Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 255 – 2020



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Vazão e nível em hibernação
 
 
 
 
A medição de vazão e nível é um dos aspectos mais importantes do controle de processos, encontrada em todos os setores da indústria. Como quaisquer variáveis, escolher a melhor tecnologia evita gastos e manutenção desnecessários, previne de não conformidades e transbordamentos, garante uma boa relação custo x benefício, etc. E, em tempos de Covid-19, queda de demanda, redução de produção e hibernação de plantas, mais do que nunca, escolher bem tecnologias e parceiros pode ser a diferença para salvar um negócio.
“A indústria, de uma forma geral, já vinha aumentando a demanda de controle de processos a cada dia e, acredito que, com a pandemia e a necessidade da isolamento social, certamente, haverá a necessidade de uma readequação, principalmente buscando ainda mais a redução dos custos, e aumento no foco em segurança com a produção e armazenagem. Com a dificuldade de vender seus ativos devido, principalmente, à crise do petróleo, que sofreu uma queda de pelo menos 50% nesse ano, em função da guerra de preços travada pela Arábia Saudita e Rússia, e também pela diminuição da demanda por causa do coronavírus, a atual gestão de muitas refinarias vai optar pelo plano de hibernação e, neste caso, é necessário um para o cumprimento de atividades periódicas, que visam a manter em boas condições físicas os componentes da instalação, que garantam a manutenção da integridade de suas características físicas e mecânicas, durante o período em que permaneça inoperante, até o reinício da operação. Deve ainda contemplar as atividades de inspeção, manutenção e reparos dos equipamentos e instalações, visando às ações necessárias para partida da unidade, assim que sair da hibernação: comissionamento, testes de pressão hidrostática e de estanqueidade, condicionamento e pré-operação. Na definição da técnica de hibernação de equipamentos, têm prioridade as instruções emitidas pelo fabricante, que prevalecem sobre qualquer outra recomendação”. César Cassiolato, Presidente & CEO da Vivace Process Instruments Ltda.
 
 
Quando se fala em hibernação, é preciso lembrar que ela vai acontecer em várias indústrias. Além das empresas do setor de petróleo e gás, a Usiminas, por exemplo, deve parar dois altos-fornos. E, quando um alto forno para, é diferente de quando se para uma refinaria; é preciso fazer um bom esgotamento do forno. Cada indústria vai ter suas particularidades, mas monitorar a parada e o ativo é algo importante para qualquer uma.
“Em relação a ativos hibernados, posso falar em relação a terminais de distribuição, onde não se pode parar, em hipótese alguma, os sistemas de combate e prevenção de incêndios, e o sistema de energia elétrica. Estes são fundamentais para garantir uma hibernação segura”, lembra Luís Silberman, diretor da ISA Seção RJ e da Silberman Automação.
 
“Sem dúvidas, a pandemia mudou a forma de pensar em como o monitoramento remoto e equipamentos inteligentes capazes de fornecer informações e diagnósticos podem ser úteis para uma indústria. Com o isolamento social, a maioria das empresas teve de aderir ao home office, para manter a integridade de seus colaboradores e familiares, sendo muitos destes do grupo de risco, e responsáveis por funções onde a presença e controle manual eram indispensáveis, até antes da era Covid-19. Com esses colaboradores trabalhando de suas casas, a demanda por monitoramento remoto e instrumentos com diagnósticos inteligentes de medição aumentou. Em empresas onde esse tipo de monitoramento já existe, as solicitações convergem a atualizações e um grau de monitoramento e disponibilidade mais profundos”, afirma Cassius Barros, supervisor de engenharia de aplicação, Head do grupo PMK da Yokogawa.
“Um fator muito importante no combate ao Covid-19 é a higiene, pessoal e dos objetos com os quais temos contato diário. A boa higiene depende fundamentalmente da água, e este é um recurso cuja demanda cresceu, aumentará ainda mais, e está se tornando cada vez mais escasso. Portanto, monitorar a quantidade e a qualidade desse recurso é fundamental, e não deve ser esquecido”, comenta Arnoldo Anseloni Junior, da Keller no Brasil.
 
“Um fator muito importante no combate ao Covid-19 é a higiene, pessoal e dos objetos com os quais temos contato diário. A boa higiene depende fundamentalmente da água, e este é um recurso cuja demanda cresceu, aumentará ainda mais, e está se tornando cada vez mais escasso. Portanto, monitorar a quantidade e a qualidade desse recurso é fundamental, e não deve ser esquecido”, comenta Arnoldo Anseloni Junior, da Keller no Brasil.
 
