 30
de dezembro de 1999.” |
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“Uma boa forma de fazer a monitoração, e até
mesmo o controle de tancagem, é utilizando a tecnologia
de comunicação sem fio ISA100. A tecnologia disponibiliza
adaptadores, que extraem as informações, tanto
de medição, quanto de inteligência dos instrumentos
fiados existentes, e estes podem enviar as informações
até a sala de controle, de forma totalmente remota, sem
a necessidade de utilização de infraestrutura. Por conta
da versatilidade do uso de comunicação wireless, é
possível fazer medições temporárias. Isso pode ajudar
os profissionais de manutenção a terem uma assertividade
maior, intervindo apenas nos equipamentos que
realmente necessitam de atenção, ajudando muito em tempos de crise na saúde, como a que vivemos com a
Covid-19”, lembra Cassius.
“Muitos funcionários dos terminais estão sendo afetados
de alguma forma pela Covid-19. Neste sentido,
quanto mais dados automatizados o terminal tiver, melhor
será para a operação. Acredito que, após a normalização,
diversas cotações serão lançadas no mercado, em função
das dificuldades operacionais que estão acontecendo neste
período. Os operadores dos terminais vão perceber
ainda mais a importância da medição automatizada”, frisa
Silberman.
O setor de petróleo conta com uma norma internacional
que trata da medição manual de nível, é a ISO
4512 (15 DEZ 2000): Petróleo e produtos líquidos de petróleo
– Equipamentos para a medição de níveis de líquido
em tanques de armazenagem – Métodos manuais. A
fita ou trena de imersão deve ser usada em conjunto com
um peso de imersão (dipweight) ou régua, que é enrolada
em um tambor dentro de uma estrutura equipada com
uma manivela.
Nos portos, a vazão e o nível têm uma relação muito
estreita, por conta dessa possível imprecisão de medição dos tanques. Mas, já existem terminais do Brasil que implantaram
EMEDs – estações automatizadas de medição
–, como o Porto de Paranaguá, o de Pecém, e os que
trabalham com LNG, onde o navio descarrega via EMED,
e então se verifica se o que ele trouxe está de acordo
com o volume descarregado. Essa EMED verifica a vazão,
e os instrumentos têm aprovação de modelo, então, o
receptor pode contestar o volume descarregado, se estiver
incorreto. Mas não são todos os portos que têm essas
tecnologias por aqui.
A maioria dos terminais do Brasil descarrega o navio,
e tem medidores de nível nos tanques e silos; aí fazem
a diferença entre o nível anterior e o atualizado, trabalhando
com a medição de nível, não com a medição do
volume recebido.
“Existem várias tecnologias para medir nível e fluxo,
como radar, sonda de nível, flutuador magnético, ultrassom,
placa de orifício, rotâmetro, etc. Uma maneira fácil
de detectar vazamentos é usar uma sonda de nível, que
pode ser facilmente instalada em um reservatório, para
monitorar seu nível, durante um período, quando não
houver consumo do produto armazenado. Se houver uma
variação no nível do produto, haverá vazamentos”, lembra
Arnoldo Anseloni Junior, da Keller Brasil. |
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“O primeiro critério, que sugerimos à indústria analisar,
é como o produto que está no tanque é vendido.
Se você vende o volume ou massa de um tanque inteiro
para um cliente, endentemos que um bom sistema
de telemetria de tanques deve ser utilizado, e para esta
função existem tecnologias para medição de nível e volume,
como radares, magnetos restritivos e servos, que podem
prover medição de nível e volume, com erros entre
0,5mm e 5mm. Se o seu produto é distribuído/vendido
em caminhões, recomendamos as tecnologias de medidores
mássicos (quando o faturamento de seu produto é
em massa), ou medidores deslocamento positivo, e turbinas,
quando o seu produto é faturado em volume. Não
esquecer do uso de um computador de vazão e totalização,
bem como sensor de temperatura, caso o produto
sofra variações de volume, em função da temperatura”,
pontua Eric Tedesco.
“As tecnologias para a medição da transferência de
custódia já são suficientes, hoje em dia. Acredito que deva
ser feito um acerto melhor, para quando surgirem as divergências,
entre o que a refinaria diz que forneceu, com
o que o terminal afirma que entrou nos tanques. Hoje em
dia, isto acontece com frequência, e a refinaria só aceita
uma correção se o desvio for muito grande”, afirma Silberman.
