Revista Controle & Instrumentação Edição nº 241 2018
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Algumas tendências estão convergindo para definir
o setor de saúde: um desafio de valor com demanda
crescente de doenças crônicas de longo prazo,
aumento dos custos, envelhecimento da população e os
sempre limitados recursos. Ainda assim, os investimentos
se centram em RH, instalações e equipamentos idealizados
para resolver necessidades de outra ordem, ou seja,
um sistema centrado no hospital é uma resposta para episódios
sérios que exigem dias ou semanas de cuidados
intensivos para pessoas muito doentes. Mas nunca teve a
intenção – e a capacidade física - de lidar com um número
cada vez maior de pessoas com necessidades crônicas
que requerem tratamento de longo prazo. E, tão importante
quanto, a explosão de conhecimento na área da
saúde: em 2013, estimou-se que o volume de dados relacionados
à saúde havia atingido mais de 4 zettabytes - ou
seja, 4 trilhões de gigabytes - e há aqueles que projetam
essa taxa de crescimento exponencial para alcançar 10
vezes até 2020 e, até mesmo além , para yottabyte (1024)
proporções. E imagine que cerca de 80% dessa informação
não está estruturada, não está em um único banco
de dados o que significa que permanecer atualizado está
além da capacidade de qualquer indivíduo. |
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A utilização de TI para área da saúde vem se acelerando
e o que começou com registros, está se voltando para
produtos que prestam cuidados baseados em histórico e
evidências gerando diagnósticos baseados em resultados
em tempo real. A próxima década deve ver a saúde usar
inteligência artificial, robótica, realidade virtual e aumentada
para fornecer soluções baseadas em evidências e resultados,
de maneira colaborativa e preventiva. A tecnologia digital, conectada, wireless e mobile pode democratizar
o acesso à saúde. E, se para os governos
e classe médica isso é atraente, a disposição
do público de participar de forma mais ativa
em sua própria saúde e bem-estar vem
atingindo massa crítica. Conforme relatou a
Frost & Sullivan na pesquisa de 2016, Care
Anywhere, “a explosão da tecnologia e a
crescente onipresença da Internet das Coisas
está trazendo avanços que estão eliminando as
fronteiras da saúde e possibilitando atendimento em
qualquer lugar e em qualquer lugar. E essa disposição está
se estendendo para as áreas de IA e robótica.
Pode-se dizer que a quarta revolução industrial chegou
à área da saúde, caminha a passos largos, e ainda tem
uma longa estrada, cheia de possibilidades e desafios pela
frente. O processo de transformação resultante da aplicação
de tecnologias ligadas à IoT e à digitalização no universo da
medicina já pode ser percebido, em diferentes graus, por
todos os elos da cadeia da saúde – o que inclui órgãos governamentais,
laboratórios farmacêuticos, hospitais e clínicas,
profissionais da área, pacientes e fornecedores do setor. |
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Os benefícios agregados à área da Saúde pela tecnologia
do século 21 são, talvez, os mais amplos entre todos
os setores, e vão além da otimização no uso dos recursos,
aumento da produtividade, e redução de custos. Em saúde,
a inteligência de dados resultante da IoT permite, por
exemplo, entre muitas outras coisas, rastrear medicamentos
da produção à comercialização (a plataforma digital
brasileira deve entrar em vigor em 2019, segundo a Anvisa);
melhorar a previsibilidade dos tempos de internação
e de consumo de itens e recursos hospitalares; e até
dar maior autonomia a pacientes crônicos, como
os portadores de diabetes tipo 1, que já têm à
disposição aplicativos gratuitos para celular. |
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Luis Gustavo Kiatake, presidente da Sociedade
Brasileira de Informática em Saúde
(SBIS), defende que, “em geral, as novas tecnologias
são melhor utilizadas quando implementadas
em um sistema integrado, que consiga
fazer a informação circular em diversos ambientes.