De fato, a lista do que precisa ser feito de forma diferente é extensa, e parte das rotinas pode ser feita remotamente, usando nuvem, OPC, etc., neste cenário de Covid-19, que já levou muitas empresas a adotarem ferramentas e serviços que envolvem mobilidade e soluções em nuvem. É um novo mundo, sem esquecer do básico. Já havia projeção de que a indústria caminhava para a digitalização de forma agressiva, ao longo dos próximos anos, mas o Covid-19 parece ter tornado-se um acelerador para isso. Poderosos algoritmos, envolvendo a inteligência artificial, estão surgindo e, com isto, novas formas de produzir e manter a indústria ativa surgirão.
 
“É importante vermos que não é apenas um processo revolucionário, em termos de tecnologia, mas sim uma mudança e adaptação comportamental de todos nós, no que tange a relações humanas e organizacionais. Estamos e passaremos por grandes mudanças. Muitos setores se reinventarão, na forma de produzir e vender”, comenta Cassiolato.
 
“Acredito que quem possui uma instrumentação/automação mais sofisticada sai na frente, pois, necessita de menos intervenção humana, e facilita naturalmente o trabalho remoto. Os instrumentos serão demandados a prover estas informações, de maneira correta e com pouca intervenção humana, aí entram em cena a qualidade do projeto de automação/instrumentação, a qualidade, tanto da instrumentação quanto da implantação da mesma, e também a qualidade das manutenções destes ativos. Nesse cenário do Covid-19, a operação remota é um dos principais fatores, para que a indústria possa rodar. Entendemos que, com a pandemia, as indústrias pensarão em automatizar ainda mais os seus processos industriais, e depender menos de pessoas; assim, em um cenário de médio prazo, projetos de modernização serão mais comuns no mundo. Em tempo de altos estoques, a indústria faz a conta do custo de parada (de uma caldeira / forno / reator), versus o aumento do custo na redução da produção, a um nível mínimo, que mantenha o abastecimento dos estoques com a demanda do mercado; portanto, o monitoramento do estoque passa ser a chave que vai sintonizar a produção”, pondera Eric Tedesco, diretor de produtos da Metroval.
 
“Acredito que as medições de variáveis analógicas, como pressão, nível, vazão, densidade, controle de válvulas etc., continuarão, como temos nos dias de hoje, e empresas, que ainda não adotaram as tecnologias de barramentos digitais de campo, terão de fazê-lo, para poderem dar continuidade aos seus negócios com competitividade, já que precisarão tirar benefícios da tecnologia, e inovar seus processos e operações. Sendo assim, haverá mudanças significativas nos sistemas de controle, supervisão e de tomadas de decisões, fortalecendo as tendências de que as empresas adotarão estratégias de multicloud híbrida, aproveitando a flexibilidade de mover aplicativos de negócios críticos para o ambiente de sua escolha, em nuvem pública, local ou privada. Novas ferramentas automatizadas, como soluções envolvendo inteligência artificial, surgirão, para ajudar a gerenciar essa complexidade de múltiplas nuvens. Essas ferramentas permitirão que as empresas ajustem seus ambientes, colocando as cargas de trabalho certas no lugar certo, controlando custos e gerenciando chaves de segurança e criptografia, de maneira eficaz. Se a segurança já era um tópico de preocupação com o advento da Indústria 4.0, daqui para frente, com certeza, ela será o atributo mais importante dos sistemas de automação e gestão. Veremos o surgimento de mais ferramentas, que podem descobrir insights de segurança, e responder a incidentes mais rapidamente, ajudando a centralizar as operações”, pondera Cassiolato.
 