“Existem muitas soluções no mercado, disponibilizando
um leque de opções aos clientes que, às vezes, não
consegue definir qual instrumento, ferramenta ou sistema
adotar. Nós recomendamos, sempre, uma análise criteriosa
das necessidades de seus processos, para assim definir o
equipamento. Acreditamos que o mais relevante é definir
se a medição que você precisa é operacional, ou é para
controle de estoques interno, ou os equipamentos serão
para transferência de custódia. A partir desta definição, a
tecnologia, nível de erro aceitável, de acordo com normas,
calibração, rangeabilidade e o preço, serão analisados na
sequência”, diz o executivo da Metroval. |
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“Em todo o mundo, os grandes players buscam otimizar
suas performances, aplicando soluções de automação.
A Saudi Aramco, por exemplo, é a maior empresa
integrada de petróleo e gás do mundo e, ao transferir
hidrocarboneto para seus clientes, emprega sistemas de
medição de custódia totalmente automatizados, aproveitando
as tecnologias de medição de fluxo, reconhecidas
pela indústria por seu desempenho confiável e alta
precisão. Como a satisfação do cliente é nosso objetivo,
colocamos um foco inigualável na validação da precisão
da medição, usando sistemas de teste complexos in
situ, compatíveis com os padrões internacionais, e certificados
por agências reconhecidas internacionalmente”, afirma a empresa, que reconheceu e buscou ativamente
oportunidades de implantação de tecnologias inteligentes
de medição de vazão, como o caminho a seguir
especificamente nas vendas de gás natural e petróleo
bruto. No momento, a Saudi Aramco introduziu com
sucesso os requisitos de especificação, para facilitar uma
implantação mais abrangente de tecnologias inteligentes
de autodiagnóstico, como a medição de fluxo baseada
em Ultrasonic e Coriolis, além de soluções patenteadas
pioneiras, que aproveitam suas capacidades para obter
provas digitais, melhorar a precisão, reduzir os requisitos de investimento de capital, e aprimorar a confiabilidade
do desempenho. |
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“As tecnologias consagradas são medição de nível,
através de radar, e vazão, através de uma turbina.
Para vazão, os ultrassônicos estão cada vez mais precisos,
e são cada vez utilizados. Para evitar vazamentos,
acredito que, só colocando sensores de hidrocarbonetos
em cada tubulação, ou de Liners dentro dos tanques.
Recentemente, usei um sistema de monitoração
remota por câmera dentro de uma tubulação. Fizemos
um grande levantamento em várias tubulações, sem
quebrar nada. Ainda mais quando a tubulação passa
por baixo de uma rodovia de grande movimento, no
Rio de Janeiro. O cliente ficou muito satisfeito”, conta
Silberman.
Para monitoramento de estoques, existem diversas
tecnologias já consagradas, também, como Telemetria
de tanques (líquidos ou sólidos), RFID, QRCODE,
BARCODE, para produtos armazenados em recipientes
ou sacos, com volume ou peso conhecido. Estas
tecnologias de armazenamento devem estar conectadas
com o software de planejamento de recursos de
produção, adotando um modelo de produção de um
nível mínimo.
“Entendemos que o ideal é que as informações, geradas
por equipamentos de produção e estoque, estejam
disponíveis na nuvem, para análise da equipe comercial e
da equipe produtiva, que sintonizam a demanda de mercado,
e conseguem, de forma online, ajustar o modelo
matemático de produção. Estamos concluindo o desenvolvimento
de um “preset” que, na prática, é um computador
de vazão, dotado de interface homem máquina
(teclado e display), dedicado para operações de carregamento e descarregamento de líquidos, principalmente
combustíveis e produtos químicos. É um produto sofisticado,
já que, nas operações de carregamento, é necessário
gerir uma grande quantidade de variáveis (mistura de
combustíveis, aditivação de combustíveis, temperatura do
produto, intertravamento com monitor de aterramento e
overfill, entre outras), e que, além de ser certificado para
utilização em atmosferas explosivas, deve ser aprovado
pelo Inmetro, para operações de transferência de custódia.