Precisamos centrar o foco da atenção no paciente, não
só para o tratamento às doenças, como para a promoção
da saúde. Para isso, é importante que todas as informações
acompanhem o paciente em sua jornada de vida, seja no
cotidiano com um gadget medindo suas atividades físicas,
ou acessando o histórico clínico e as informações laboratoriais
em uma emergência. Essa integração ainda apresenta
grandes desafios em todo mundo e ainda mais aqui, no Brasil”
avalia ele. |
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PEP e especialização profissional
Uma das mudanças mais amplas e que vem ocorrendo
em nível global é o PEP – Prontuário Eletrônico do
Paciente (PEP). Trata-se de plataforma on-line que agrega
todos os dados e o histórico médico do paciente, imagens
diagnósticas e exames de laboratório, agilizando o
trabalho do médico, dando-lhe suporte à decisão clínica,
inclusive viabilizando acesso simultâneo por diversas
equipes, ajudando a reduzir erros relacionados a informações
do paciente, melhorando a segurança do atendido
e liberando tempo da equipe assistencial, antes envolvida
com tarefas relativas a prontuários físicos.
O Brasil está próximo de 50% de adoção do PEP.
É o que informa a pesquisa 2017, sobre infraestrutura,
disponibilidade das TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação),
e de aplicações baseadas em TICs nos estabelecimentos
de saúde no país. A pesquisa foi realizada
pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento
da Sociedade da Informação (Cetic.br). Já nos EUA,
a adoção está em 95% (conforme dados disponíveis em
https://dashboard.healthit.gov/quickstats/pages/certifiedelectronic-
health-record-technology-in-hospitals.php). |
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Segundo Eduardo Cordioli, gerente-médico
da área de Telemedicina do Hospital Israelita Albert
Einstein, países como EUA, Inglaterra, Japão
e Alemanha são bastante conservadores
na adoção de novas tecnologias de comunicação
e informação em saúde. “Sistemas
de prontuário eletrônico, gestão hospitalar e
telemedicina ainda não são universais nesses
países e, em muitos casos, incipientes. A Coreia
do Sul, com a maior banda larga de internet do
planeta, ainda não faz telemedicina direta ao paciente.
A adoção de novas tecnologias em saúde é muito mais
lenta que em outros campos, por razões que muitas vezes
envolvem questões culturais, aspectos legais, normativos e
interesses locais”, avalia. |
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Qualificação |
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O outro lado dessa mudança é que o uso
intensivo de novas tecnologias está tirando os
dados de dentro do “aconchego” dos arquivos
físicos de consultórios, laboratórios
e hospitais, e levando-os para a nuvem.
Raphael Gordilho, médico e Head de Customer
Experience da Unidade de Saúde da
UBM Brazil, organizadora da Feira Hospitalar,
opina que tem contribuído para uma
mudança de mentalidade na área de Saúde a
entrada, no setor, de profissionais de áreas como telecom
e bancos, “onde a dinâmica de ‘ir para a nuvem’ é
mais natural e já está mais consolidada e desenvolvida”,
avalia ele. “A grande preocupação é quanto à segurança
da informação e sua vulnerabilidade, algo com que as
instituições de Saúde do Brasil ainda estão começando
a se preocupar, uma vez que também temos sofrido ataques”,
destaca. |
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Sobre a mão-de-obra para atuar no ambiente de
Saúde 4.0, Kiatake lembra que o perfil profissional deve
ser “multidisciplinar, necessitando de conhecimentos, tanto
da área de saúde, quanto de tecnologia, o que não é
trivial de se encontrar.” Nesse sentido, a SBIS desenvolveu
algumas estratégias:
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- proTICS – Programa de Profissionalização em Tecnologia
da Informação e Comunicação em Saúde, para
orientar as instituições de capacitação profissional
com as áreas e conteúdo envolvidos;
- cpTICS – certificação profissional do Informata em
Saúde, voltada a profissionais da medicina, enfermagem,
biomedicina, computação, engenharia, administração,
entre outros;
- fomento dos cursos de graduação, pós-graduação e
residência médica em Informática em Saúde, registro
desta área no CBO-S (Classificação Brasileira de Ocupações,
S correspondendo a Saúde) e em órgãos como
CAPES/CNPQ, de forma a estruturar o ciclo completo
de formação profissional.