 
“Equipamentos rotativos, válvulas, sistemas de segurança, dispositivos finais de controle devem ser periodicamente testados, quando uma planta hiberna seus ativos. São checados o monitoramento, através da gestão de ativos, as condições operacionais, virtualização destes sistemas, e instalação de sistemas dedicados para monitoramento porque, com um sistema de monitoramento, é possível utilizar os dados que os equipamentos disponibilizam em nuvem, para análise destes dados e tomadas de decisão. Instrumentos incorporados de diagnósticos avançados são capazes de armazenar e disponibilizar centenas de informações, indispensáveis para operação em uma plataforma, por exemplo. É preciso garantir que não irá ocorrer perda de informações, para que seja possível até mesmo uma análise remota, através da coleta destas informações. Com informações precisas da integridade e medição, é possível adicionar níveis de alarme bem definidos, e disponibilizá-las para um sistema de gestão de ativos, com operação remota. É importante citar que diagnósticos são disponibilizados para que a manutenção deste equipamento seja baseada na condição, e não mais em uma manutenção preventiva, gerando custos operacionais”, conta Cassius.

Uma das grandezas mais importantes, num cenário de hibernação, é a corrosão, porque, sem precauções e monitoramentos adequados, o ativo hibernado pode entrar rapidamente em processo de corrosão. Isso vale para os skids de transferência de custódia, e para os tanques de armazenamento. Nesses últimos, o próprio produto ajuda-o a se manter preservado; a corrosão é uma maior ameaça, quando ele está vazio – o que não é o problema atual, já que a demanda de diesel, gasolina e etanol caiu, de 30% a 50%. A capacidade de armazenamento em tanques deve estar no limite, tanto que existe uma grande quantidade de navios sendo usados como tanque de armazenamento, em todo o mundo. Nunca o sistema de armazenamento foi tão solicitado como agora, com a queda no consumo. E as usinas começaram a moer cana em abril, o que deve levar sua tancagem também ao limite, se o consumo não se restabelecer.

“Acho que nossa capacidade de armazenagem não é boa, e isto ocorre em nível global, não somente no Brasil. Tivemos prova do problema de estocagem, durante a greve dos caminhoneiros, e agora mesmo com a redução das operações das refinarias, a capacidade de armazenamento está no limite – e tudo que está no limite tem seu risco. Além de um problema econômico, com a queda brusca no preço dos barris, existe a preocupação quanto à segurança operacional neste armazenamento, já que, além dos tanques, as empresas do setor começam a estocar petróleo também nas próprias plataformas, e enchendo ao máximo seus oleodutos, tanto os marítimos quanto os terrestres. Além disso, podem armazenar em tanques de terceiros, lembrando sempre que, neste caso, os níveis de monitoramento e segurança devem ser pré-requisitos mandatórios. Sobre as condições reais de segurança deste armazenamento, acho que os técnicos envolvidos nestas operações, pela seriedade do setor, estão atentos aos requisitos mandatórios”
, afirma Cassiolato.

Em tudo na vida, cair é fácil, para retornar, o esforço é dobrado. Para quem trabalha com terminais, é nítido que a demanda vai demorar para retomar. E a tecnologia de medidores de nível por radar, muito usada em todo o mundo para medição fiscal em tanques, vai ajudar a monitorar isso, porque os radares precisam ter precisão para medir esse inventário: o erro de medir errado milímetros, num tanque de 100 metros de diâmetro, é imenso e, com a questão de armazenagem crítica, tudo tem de estar funcionando a pleno.

Na área de vazão, a transferência de custódia aceita algumas tecnologias de automação, e existem vários laboratórios acreditados pela RBC, mas, por incrível que pareça, o Brasil ainda não tem uma legislação adequada para radares, não existe RTM (Regulamento Técnico Metrológico) para medição de nível: para o Inmetro, o que vale até hoje é a medição feita por uma régua/trena! Ou seja, mesmo utilizando radares automatizados, como no Brasil não existe norma que este radar tenha de seguir, ainda que para efeito legal, a medição é feita com a trena – no tanque ou no navio.

“Este novo cenário, com certeza, gerará novos desafios, nas medições de transferência de custódias, assim como em muitos outros. Vale lembrar que a transferência de custódia está sujeita à portaria da Agência Nacional do Petróleo (ANP), e pelo Inmetro, onde se limitam as tecnologias utilizadas. Um outro fator importante na instrumentação utilizada é o custo, que é ainda o grande fator limitante para a utilização de outras tecnologias. Acredito que a ANP e Inmetro estarão atentos ao novo cenário e desafios da medição de transferências de custódia e medições fiscais, e às novas tecnologias e métodos que surgirão. Lembrando que novos métodos e equipamentos deverão atender as regulamentações técnicas metrológicas em vigor”, pondera Cassiolato.

