Revista Controle & Instrumentação Edição nº 226 2017
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Aquisição de instrumentos deve
priorizar especificação técnica |
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De acordo com a pesquisa “Mercado de Sensores
de Nível por Tecnologia, Tipo de Monitoramento,
Usuários Industriais e Geografia - Tendências
Globais e Previsão para 2022”, da MarketsAndMarkets,
espera-se que o mercado total de sensores de nível atinja
US$ 4,89 bilhões até 2022, com um crescimento ao ano
de 5,4% durante o período.
Os sensores de nível sem contato direto com o processo
representam a maior parcela desse crescimento.
Outro relatório, da Brisk Insights, espera que o mercado
global de transmissores de nível cresça 4,3% a.a.
durante o período 2016-2022. Esse crescimento parece
sustentar-se no setor de energia focado em parâmetros
de segurança devido aos vários acidentes causados por
derramamento ou excesso de materiais, eventos que reforçam
a necessidade da adoção de transmissores e sistemas
de instrumentos de segurança baseados em SIL. Mas
nem todos os problemas surgem por má especificação;
alguns são resultado de políticas que focam a aquisição
de instrumentos/equipamentos baseadas em preço antes
de tecnologia.
Os sensores de nível sem necessidade de contato direto
com o processo vêm sendo cada vez mais adotados
em várias aplicações e estão substituindo os sensores com
contato devido à sua maior precisão e flexibilidade na
detecção e medição de nível. Eles logo serão a tecnologia
ideal aplicações de medição de nível para líquidos e
sólidos a granel.
Em plantas de processo, uma porcentagem significativa
dos dispositivos de medição não está corretamente
aplicada, levando à redução da qualidade e consistência
dos valores encontrados na medição. Muitas vezes, a fonte
deste problema é a suposição de que um tipo de sensor
se adapta a múltiplas aplicações.
Por exemplo, um sensor flutuador pode atender a
sua finalidade adequadamente em um ambiente completamente
líquido, mas, quando o líquido contém partículas
ou sólidos em suspensão, as circunstâncias mudam,
comprometendo a precisão. Para manter um bom resultado
nas medições, é importante a seleção do dispositivo
de medição adequado para cada aplicação.
Não existe uma solução de “tamanho único”. Infelizmente,
as empresas e os indivíduos costumam ser tentados
a ignorar uma minuciosa especificação para os sensores – e
não limitado a eles. Mas, para garantir a escolha do sensor
certo para a segurança a longo prazo, os engenheiros devem
considerar todos os fatores possíveis e os compradores
precisam estar atentos a eles, não apenas ao preço de
aquisição. Afinal, em uma aplicação perigosa, um sensor
de nível – ou qualquer outro equipamento – especificado
incorretamente pode se tornar a fonte de um grande
incidente.
Uma questão comum é: “É tão importante fazer perguntas
detalhadas para decidir sobre um simples medidor
de nível?” Sim, porque não existe isso de “simples”.
Você deve considerar vários fatores para garantir a precisão e eficácia de um dispositivo de medição de nível
para uma aplicação específica. Esses fatores incluem as
condições de projeto, o meio específico em que o sensor
entrará em contato, como as informações recolhidas devem
ser transmitidas e quais acessórios são necessários.
Cada um desses critérios conduz à escolha de um
sensor que possa fornecer informações mais precisas para
o usuário, aumentando a qualidade do produto e maximizando
os resultados pela diminuição das interrupções.
O primeiro passo na seleção é restringir ao máximo
onde e para quê o sensor será usado. Em outras palavras,
qual será o seu trabalho? Isso pode ser tão simples como
dar uma leitura visual ou tão complexa como trabalhar
em um sistema automatizado multiestágio. Tudo isto isso
requer conhecimento.