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Alavanca digital |
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“A digitalização de dados
alavanca as receitas e, consequentemente,
o equilíbrio
receita/custos fica
otimizado”, afirma Lilian
Quintal Hoffmann, superintendente-
executiva
de Tecnologia da Informação
da BP (A Beneficência Portuguesa
de São Paulo). E ela exemplifica como a IoT
impacta as contas de forma positiva: “A própria adoção
do PEP, além da óbvia economia de papel, traz ganhos
adjacentes, como a disponibilidade imediata do dado, o
que desobriga as instituições de manter grandes times para
o gerenciamento de prontuários físicos. Machine learning
e inteligência artificial já são utilizados na BP, para
“responder à necessidade de exploração e uso
dos dados contidos nos PEPs”. E como isso
é feito? Hoffmann explica que, a partir das
evoluções clínicas registradas em formato
de texto pelos médicos no PEP, o processamento
de linguagem natural e o aprendizado
de máquina “ensinam” a plataforma de
IA IBM Watson a identificar comorbidades e
a revelar informações ricas e de grande utilidade
para a instituição. |
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A telemedicina realizada por videoconferência já é
bastante comum nos EUA e Europa, porém, ainda é pouco
praticada no Brasil. A legislação brasileira não impede
a prática do atendimento médico à distância. No entanto,
a telemedicina ainda não é devidamente regulamentada
pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O Hospital Israelita
Albert Einstein vem trabalhando com telemedicina
offshore, desde 2014. |
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“Desde então, já atendemos mais de 2.500 pacientes
via videoconferência em ambiente offshore. O custo do
serviço chega a ser inferior a 10% do custo de um profissioControle
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nal médico embarcado, sendo que, nesse período, não
foi observado nenhum evento adverso. A taxa de
desembarques não programados por questões
de saúde caiu, de uma média de 15% dos
atendimentos, para menos de 10%, e o nível
de satisfação, tanto dos pacientes, como
dos profissionais de saúde embarcados, é
bastante elevado”, informa Cordioli. |
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O médico Ivan Drummond, CEO da International
SOS no Brasil, afirma que a telemedicina
não é uma simples videoconferência: “Com
a telemedicina, profissionais de saúde de todos os níveis
e pacientes em localidades remotas sem nenhuma estrutura
médica podem ter acesso a especialistas em grandes centros
médicos, além da possibilidade, graças a novas tecnologias,
de diagnósticos complexos em locações remotas, feitos por
especialistas nas mais diversas áreas de atuação”. |
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No Brasil, a International SOS atua em plataformas
em alto mar e em instalações em locais de difícil acesso
de empresas de outros segmentos. “O feedback dos
pacientes tem sido excepcional”, afirma. No entanto, “a
burocracia do Brasil muitas vezes dificulta a velocidade
do avanço de novas tecnologias”, opina. Segundo ele, o
maior desafio para o desenvolvimento da Saúde 4.0 “é
entender as novas tecnologias na prática médica e como
usufruir dela em benéfico do paciente”.
A equipe do Dr. Ivan já atua nos segmentos de gás
natural, agronegócios, sísmica em locações remotas, linhas
de transmissão de energia, além de aviação comercial
local e internacional.
Desafios
A área de Saúde já se deu conta da importância de
inserir as novas tecnologias em seus processos. Aplicações
de IoT são amplamente utilizadas em hospitais, tanto nas
funções administrativas quanto nas assistenciais, “seja
para avaliar o desempenho de tempo nos processos de
atendimento, rastrear equipes clínicas internas e acionar
as mais próximas em caso de emergência, configurar o posicionamento
das camas hospitalares, conforme a prescrição
médica, e até para estimular a lavagem de mãos, entre
tantas outras possibilidades”, enumera, Hoffmann. Ela
ressalta, porém, que “o desafio brasileiro ainda é grande,
principalmente os relacionados a investimento e gestão.