O Inmetro comenta que “Embora exista a Resolução Conjunta ANP/Inmetro nº 1/2013, que permite, tanto o uso da trena, quanto o de sistema automático para medição de nível de petróleo em tanque, o setor ainda não demandou o estabelecimento de Regulamento Técnico Metrológico (RTM) para sistemas automatizados. Caso o setor e as entidades reguladoras entendam que as estações de medição devam ser submetidas ao controle legal pelo Inmetro, a qualquer tempo, podem demandar o Instituto, nesse sentido. Cabe ressaltar que, no estoque de regulamentos do Inmetro, existem duas portarias que tratam do assunto em questão. A Portaria nº 145/1999 regulamenta instrumentos de medição dimensionais, como trena, onde não há citação a sistemas automatizados. Já a Portaria n° 648/2012, que regulamenta as condições para tanques fixos de armazenagem de líquido, há a citação explícita para o uso de trenas manuais: 6.3. As medições de nível de líquido devem ser feitas com trena manual, que possua as características da Classe de Exatidão 2, estabelecidas pelo RTM, aprovado pela Portaria Inmetro nº 145, de 30 de dezembro de 1999.”
 
 
“Uma boa forma de fazer a monitoração, e até mesmo o controle de tancagem, é utilizando a tecnologia de comunicação sem fio ISA100. A tecnologia disponibiliza adaptadores, que extraem as informações, tanto de medição, quanto de inteligência dos instrumentos fiados existentes, e estes podem enviar as informações até a sala de controle, de forma totalmente remota, sem a necessidade de utilização de infraestrutura. Por conta da versatilidade do uso de comunicação wireless, é possível fazer medições temporárias. Isso pode ajudar os profissionais de manutenção a terem uma assertividade maior, intervindo apenas nos equipamentos que realmente necessitam de atenção, ajudando muito em tempos de crise na saúde, como a que vivemos com a Covid-19”, lembra Cassius.

“Muitos funcionários dos terminais estão sendo afetados de alguma forma pela Covid-19. Neste sentido, quanto mais dados automatizados o terminal tiver, melhor será para a operação. Acredito que, após a normalização, diversas cotações serão lançadas no mercado, em função das dificuldades operacionais que estão acontecendo neste período. Os operadores dos terminais vão perceber ainda mais a importância da medição automatizada”, frisa Silberman.

O setor de petróleo conta com uma norma internacional que trata da medição manual de nível, é a ISO 4512 (15 DEZ 2000): Petróleo e produtos líquidos de petróleo – Equipamentos para a medição de níveis de líquido em tanques de armazenagem – Métodos manuais. A fita ou trena de imersão deve ser usada em conjunto com um peso de imersão (dipweight) ou régua, que é enrolada em um tambor dentro de uma estrutura equipada com uma manivela.

Nos portos, a vazão e o nível têm uma relação muito estreita, por conta dessa possível imprecisão de medição dos tanques. Mas, já existem terminais do Brasil que implantaram EMEDs – estações automatizadas de medição –, como o Porto de Paranaguá, o de Pecém, e os que trabalham com LNG, onde o navio descarrega via EMED, e então se verifica se o que ele trouxe está de acordo com o volume descarregado. Essa EMED verifica a vazão, e os instrumentos têm aprovação de modelo, então, o receptor pode contestar o volume descarregado, se estiver incorreto. Mas não são todos os portos que têm essas tecnologias por aqui.

A maioria dos terminais do Brasil descarrega o navio, e tem medidores de nível nos tanques e silos; aí fazem a diferença entre o nível anterior e o atualizado, trabalhando com a medição de nível, não com a medição do volume recebido.

“Existem várias tecnologias para medir nível e fluxo, como radar, sonda de nível, flutuador magnético, ultrassom, placa de orifício, rotâmetro, etc. Uma maneira fácil de detectar vazamentos é usar uma sonda de nível, que pode ser facilmente instalada em um reservatório, para monitorar seu nível, durante um período, quando não houver consumo do produto armazenado. Se houver uma variação no nível do produto, haverá vazamentos”, lembra Arnoldo Anseloni Junior, da Keller Brasil.
 