Esperamos lançar uma versão básica nos próximos meses,
e agregar funções, até termos no mercado um equipamento
comparável aos melhores existentes no mercado. Com
isso, vamos tornar nossa linha de produtos para terminais
ainda mais completa, deixando suas soluções ainda mais
competitivas”, revela Eric Tedesco. |
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A busca por medições mais precisas, seguras e ambientalmente corretas também faz parte do dia-a-dia da
Saudi Aramco, que está atenta a cada novo desenvolvimento
emergente em tecnologias de medição de fluxo
e nível, e continua liderando a indústria na inovação,
exploração, teste e implantação de produtos inovadores
para medição de processos, que facilitam a eficiência
de desempenho otimizada, além de melhorar a segurança,
e reduzir os requisitos de investimento de capital.
A Saudi Aramco conta que introduziu, com sucesso,
tecnologias de fluxo de sensoriamento inteligente nãointrusivas,
como a medição de fluxo de sonar, além de
ser pioneira na utilização de instrumentos de nível de
radar de onda guiada para gerenciamento de inventário.
A empresa também implantou invenções próprias, patenteadas
da Saudi Aramco, incluindo o Sound Velocity
Dewatering System, uma tecnologia patenteada pela
Saudi Aramco que ganhou o prêmio Saudi Arabian King
Award, em 2019; e o sistema robótico de calibração de
tanque.
Os maiores portos do mundo têm EMEDs para descarga
de navios, e os grandes players estão atentos – mas o
setor é imenso, ainda há muito o que ser feito.
Um projeto em desenvolvimento no Amazonas, que
vai receber navios do exterior, está implementando EMEDs
para medir quanto combustível vai ser descarregado, e já
vai trabalhar com as melhores práticas do setor, depois de
ter visitado plantas no mundo todo. Ter uma EMED no píer,
para contabilizar toda a descarga de produto que vai ser
importado, era imperativo no projeto.
De maneira geral – e sempre que possível –, os
terminais buscam ter várias tecnologias em seus sites,
como é o caso da Agro, na ilha Barnabé, por exemplo,
onde a tancagem possui instrumentos inteligentes, mas
não uma EMED para receber os produtos; então, a empresa
compara a descarga, o nível do tanque antes e
após a descarga. Para o carregamento de caminhões,
a Ageo pode seguir dois caminhos: usa a pesagem do
caminhão, ou usa medidores Coriolis – estes últimos já
emitem a nota fiscal.
Não é só a questão tecnológica; a quantidade de
terminais e capacidade de armazenamento do país
ainda é frágil. A BR, maior distribuidora de combustível
do país, foi privatizada recentemente, e por muitos
anos não investia em tanques, enquanto Ultracargo,
Raízen, Ipiranga e outras investiram em novos tanques
automatizados. A privatização criou um movimento
para aumentar a segurança dos terminais existentes e,
de uns três anos para cá, a iniciativa privada construiu
terminais. A BR tinha 64 terminais, que estão buscando
melhorar sua metrologia, para precisar melhor seu
inventário, e deixá-lo mais seguro – imperativo no atual
cenário. Em janeiro, o consumo de combustível no
Brasil era o mesmo que 2014/15, ou seja, o consumo
de combustível já vinha retraindo, mas o país pode não
ter capacidade para atender uma demanda maior.
“O Brasil possui capacidade de expansão, com relação
ao armazenamento de produção. Observamos a presença
de empresas especializadas em tancagem, estocagem,
transvase, cujas entradas e saídas são monitoradas
por sistemas fiscais e, em alguns casos, sistemas de nível
para custódia. Toda tecnologia disponível atualmente
abre caminhos para que se tenha um monitoramento
confiável, através da disponibilidade de dados, e isso
se inicia na instrumentação de campo. Transmissores de vazão, transmissores de pressão e transmissores de nível
formam uma cadeia importantíssima, para que essa monitoração
aconteça. Hoje, a tecnologia nos mostra que,
mais do que nunca, equipamentos inteligentes, capazes
de fornecer e alimentar uma IA com dados confiáveis
e de grande relevância, não pertencem mais ao passado,
são realidade, e tais informações já podem ser disponibilizadas
de forma nativa nos equipamentos. Hoje,
acompanhamos a transformação no cenário industrial,
no qual esses dados são transmitidos e armazenados em
ambientes seguros, com políticas de cyber segurança” ,
diz Cassius.