Quando falamos em monitoramento de pacientes crônicos,
por exemplo, coletar dados é a menor parte do processo.
Tratá-los, construir algoritmos, identificar desvios,
manter equipe para pronto-atendimento são atividades
que exigem mudanças em processos, na capacitação de
pessoas, no modelo de negócio”, avalia Hoffmann.
Outro grande desafio está ligado à saúde pública.
Com um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo,
há gargalos crônicos, como demora para agendamento
de consultas e exames básicos, falta de hospitais para atender
regiões mais remotas, e déficit de leitos em UTIs. A
tecnologia disponível, hoje, já permite atacar alguns desses
problemas, mas, “antes da tecnologia, parcerias públicoprivadas
podem ser extremamente eficientes”, avalia
Gordilho, da UBM Brazil. Segundo ele, “algo que
também precisa ser facilitado é a maneira de fazer
negócios com o governo. Muitas startups
e empresas de tecnologia são desencorajadas
por seus investidores, conselheiros e mentores
a fazer negócios com o setor público por três
grandes motivos: dificuldade de concretizar o
negócio, corrupção e pagamentos”. |
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Saúde na palma da mão
O desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis
é um dos grandes nichos de mercado, sobretudo para
startups de tecnologia, e novidades estão sempre surgindo,
também na área de medicina e saúde. A oferta já é vasta,
com grande parte dos apps oferecidos gratuitamente para
plataformas Android e IOS. Como o Consulta do Bem, que
permite escolher um médico, entre milhares já cadastrados,
agendar consulta a um preço máximo pré-estabelecido,
acessar o perfil profissional do médico e o mapa de como
chegar ao consultório. Também já existem, há alguns anos,
apps para smartphones que monitoram atividades cotidianas
de grande impacto na saúde do indivíduo, como nível
de atividade física e alimentação. É possível, também, controlar
a frequência cardíaca via telefone celular, e até fazer
um eletrocardiograma com ele, graças ao aplicativo europeu
chamado de CardioSecur, e um conjunto de eletrodos
adaptados para a entrada dos fones de ouvido. Outro app,
este desenvolvido aqui no Brasil, é o Glic, que registra as medições
dos índices de açúcar no sangue do paciente, bem
como os alimentos consumidos por refeição. A combinação
desses dados permite ao paciente ajustar a dose do medicamento.
O acompanhamento pode ser compartilhado com
o médico e o nutricionista, e há funcionalidades para cuidadores,
voltadas a garantir a segurança de pacientes idosos e
crianças com diabetes, quanto à alimentação, medicação e
procedimentos emergenciais. Segundo Gordilho, nos EUA,
há startups atacando, inclusive, a questão do uso de animais
como cobaias, e tendo sucesso. “Acredito que, com o avanço
da tecnologia, principalmente do Big Data, Analytics, computação
preditiva, computação quântica e inteligência artificial,
poderemos avaliar mudanças como essa”, opina ele.
Plataformas on-line também vêm contribuindo com a área da saúde, de forma prática e gratuita. É o caso da Receita
Segura – que reúne todas as receitas, médicos, pacientes
e rede credenciada (farmácias e laboratórios) e garante prescrição
segura e legível de medicamentos, sem que o pessoal
das farmácias precise “decifrar” receituários com “letra de
médico”, o que pode colocar em risco a prescrição e o tratamento.
No entanto, talvez mais rápido do que possamos
imaginar, deixaremos de usar o tipo de medicamento fabricado
em grandes lotes, e passaremos a usar fórmulas individualizadas
de acordo com o perfil genômico de cada um.