 
“O primeiro critério, que sugerimos à indústria analisar, é como o produto que está no tanque é vendido. Se você vende o volume ou massa de um tanque inteiro para um cliente, endentemos que um bom sistema de telemetria de tanques deve ser utilizado, e para esta função existem tecnologias para medição de nível e volume, como radares, magnetos restritivos e servos, que podem prover medição de nível e volume, com erros entre 0,5mm e 5mm. Se o seu produto é distribuído/vendido em caminhões, recomendamos as tecnologias de medidores mássicos (quando o faturamento de seu produto é em massa), ou medidores deslocamento positivo, e turbinas, quando o seu produto é faturado em volume. Não esquecer do uso de um computador de vazão e totalização, bem como sensor de temperatura, caso o produto sofra variações de volume, em função da temperatura”, pontua Eric Tedesco.

“As tecnologias para a medição da transferência de custódia já são suficientes, hoje em dia. Acredito que deva ser feito um acerto melhor, para quando surgirem as divergências, entre o que a refinaria diz que forneceu, com o que o terminal afirma que entrou nos tanques. Hoje em dia, isto acontece com frequência, e a refinaria só aceita uma correção se o desvio for muito grande”, afirma Silberman.

“Existem muitas soluções no mercado, disponibilizando um leque de opções aos clientes que, às vezes, não consegue definir qual instrumento, ferramenta ou sistema adotar. Nós recomendamos, sempre, uma análise criteriosa das necessidades de seus processos, para assim definir o equipamento. Acreditamos que o mais relevante é definir se a medição que você precisa é operacional, ou é para controle de estoques interno, ou os equipamentos serão para transferência de custódia. A partir desta definição, a tecnologia, nível de erro aceitável, de acordo com normas, calibração, rangeabilidade e o preço, serão analisados na sequência”, diz o executivo da Metroval.
 
 
“Em todo o mundo, os grandes players buscam otimizar suas performances, aplicando soluções de automação. A Saudi Aramco, por exemplo, é a maior empresa integrada de petróleo e gás do mundo e, ao transferir hidrocarboneto para seus clientes, emprega sistemas de medição de custódia totalmente automatizados, aproveitando as tecnologias de medição de fluxo, reconhecidas pela indústria por seu desempenho confiável e alta precisão. Como a satisfação do cliente é nosso objetivo, colocamos um foco inigualável na validação da precisão da medição, usando sistemas de teste complexos in situ, compatíveis com os padrões internacionais, e certificados por agências reconhecidas internacionalmente”, afirma a empresa, que reconheceu e buscou ativamente oportunidades de implantação de tecnologias inteligentes de medição de vazão, como o caminho a seguir especificamente nas vendas de gás natural e petróleo bruto. No momento, a Saudi Aramco introduziu com sucesso os requisitos de especificação, para facilitar uma implantação mais abrangente de tecnologias inteligentes de autodiagnóstico, como a medição de fluxo baseada em Ultrasonic e Coriolis, além de soluções patenteadas pioneiras, que aproveitam suas capacidades para obter provas digitais, melhorar a precisão, reduzir os requisitos de investimento de capital, e aprimorar a confiabilidade do desempenho.
 
 
“As tecnologias consagradas são medição de nível, através de radar, e vazão, através de uma turbina. Para vazão, os ultrassônicos estão cada vez mais precisos, e são cada vez utilizados. Para evitar vazamentos, acredito que, só colocando sensores de hidrocarbonetos em cada tubulação, ou de Liners dentro dos tanques. Recentemente, usei um sistema de monitoração remota por câmera dentro de uma tubulação. Fizemos um grande levantamento em várias tubulações, sem quebrar nada. Ainda mais quando a tubulação passa por baixo de uma rodovia de grande movimento, no Rio de Janeiro. O cliente ficou muito satisfeito”, conta Silberman.

Para monitoramento de estoques, existem diversas tecnologias já consagradas, também, como Telemetria de tanques (líquidos ou sólidos), RFID, QRCODE, BARCODE, para produtos armazenados em recipientes ou sacos, com volume ou peso conhecido. Estas tecnologias de armazenamento devem estar conectadas com o software de planejamento de recursos de produção, adotando um modelo de produção de um nível mínimo.

