Revista Controle & Instrumentação Edição nº 228 2017
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Eficiência energética
baseada em tecnologia |
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A Agência Internacional de Energia - AIE afirma
que os motores elétricos representam 45% do
consumo de eletricidade em todo o mundo.
Ela afirma também que com modelos mais eficientes,
seria possível economizar de 20% a 30% de energia.
Vale a pena investir porque os resultados extrapolam
o óbvio e atingem a sustentabilidade do planeta.
Por isso, para aumentar a eficiência dos motores
elétricos, governos de todo o mundo introduziram os
Padrões Mínimos de Desempenho Energético (MEPS),
que estabelecem níveis obrigatórios de eficiência
energética mínima para motores – aqui no Brasil a
Aneel estimulou a troca de vários equipamentos para
versões mais eficientes, incluindo motores industriais.
Nesse contexto, o IEC estabeleceu quatro classes
de eficiência energética para motores dentro da
IEC 60034-30-1: IE1 para eficiência padrão, IE2 de
alta eficiência, IE3 eficiência Premium e IE4 eficiência
Super Premium. Também produziu a IEC 60034-2-
1 para testar motores elétricos. Mas processos e
requisitos de testes e verificações variam de
país para país. Então, a melhor maneira de
inspirar confiança é aplicar padrões internacionais
harmonizados. Para garantir
essa eficiência, o IECEE, Sistema de
Avaliação da Conformidade da IEC para
Equipamentos e Componentes Eletrotécnicos,
desenvolveu o Programa Global de
Eficiência Energética do Motor (GMEE).
Em 2016, um membro do Comitê Consultivo
em Eficiência Energética do IEC apresentou uma
abordagem em que sistemas de gerenciamento de
eficiência energética poderiam, suportados por normas
IEC, levar a melhores resultados nas indústrias.
E usou um caso de indústria automotiva que apesar
de ter otimizado seus processos de fabricação, ainda
notava desperdício de energia, mas que, ao combinar
usinagem, limpeza e geração de vapor em um único
sistema, conseguiu reduzir o consumo de energia em
80% - incluindo a substituição de uma caldeira por
um permutador de calor. O estudo de caso mostrou
que a substituição de equipamentos em combinação
com mudanças drásticas nos processos pode levar a
maior eficiência. Essa experiência fez com que o próprio
IEC começasse a sugerir que seus comitês trabalhassem
em conjunto para gerarem um conhecimento
mais completo – que deve ser divulgado através de
guias.
Na prática, além de trocar motores antigos por
novos mais eficientes, o que pode ser feito quando se
tem muitos motores? Próximo passo, manter motores
– e todos os equipamentos – trabalhando de forma
otimizada. Para isso, é preciso um controle avançado
aplicado para manter a queima de combustíveis otimizada
e escolher uma solução dentro do arsenal de
softwares à disposição no mercado. Então, pode-se
aplicar essa solução em todos os motores ou apenas
numa parte deles. E necessariamente incluir aí as
turbinas existentes para que o software possa avaliar
em qual momento a carga deve consumir energia
turbinada ou motorizada e fazer esse chaveamento,
otimizando o uso de vapor e energia.
A solução deve monitorar também as emissões a
partir dos dados do modelo energético da planta
– o que ela faz a partir da informação sobre
quais combustíveis serão consumidos e dessa
forma contabilizar os gases e resíduos
gerados: manter o sistema otimizado é
importante para que ele não exceda os
limites legais de emissões e se enquadre
nos padrões ISO 50001! |
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Jorge Pinto, responsável pela área de Soluções Avançadas da Yokogawa no Brasil - que levanta oportunidades de melhoria de desempenho de forma geral nas plantas, identificando gargalos e “gaps” de eficiência e propondo a solução mais adequada no sentido de saná-los, implementando- as e mantendo-as ao longo do seu ciclo de vida. Comenta que, atualmente dois clientes, num total de quatro plantas, já estão colhendo os benefícios desse tipo de solução no Brasil. |
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A área de Soluções Avançadas da Yokogawa no
Brasil foi criada em 2008 e agora, com a aquisição de
empresas de importantes como KBC e Soteica, esta
última incorporada à primeira, reforça seu portfólio
de soluções com o software Visual MESA, ferramenta
de monitoramento, gerenciamento e otimização de
energia, que atua diretamente com o sistema de utilidades da planta, seja vapor, energia elétrica, combustíveis,
água e emissões de gases de combustão.
“O foco das empresas vem se deslocando fortemente
no sentido do uso mais eficiente de energia,
com o objetivo de aumentar a competividade e reduzir
seus custos operacionais. Nesse sentido, a utilização de
ferramentas de gerenciamento e otimização em tempo
real são de fundamental importância para a minimização
do custo energético da planta. De acordo com
esta demanda, a Yokogawa disponibiliza ao mercado
o Visual MESA, que roda num servidor à parte, interagindo
com os sistemas de controle ou conectado ao
historiador da planta (PI, Exaquantum, Infoplus, etc.)
através de interface OPC. Ressalto que todos os pacotes
utilizados pela Yokogawa nas soluções avançadas
trabalham com todas as plataformas de controle, tendo
mais casos com sistemas de concorrentes no Brasil que
com seus próprios sistemas”.