Enquanto isso não acontece, é surpreendente descobrir os
resultados já disponíveis da intensa colaboração das tecnologias
disruptivas na área da Saúde, e o imenso potencial por
desenvolver – bem como os desafios a serem superados. |
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O estudo “What doctor? Why AI and robotics Will
define New Health” da PwC, foi baseado em entrevistas
com cerca de 11 mil pessoas de 12 países da Europa, África
e Oriente Médio e mais da metade dos participantes
(55%) declararam estar dispostos a serem atendidos por
robôs com inteligência artificial, capazes de responder
dúvidas sobre saúde, realizar testes, diagnosticar doenças
e recomendar tratamentos.
Mesmo no caso de cirurgias mais complexas, verificouse
que boa parte de quem respondeu estaria disposta a se
submeter a procedimentos comandados por robôs (69%
dos entrevistados na Nigéria, 40% na Holanda e 27% no
Reino Unido). Entre as motivações que levariam as pessoas
a confiar os cuidados com a saúde à inteligência artificial,
destacam-se a chance de obter um acesso mais rápido e
fácil a serviços de saúde (36%) e a velocidade e exatidão de
diagnósticos (33%). Falta de confiança na capacidade de
tomar decisão dos robôs (47%) e falta de contato humano
(41%) foram as principais razões citadas por quem não se
submeteria a tratamentos comandados por robôs.
O robô faz
A italiana Sinteco desenvolveu solução robótica para
gestão de medicamentos em doses unitárias, permitindo um
processo integrado de dispensação mais ágil e seguro, que
permite a melhoria da logística hospitalar, aumentando a
qualidade e a segurança do paciente, reduzindo o desperdício
e permitindo a rastreabilidade total dos produtos, desde
o recebimento até o beira-leito. De acordo com a empresa,
a integração de processos, por meio da robotização, traz
também excelência e economia nos serviços dos hospitais,
reduzindo em até 50% o tempo de separação dos medicamentos,
comparado a um processo manual. Esse ganho de
produtividade colabora para a melhoria contínua do fluxo
logístico (Lean Service) e permite reduzir as ações de retrabalho.
Um exemplo é a gestão de devoluções de medicamentos,
cuja taxa de retorno, em processos manuais, chega a ser
de 10% a 15% sobre o volume distribuído. Com o sistema
automatizado, essa taxa pode ficar abaixo de 5%.
Sem efeitos colaterais
Realidade virtual, inteligência artificial e realidade aumentada
são tecnologias essenciais para o desenvolvimento
de novos tratamentos, e permitirão individualizar cada vez
mais as ações terapêuticas. No final de outubro, a USP anunciou
verba de R$ 1 milhão para novas pesquisas que usem
recursos de inteligência artificial, ou aprendizado de máquina,
em áreas como medicina de precisão e planejamento de
fármacos, entre outras de interesse da universidade. E é em
pacientes com osteoartrite de joelho do Hospital das Clínicas
da USP que já está em teste um tratamento digital contra
dores agudas e crônicas, chamado de fotobiomodulação. O
projeto, desenvolvido na startup Bright, com financiamento
da Pipe (Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas) e da
Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São
Paulo), possibilita personalizar a dosimetria da luz de acordo
com o tipo de dor e as características de cada paciente,
como cor da pele, por exemplo, uma vez que as partículas
de luz são absorvidas de forma variada conforme a quantidade
de melanina. Com o envelhecimento da população,
tratamentos como esse serão cada vez mais necessários. |
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E também dores emocionais podem se valer da tecnologia,
neste caso, de realidade virtual, em sua abordagem
terapêutica. O Instituto de Psiquiatria, do mesmo Hospital
das Clínicas, criou um novo tratamento para fobia social –
transtorno de ansiedade que afeta 13% da população brasileira,
segundo estimativas apresentadas, em 2017, pelo
Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Um aplicativo chamado
de Socialfobia simula, com uso de realidade virtual em
3D, as situações mais temidas pelos pacientes. Aplicado
por profissionais em consultórios, de forma repetida e gradual, a técnica expõe o paciente a situações estressantes
sem constrangê-lo, e já apresenta resultados positivos: em
média, 75% da ansiedade social dos pacientes submetidos
ao novo tratamento foi reduzida. Outra novidade é que,
em novembro, o Conselho Federal de Psicologia regulamentou
o atendimento psicoterapêutico à distância por
tempo indeterminado – até então, o tratamento on-line
poderia se estender, no máximo, a até 20 sessões. Além
de tornar a psicoterapia mais acessível em termos de custo,
a tecnologia facilitará o acesso a esse tipo de serviço às
pessoas que moram em localidades onde não há consultórios.