O setor de armazenamento é crítico, e merece um
olhar mais atento nesse cenário de tanques cheios porque,
apesar de já utilizar muito monitoramento remoto,
existe pouca detecção de chama e detecção de gás, por
exemplo, apesar das diversas tecnologias existentes.
“A capacidade de armazenamento envolve outras
questões. O monitoramento, por exemplo, não é realizado
em toda a cadeia de distribuição. Ainda é comum ver
o agente medindo o volume no reservatório, através de
uma régua. Ainda que seja a norma, para isso, é necessário
abrir o reservatório, o que permite que os gases de
evaporação se dissipem no ambiente. Essa prática causa
sérios danos ao meio ambiente, e também aos agentes.
O ideal é usar equipamentos eletrônicos, que levam os
dados para um local remoto, onde o agente pode monitorar
o nível dos reservatórios, sem ser exposto a gases
tóxicos, e a sonda de nível é o instrumento que se destaca
nessa função” , conta Arnoldo Anseloni Junior, da
Keller Brasil.
“Hoje em dia, os terminais estão começando a implementar
este tipo de central de operação e monitoramento
remoto. É uma tecnologia questionada em relação a seu
custo x benefício”, lembra Silberman.
“Especialmente, sistemas de segurança para prevenção
de acidentes, como vazamentos de produtos
tóxicos; o monitoramento do armazenamento desses
produtos deve fornecer informações precisas, para que
todos os vazamentos sejam identificados imediatamente,
e medidas de contenção sejam tomadas. Dessa
maneira, desastres ambientais podem ser evitados ou
mitigados, e podem até impedir a perda de vidas, por
envenenamento. Importante ter equipamentos para
monitorar reservatórios, ou que podem detectar vazamentos
de produtos tóxicos, de preferência que tenham
uma maneira automática de ativar meios in loco para
conter esses vazamentos. E o acesso remoto precisa ser
garantido, com equipamentos que possuam tecnologia
de comunicação remota, como GSM e LoRa, onde
mensagens de alerta via FTP, E-MAIL ou SMS podem ser
enviadas instantaneamente às autoridades responsáveis
pelas ações de combate, previamente determinadas”,
ressalta Arnoldo.
“Acho muito importante cada empresa avaliar bem
de quem irá comprar os equipamentos. Sempre acreditei
que um bom equipamento é aquele que tem Assistência
Técnica. Outro item importante a se analisar
é que a diferença de preço é muito grande, se você
admitir uma precisão menor na medição do nível. Se
aceitar até 3 mm, ao invés de até 1 mm, você pode
levar dois instrumentos, pelo preço de um. Agora, estou
no outro lado da mesa de negociações, e vejo que a
ideia que tinha, de que os fornecedores ganhavam muito,
está totalmente errada. Seria ótimo não permitir que
os departamentos de compra achatem ainda mais os
pequenos lucros que os fornecedores têm, hoje em dia.
As metas deste departamento nunca devem ser medidas
apenas pelo percentual de redução que conseguiram
em uma negociação, ainda mais no novo normal que se
desenha” , afirma Silberman.
Talvez, as condições do novo normal acelerem uma
tendência global, onde a indústria não vai querer fazer
o projeto, comprar uma estação de medição, instalar e
aquilo passar a ser um ativo seu; ao contrário, as empresas
vão passar a buscar quem venda os dados da medição,
uma empresa que se encarregue de todo o ativo físico, e
garanta a disponibilidade de medição, que garanta a entrega
dos dados contabilizados.
Para alguns, isso não está longe de acontecer. As
empresas não vão querer mais um ativo, vão querer apenas
pagar um feedback mensal ou anual pela informação.
Talvez isso não seja para agora, mas também não é
para daqui a 20 anos. Isso já começou a ser discutido e,
de fato, já acontece em alguns nichos. A Petrobras, por
exemplo, há algum tempo, ao invés de comprar os skids
para medir e injetar a quantidade certa de produtos nos
poços de petróleo, hoje, só compra o produto químico,
e aluga esse skid. Isso é um passo a mais em direção à
compra de serviços, também para vazão e nível. |
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