O sensor deve monitorar de forma contínua o nível
de uma substância volátil? Ou o objetivo é impedir
que um tanque transborde ou derrame? Para determinar
a complexidade e a versatilidade exigidas é preciso primeiro
avaliar bem o processo. Após isso, será a etapa de
determinação as condições de projeto. Algumas perguntas
a serem feitas nesta fase incluem o tipo de material
que entrará em contato com o sensor – porque um sensor
deve ser compatível com fluidos ou materiais aos quais
será exposto. Se o sensor entrar em contato com um material
cáustico, corrosivo ou agressivo, deve ser capaz de
resistir, mantendo a funcionalidade e
características físicas adequadas.
Irá medir sólidos ou líquidos? Esta
é uma questão extremamente importante
que deve ser considerada antecipadamente.
Ao medir sólidos, sensores
do tipo flutuante/boia, por exemplo, são impraticáveis.
Os sensores mais comuns são os de flutuador, que se aplicam
somente a fluidos; os eletromecânicos apenas para
substâncias sólidas; os de ultrassom e os de radar, que
trabalham adequadamente para sólidos e fluidos.
Mas lembre-se que o material a ser medido é apenas
um fator a considerar na seleção do dispositivo. Onde e
como o sensor será instalado também são questões importantes.
Se será internamente ou externamente, por
exemplo, é uma questão importante porque os externos
podem exigir custos adicionais de instalação enquanto os
internos podem limitar a capacidade do tanque; outros
sistemas incorporam um sensor interno e uma indicação
local remota externamente.
Outra pergunta importante de ser respondida é se
o material a ser medido está em repouso ou em movimento.
Porque ele estará parado constantemente, exceto
durante o enchimento ou a extração. Em um tanque de
mistura, a substância pode sofrer movimentos ou agitações
constantes – sendo importante se certificar de que o
sensor suportará o movimento.
As quais temperaturas e pressões o sensor será submetido
também é algo a se considerar e, no que condiz a
temperatura, há sensores que podem suportar temperaturas
extremamente altas ou baixas, e aqueles limitados à
temperatura ambiente. Quanto à pressão, a maioria dos
sensores trabalha de 0 a 100 psi.
Lembre-se que a densidade do material – muito denso
ou que contém partículas sólidas em suspensão - pode
pedir sensores de medição de nível mais complexos. No
caso de mistura de fluidos, como óleo e água, um sensor
de capacitância pode medir com precisão a mistura; um
magnético com o fator de flutuabilidade ajustado ao material
funcionaria também.
Mas, será que apenas um sensor seria suficiente?
Algumas operações exigem informações mais detalhadas
como o monitoramento do nível de transbordamento,
que geralmente pede múltiplos sensores. Outra aplicação
comum é quando tanques têm uma capacidade
recomendada e outras medidas acima e abaixo destes
limites.
O sensor deve cumprir alguma norma específica, ou
tem ponto de ignição facilmente alcançável? É uma questão
muito importante ao lidar com materiais perigosos ou
inflamáveis porque então sensores à prova de explosão
ou intrinsecamente seguros serão especificados. Se existe
vapor no processo, é recomendável um sensor mais robusto
e durável – inclua-se aí o vapor utilizado para limpeza
e esterilização de tanques e componentes em alguns
segmentos industriais.
O tamanho e a forma de um tanque
afetam diretamente na instalação do
sensor em relação ao material, porque
materiais diferentes enchem os recipientes
de maneiras diferentes, o que pode
exigir a colocação de um sensor no meio
do ambiente para que ele possa medir com mais precisão.
Ainda, o nível de precisão da medição afeta o preço
de um sensor e a complexidade do dispositivo. No entanto,
para determinadas aplicações críticas, o investimento
rapidamente se pagará.