E também os moradores de grandes centros urbanos
poderão fazer terapia, sem ter que enfrentar o trânsito do
deslocamento até o consultório do terapeuta.
IoT nas prateleiras
Para atender à exigência da Anvisa – Agência Nacional
de Vigilância Sanitária, as farmácias de todo o país precisam
ter e manter dados coletados várias vezes ao dia, relativos à
temperatura e a umidade dos medicamentos comercializados.
O objetivo é garantir a qualidade dos
remédios durante sua permanência nas prateleiras
do varejo. Ainda hoje, esses apontamentos
são feitos manualmente nos sensores
das farmácias. Em parceria com Fibo Pharma,
Sierra Wireless, Bunker, e usando a plataforma
Konker de IoT open source, a Embratel está
desenvolvendo sistema que monitora automaticamente
esses dados, nas 24 horas dos 365 dias
do ano. Outro desenvolvimento da Embratel com esses
parceiros é um conservador de vacinas conectado, do tipo
plug-and-play, cujo sistema de controle fará monitoramento
contínuo de temperatura e umidade, e será capaz de sinalizar
defeitos de funcionamento, porta aberta e interrupção
no fornecimento de energia elétrica, por exemplo. Ambos os
sistemas permitirão melhor controle da qualidade da estocagem,
respostas mais rápidas a falhas em equipamentos de
controle de temperatura e umidade, e redução de custos relativos
a descarte de produtos de alto valor agregado, como
medicamentos e vacinas. Usarão padrão de comunicação
NB-IOT – Cat-M1, que pode conectar um grande número
de sensores a um custo baixo. A solução é “plug-and-play”,
sendo que o cliente precisa apenas ligar o equipamento na
tomada para ter acesso imediato aos dados gerados. Os projetos
utilizam tags, equipadas com sensores de temperatura
e umidade, que transmitem as informações, por meio de
uma rede mesh local, para um gateway de comunicação
localizado na farmácia.
A Plataforma Konker é utilizada nos contextos da
aplicação da Embratel como um habilitador, de modo
que ambas as soluções (farmácias e vacinas) pudessem
ser criadas de forma mais rápida além de estarem prontas
para serem altamente escaláveis.
Todos os dados coletados pelos diferentes tipos de
sensores são enviados para a Plataforma Konker na nuvem,
que armazena e analisa esses dados e envia para aplicação.
Tudo isso é feito de forma segura e protegendo a privacidade
dos dados, uma vez que todos os dispositivos registrados
têm criptografia própria, que protege a solução como um
todo em caso de problemas com apenas um dispositivo.
Além disso todas as tecnologias utilizadas no desenvolvimento
da Plataforma Konker são amplamente utilizadas no
mercado, o que facilita a integração dos dados com os mais
diversos tipos de sistema. |
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Mas o uso da NB-IoT pela Embratel não deve
ser entendido como a falta de uma infraestrutura
confiável em 4G e 5G. Elisabete Couto, Diretora
de IoT da Embratel explica que são redes complementares,
que atendem demandas específicas.