“Entendemos que o ideal é que as informações, geradas por equipamentos de produção e estoque, estejam disponíveis na nuvem, para análise da equipe comercial e da equipe produtiva, que sintonizam a demanda de mercado, e conseguem, de forma online, ajustar o modelo matemático de produção. Estamos concluindo o desenvolvimento de um “preset” que, na prática, é um computador de vazão, dotado de interface homem máquina (teclado e display), dedicado para operações de carregamento e descarregamento de líquidos, principalmente combustíveis e produtos químicos. É um produto sofisticado, já que, nas operações de carregamento, é necessário gerir uma grande quantidade de variáveis (mistura de combustíveis, aditivação de combustíveis, temperatura do produto, intertravamento com monitor de aterramento e overfill, entre outras), e que, além de ser certificado para utilização em atmosferas explosivas, deve ser aprovado pelo Inmetro, para operações de transferência de custódia. Esperamos lançar uma versão básica nos próximos meses, e agregar funções, até termos no mercado um equipamento comparável aos melhores existentes no mercado. Com isso, vamos tornar nossa linha de produtos para terminais ainda mais completa, deixando suas soluções ainda mais competitivas”, revela Eric Tedesco.
 
 
 
 
A busca por medições mais precisas, seguras e ambientalmente corretas também faz parte do dia-a-dia da Saudi Aramco, que está atenta a cada novo desenvolvimento emergente em tecnologias de medição de fluxo e nível, e continua liderando a indústria na inovação, exploração, teste e implantação de produtos inovadores para medição de processos, que facilitam a eficiência de desempenho otimizada, além de melhorar a segurança, e reduzir os requisitos de investimento de capital. A Saudi Aramco conta que introduziu, com sucesso, tecnologias de fluxo de sensoriamento inteligente nãointrusivas, como a medição de fluxo de sonar, além de ser pioneira na utilização de instrumentos de nível de radar de onda guiada para gerenciamento de inventário. A empresa também implantou invenções próprias, patenteadas da Saudi Aramco, incluindo o Sound Velocity Dewatering System, uma tecnologia patenteada pela Saudi Aramco que ganhou o prêmio Saudi Arabian King Award, em 2019; e o sistema robótico de calibração de tanque.

Os maiores portos do mundo têm EMEDs para descarga de navios, e os grandes players estão atentos – mas o setor é imenso, ainda há muito o que ser feito.

Um projeto em desenvolvimento no Amazonas, que vai receber navios do exterior, está implementando EMEDs para medir quanto combustível vai ser descarregado, e já vai trabalhar com as melhores práticas do setor, depois de ter visitado plantas no mundo todo. Ter uma EMED no píer, para contabilizar toda a descarga de produto que vai ser importado, era imperativo no projeto.

De maneira geral – e sempre que possível –, os terminais buscam ter várias tecnologias em seus sites, como é o caso da Agro, na ilha Barnabé, por exemplo, onde a tancagem possui instrumentos inteligentes, mas não uma EMED para receber os produtos; então, a empresa compara a descarga, o nível do tanque antes e após a descarga. Para o carregamento de caminhões, a Ageo pode seguir dois caminhos: usa a pesagem do caminhão, ou usa medidores Coriolis – estes últimos já emitem a nota fiscal.

Não é só a questão tecnológica; a quantidade de terminais e capacidade de armazenamento do país ainda é frágil. A BR, maior distribuidora de combustível do país, foi privatizada recentemente, e por muitos anos não investia em tanques, enquanto Ultracargo, Raízen, Ipiranga e outras investiram em novos tanques automatizados. A privatização criou um movimento para aumentar a segurança dos terminais existentes e, de uns três anos para cá, a iniciativa privada construiu terminais. A BR tinha 64 terminais, que estão buscando melhorar sua metrologia, para precisar melhor seu inventário, e deixá-lo mais seguro – imperativo no atual cenário. Em janeiro, o consumo de combustível no Brasil era o mesmo que 2014/15, ou seja, o consumo de combustível já vinha retraindo, mas o país pode não ter capacidade para atender uma demanda maior.

“O Brasil possui capacidade de expansão, com relação ao armazenamento de produção. Observamos a presença de empresas especializadas em tancagem, estocagem, transvase, cujas entradas e saídas são monitoradas por sistemas fiscais e, em alguns casos, sistemas de nível para custódia. Toda tecnologia disponível atualmente abre caminhos para que se tenha um monitoramento confiável, através da disponibilidade de dados, e isso se inicia na instrumentação de campo. Transmissores de vazão, transmissores de pressão e transmissores de nível formam uma cadeia importantíssima, para que essa monitoração aconteça. Hoje, a tecnologia nos mostra que, mais do que nunca, equipamentos inteligentes, capazes de fornecer e alimentar uma IA com dados confiáveis e de grande relevância, não pertencem mais ao passado, são realidade, e tais informações já podem ser disponibilizadas de forma nativa nos equipamentos. Hoje, acompanhamos a transformação no cenário industrial, no qual esses dados são transmitidos e armazenados em ambientes seguros, com políticas de cyber segurança” , diz Cassius.