É uma tendência a utilização desse tipo de solução,
especialmente nas plantas de processo com
uso intensivo de energia, como indústrias químicas,
petroquímicas, refino, etanol, celulose e siderurgia.
Um cenário que potencializa os ganhos com a utilização
desse tipo de solução é aquele em que a planta
é consumidora e ao mesmo tempo fornecedora de
energia às concessionárias, determinando em tempo
real o perfil de geração/consumo de energia na sua
interação com a concessionária, com o objetivo minimizar
os custos de energia da planta. Numa planta
de etanol, por exemplo, isso se torna especialmente
interessante porque as usinas continuam a ter receita
vendendo energia depois da safra, com a usina já parada.
É um grande negócio, tanto que cerca de 17%
da energia consumida no país vem dessa fonte – e
isso poderia aumentar se o setor tivesse acesso ao grid
nacional. |
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Ao escolher um pacote para otimização e gerenciamento
de utilidades industriais é preciso atentar
para que lide com sistema de utilidades da planta (vapor,
emissões, combustíveis, condensados, água, energia,
etc). É desejável que ele atue nos diferentes níveis
de pressão e monitore o desempenho de cada componente,
como por exemplo, em caldeiras – ele deve
monitorar o desempenho de cada caldeira, determinar
qual a melhor distribuição de carga em função
do desempenho de cada uma em cada momento, mas
também indicar através dos KPIs, o nível de comprometimento
de eficiência energética de cada uma de
tal forma que mantenha o sistema otimizado mesmo
com baixo desempenho de cada componente, ou seja, mantenha a planta no seu melhor.
“O Visual MESA está sempre otimizando o sistema,
independe do quadro de deterioração da planta.
A ferramenta possui duas modalidades de implementação:
em malha aberta ou fechada. Na primeira indica
ao operador os set points a serem manualmente estabelecidos
para as variáveis de otimização; em malha
fechada, ele envia ao sistema de controle os set points
para cada variável otimizável. A redução de custo de
energia, tipicamente, com a implantação da solução
pode variar de 3% a 8% em malha aberta e de 6% a
15% em malha fechada. Adicionalmente, através do
monitoramento de eficiência do sistema, utilizando-se
os KPIs de energia, entre 1% e 3%”, comenta Jorge.
É desejável também que o software escolhido incorpore
os contratos de fornecimento de insumos –
combustíveis, água, energia, etc. – para que de fato se
consiga, a cada ciclo de otimização, detectar qual a situação
de menor custo de energia da planta. É preciso
incorporar à ferramenta escolhida todos os contratos e
suas sazonalidades. Bons exemplos são as variações ao
longo do dia dos diferentes custos de energia elétrica e
períodos de seca onde a energia é mais cara em geral;
tudo vai para o software para decidir qual a configuração
ideal – do ponto de vista energético – do modelo
de massa de energia da planta.
“O Visual MESA é um simulador baseado em modelos
rigorosos do sistema de utilidades. Em primeiro
lugar, executa o balanço de massa e energia da planta e,
a seguir, roda seu ciclo de otimização. É amigável na sua
configuração, na geração dos modelos. Em geral, basta
parametrizar-se os modelos pré-existentes de equipamentos
– caldeiras, trocadores de calor, turbinas, geradores,
motores, etc. – e incorporar as curvas de cada um
deles. Além disso a ferramenta incorpora todos os contratos
de fornecimento de para que possa, a cada ciclo
de fechamento do balanço de massa e energia da planta
e posterior ciclo de otimização, detectar qual a situação
de menor custo de energia da mesma”, afirma Jorge.
O que pode acontecer eventualmente é que o
usuário não quer – ou não pode – fazer um projeto de
otimização completo. Mas os softwares à disposição no
mercado possibilitam essas melhorias por partes oferecendo
suítes só de monitoração ou gerenciamento
do sistema de energia. Porque, com certeza, os usuários
buscam saber como está o sistema como um todo,
quer auditar e monitorar, saber o que está com baixo
desempenho, o que precisa priorizar.
Vale lembrar que a eficiência energética inclui não
apenas os processos industriais, mas também os edifícios
– edifícios comerciais e residenciais representam
cerca de 40% do consumo de energia primária em
muitos países. Esta energia é utilizada para alimentar
sistemas de iluminação, aquecimento, ventilação e ar
condicionado, bem como para acionamento de elevadores,
escadas rolantes, máquinas e eletrodomésticos.
Um bom exemplo vem dos esforços europeus para
melhorar o uso de energia aí: os novos edifícios consomem
50% menos energia do que na década de 1980
e a indústria na União Europeia reduziu o consumo de
energia em quase 19% entre 2001 e 2011.
Atente que, para cada 1% de melhoria na eficiência
energética, a União Europeia pode reduzir as importações
de gás em 2,6%. Como efeitos benéficos, a qualidade
do ar também é melhorada e como a indústria alemã
é altamente inovadora, a construção de equipamentos
mais eficientes agrega novos empregos e oportunidades.
Não faltam bons motivos e tecnologias. |
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