“A tecnologia NB-IoT, que funciona sobre
a rede celular 4G, é voltada a comunicações de
baixo volume de dados, com maior latência. É
indicada para aplicações como essa, de telemetria
e monitoração de ambientes sensoreados (energia
elétrica, temperatura, umidade, etc). O apelo é a tendência
de menor custo, tanto no preço dos dispositivos, quanto
no plano mensal de dados. Já as tecnologias 4G tradicional
e 5G são voltadas para comunicações que exigem grandes
volumes de dados, e em alguns casos, exigem baixa latência,
como monitoramento de vídeo, carros autônomos, cirurgias a
distância, etc. Como contrapartida, possuem alto valor tanto
de equipamentos, quanto de plano mensal de dados”. |
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A NOVUS já tem uma solução
perfeita para o transporte de fármacos,
vacinas e hemoderivados, a
Stabilis, uma caixa térmica equipada
com um termômetro datalogger
com visor LCD, capaz de manter a
temperatura entre 2 e 8 °C por até 48 horas, registrando
continuamente os dados em memória e emitindo um alerta
quando o nível crítico é ultrapassado. Com um simples
apertar de botão, é possível acessar rapidamente informações
como a temperatura mínima e
máxima atingida no visor, e graças
à comunicação wireless com NFC,
é possível verificar todos os registros
de temperatura durante o transporte.
Os dados podem ser armazenados
em nuvem e ser acessados de qualquer lugar e a qualquer
momento. A caixa térmica está disponível em diversos tamanhos
que vão de 5L a 45L, e possui alça para transporte
que pode ser utilizada como trava na tampa. |
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A tecnologia NB-IoT funciona em espectro de frequência
licenciado e aproveita toda a infraestrutura de rede
4G já implantada pelas operadoras de telefonia celular,
ou seja, o processo de upgrade é bastante otimizado e os
custos tendem a ser diluídos, uma vez que se faz o melhor
aproveitamento da rede. Já a tecnologia LoRa, funciona
em espectro de frequência não licenciado e pode ser
montada como uma rede privada, trazendo toda a responsabilidade de operação e manutenção para a empresa
que constrói tal rede, ou por meio de uma operadora
de sinal LoRa, ainda em fase bastante inicial no Brasil, o
que aponta para uma restrição de cobertura importante.
Já as tags utilizadas no projeto de farmácia conectada
são sensores wireless de temperatura e umidade, que enviam
suas medições para um gateway local (um por farmácia),
que, por sua vez, encaminham os dados para a aplicação na
Nuvem, por meio da conexão NB-IoT. Por regulamentação,
todas as farmácias já são obrigadas a registrar a temperatura
e umidade das lojas algumas vezes ao dia. Porém, hoje, esse
procedimento é realizado de forma manual, com a da leitura
de dispositivos com display e anotação dos valores em
planilhas, que são guardadas para apresentação aos fiscais
em eventos aleatórios de fiscalização.
O que o projeto propõe é a automatização desse processo,
incluindo alertas e notificações em caso de condições
previamente definidas (temperatura e/ou umidade elevadas,
etc), lembretes sobre as datas de calibração dos dispositivos,
etc. Com isso, os riscos relacionados às multas por descumprimento
das anotações obrigatórias são bastante reduzidos,
bem como os erros de leitura, além do aumento da frequência
de medições. E o mesmo sistema pode ser implementado
em conservadores de vacinas e outros medicamentos
especiais, garantindo a qualidade do produto.
“O processo de desenvolvimento de soluções de
IoT na Embratel acontece em várias etapas com empresas
parceiras até chegar a uma solução ideal para o cliente.
Por isso, estamos seguros que as ofertas da Embratel são
as melhores do mercado”, diz Elisabete.
Segundo a executiva, somente com esse formato é possível
trabalhar nas quatro camadas da Internet das Coisas – dispositivos,
conexão, integração e aplicações – e atender integralmente
às demandas dos clientes. E, com essa abordagem,
os clientes conseguem eliminar etapas custosas de instalação
de infraestrutura de rede ou WiFi e reduzir o tempo da equipe
necessária para monitorar o equipamento, melhorando
a qualidade da atividade e minimizado o risco de descarte
necessário em produtos de alto valor agregado como vacinas.