O setor de armazenamento é crítico, e merece um olhar mais atento nesse cenário de tanques cheios porque, apesar de já utilizar muito monitoramento remoto, existe pouca detecção de chama e detecção de gás, por exemplo, apesar das diversas tecnologias existentes. “A capacidade de armazenamento envolve outras questões. O monitoramento, por exemplo, não é realizado em toda a cadeia de distribuição. Ainda é comum ver o agente medindo o volume no reservatório, através de uma régua. Ainda que seja a norma, para isso, é necessário abrir o reservatório, o que permite que os gases de evaporação se dissipem no ambiente. Essa prática causa sérios danos ao meio ambiente, e também aos agentes.

O ideal é usar equipamentos eletrônicos, que levam os dados para um local remoto, onde o agente pode monitorar o nível dos reservatórios, sem ser exposto a gases tóxicos, e a sonda de nível é o instrumento que se destaca nessa função” , conta Arnoldo Anseloni Junior, da Keller Brasil.

“Hoje em dia, os terminais estão começando a implementar este tipo de central de operação e monitoramento remoto. É uma tecnologia questionada em relação a seu custo x benefício”, lembra Silberman.

“Especialmente, sistemas de segurança para prevenção de acidentes, como vazamentos de produtos tóxicos; o monitoramento do armazenamento desses produtos deve fornecer informações precisas, para que todos os vazamentos sejam identificados imediatamente, e medidas de contenção sejam tomadas. Dessa maneira, desastres ambientais podem ser evitados ou mitigados, e podem até impedir a perda de vidas, por envenenamento. Importante ter equipamentos para monitorar reservatórios, ou que podem detectar vazamentos de produtos tóxicos, de preferência que tenham uma maneira automática de ativar meios in loco para conter esses vazamentos. E o acesso remoto precisa ser garantido, com equipamentos que possuam tecnologia de comunicação remota, como GSM e LoRa, onde mensagens de alerta via FTP, E-MAIL ou SMS podem ser enviadas instantaneamente às autoridades responsáveis pelas ações de combate, previamente determinadas”, ressalta Arnoldo.

“Acho muito importante cada empresa avaliar bem de quem irá comprar os equipamentos. Sempre acreditei que um bom equipamento é aquele que tem Assistência Técnica. Outro item importante a se analisar é que a diferença de preço é muito grande, se você admitir uma precisão menor na medição do nível. Se aceitar até 3 mm, ao invés de até 1 mm, você pode levar dois instrumentos, pelo preço de um. Agora, estou no outro lado da mesa de negociações, e vejo que a ideia que tinha, de que os fornecedores ganhavam muito, está totalmente errada. Seria ótimo não permitir que os departamentos de compra achatem ainda mais os pequenos lucros que os fornecedores têm, hoje em dia. As metas deste departamento nunca devem ser medidas apenas pelo percentual de redução que conseguiram em uma negociação, ainda mais no novo normal que se desenha” , afirma Silberman.

Talvez, as condições do novo normal acelerem uma tendência global, onde a indústria não vai querer fazer o projeto, comprar uma estação de medição, instalar e aquilo passar a ser um ativo seu; ao contrário, as empresas vão passar a buscar quem venda os dados da medição, uma empresa que se encarregue de todo o ativo físico, e garanta a disponibilidade de medição, que garanta a entrega dos dados contabilizados.

Para alguns, isso não está longe de acontecer. As empresas não vão querer mais um ativo, vão querer apenas pagar um feedback mensal ou anual pela informação.

Talvez isso não seja para agora, mas também não é para daqui a 20 anos. Isso já começou a ser discutido e, de fato, já acontece em alguns nichos. A Petrobras, por exemplo, há algum tempo, ao invés de comprar os skids para medir e injetar a quantidade certa de produtos nos poços de petróleo, hoje, só compra o produto químico, e aluga esse skid. Isso é um passo a mais em direção à compra de serviços, também para vazão e nível.
 
 
 
 
 
 
 
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