O conservador com a tecnologia embarcada está em fase de
ensaios para certificação ANATEL e INMETRO. Uma vez certificado,
as farmácias poderão dispensar registros manuais de
temperatura e umidade, tornando a sua relação com o órgão
regulador mais previsível e menos onerosa.
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A interseção entre medicina e tecnologia está deixando
de ser coisa de filme e, ainda que usemos os termos
técnicos dessa área de maneira inconsistente, telesaúde e
telemedicina já são vistos com mais frequência.
O termo telessaúde inclui uma ampla gama de tecnologias
e serviços para fornecer atendimento ao paciente e melhorar
o sistema de prestação de cuidados de saúde como
um todo. É diferente da telemedicina, porque se refere a um
escopo mais amplo de serviços de saúde remotos. Embora
a telemedicina se refira especificamente a serviços clínicos
remotos, a telessaúde pode se referir a serviços não clínicos
remotos, como treinamento de provedores, reuniões administrativas
e educação médica continuada, além de serviços
clínicos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde,
telessaúde inclui: vigilância, promoção da
saúde e funções de saúde pública, sendo um
subconjunto da e-Saúde, que inclui a entrega
de informações de saúde, para profissionais de
saúde e consumidores de saúde, educação e
treinamento de trabalhadores de saúde e gerenciamento
de sistemas de saúde através da
Internet e telecomunicações. A telemedicina é
um subconjunto da telessaúde que se refere exclusivamente
à prestação de serviços de saúde e educação à distância,
através do uso de tecnologia de telecomunicações. A telemedicina
envolve o uso de comunicações eletrônicas e software
para fornecer serviços clínicos a pacientes sem uma visita
presencial.
E, no Brasil, esse segmento que mistura tecnologia,
saúde e políticas públicas vem tomando forma há mais de
uma década. A Rute – Rede Universitária de Telemedicina,
por exemplo, é considerada a maior iniciativa em telemedicina
e telessaúde do mundo. Criada em 2006, e coordenada
pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), conecta
124 universidades e hospitais no Brasil. A Rede Universitária
de Telemedicina é uma iniciativa do Ministério da Ciência
e Tecnologia, apoiada pela Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep) e pela Associação Brasileira de Hospitais
Universitários (Abrahue).
A RTE dispõe da infraestrutura de alta capacidade do
backbone nacional da RNP, a rede Ipê, e das Redes Comunitárias
Metropolitanas de Educação e Pesquisa (Redecomep).
Essa iniciativa complementa o esforço coordenado de prover
uma infraestrutura fim-a-fim, adequada ao uso de aplicações
avançadas de rede. Através do link da RNP com a Rede Clara
(Cooperação Latino-Americana de Redes Avançadas), as instituições
participantes contam com a colaboração de redesparceiras
na América Latina, Europa, Japão, Austrália e nos
Estados Unidos.
A Rute possibilita, em um primeiro
momento, a utilização de aplicativos que
demandam mais recursos de rede e o compartilhamento
dos dados dos serviços de telemedicina
dos hospitais universitários e instituições
de ensino e pesquisa, participantes da
iniciativa. Em um segundo momento, a Rute
leva os serviços desenvolvidos nos hospitais universitários do
país a profissionais que se encontram em cidades distantes,
por meio do compartilhamento de arquivos de prontuários,
consultas, exames e segunda opinião.
O Programa Rede Nacional de Telessaúde do Ministério
da Saúde (MS) visa a melhorar a qualidade do atendimento
e atenção básica no SUS – Sistema Único de Saúde,
por meio de ferramentas de TIC, que possibilitam a promoção
de tela assistência e tele-educação. Conta com 55
Grupos de Interesse Especial (SIGs), em diversas especialidades
de saúde, que se reúnem para discutir casos clínicos
e trocar experiências e saberes. |
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