O relatório “Mercado de medidores de vazão por tecnologia
e aplicação - previsão global para 2021 “, mostrou
que o tamanho do mercado de medidores de vazão deve
chegar a US$ 8,72 bilhões até 2021, com um crescimento
anual de 6,4% durante o período de previsão. Atualmente
a busca por maior precisão, confiabilidade, durabilidade e
desempenho são alguns dos principais fatores que impulsionam
esse mercado, liderado fortemente pelo segmento
de águas e efluentes e nas áreas de utilidades das industrias
em geral com foco na eficiência energética.
Pelo relatório, os medidores de vazão que utilizam a
tecnologia Coriolis devem ter o crescimento mais acentuado
no mercado durante o período de previsão. Essa tecnologia
oferece muitos benefícios além de ser muito precisa,
confiável, fácil de instalar e seu custo de manutenção é
quase zero. Alta precisão na medição de densidade o torna
adequado para várias aplicações industriais, onde as propriedades
físicas do fluido não são conhecidas ou são importantes
para determinar a “qualidade” do produto final.
As tecnologias de medição de vazão contam com um
portfólio enorme de produtos onde o usuário pode prédeterminar
se a informação da vazão deve ser contínua
ou totalizada e se será necessário que essa informação seja
visualizada localmente ou remotamente, se a transmissão
deve ser analógica ou digital qual a taxa de frequência mínima
de atualização de dados, etc.
Além das opções de montagem,
lay out e operação, é preciso conhecer
profundamente as propriedades
e características do fluido de processo
onde será instalado o medidor de
vazão. |
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É preciso conhecer as variáveis
como temperatura, pressão e queda
de pressão admissível, a densidade
ou a gravidade específica, a condutividade
elétrica, a viscosidade, a pressão
de vapor à temperatura máxima
de operação e de como essas propriedades
podem variar e interagirem
entre si. Devem ser fornecidas todas
as informações de segurança e toxicidade, composição do
fluido, presença de bolhas ou fluído bifásico, presença de
sólidos ou propriedades abrasivas, tamanho de partículas
ou fibras, tendência a erodir ou impregnar o interior do
medidor de vazão.
Além dos valores operacionais de vazão a serem mensurados,
é preciso saber previamente se o sentido do fluxo
pode se reverter, se pode ocorrer de o fluído de processo
não preencher totalmente o tubo do medidor, se um fluído
contendo sólidos pode formar uma incrustação diminuindo
o diâmetro interno do medidor ou até mesmo obstruindo
partes sensoras (eletrodos) usadas em algumas tecnologias
de medição. Todos os pontos acima devem
ser levados em consideração na escolha
da tecnologia a ser adotada além
das necessidades de intervenções para
manutenção, descontaminação e limpeza
do interior do medidor que em alguns
casos podem ser decivas na escolha de
tecnologia aplicada.
Como parte das boas práticas de
instalação, é importante evitar que o
sentido do fluxo seja descendente em
aplicações líquidas no trecho onde o
medidor será instalado, que a acessibilidade
física ao medidor seja plena – facilitando a inspeção
e manutenção do mesmo –, observar se o local esteja
em área classificada ou não, e que o trecho de instalação
atenda aos requisitos mínimos de vibração, espaço
a montante e jusante do medidor – sempre levando em
consideração a tecnologia a ser adotada.
Finalmente, é preciso determinar o range de trabalho
do medidor, fluxos mínimos e máximos, a precisão que
pode ser especificada em porcentagem de leitura real ou
na porcentagem da faixa calibrada, ou em porcentagem da
unidade medida.
Os requisitos de precisão devem ser sempre indicados
separadamente nas vazões mínimas, normais e máximas. Em
aplicações como as que envolvem compra e venda (transferência
de custódia ou medição fiscal), a leitura do medidor
além de precisa, deve ter a repetibilidade
extremamente alta, além do
medidor ser homologado pelos órgãos
regulamentadores.
No momento da aquisição do
medidor, para se proceder de forma
justa, é necessário converter todas as
especificações de erro/incertezas nas
mesmas unidades e tecnologias. Todas
as especificações devem indicar claramente
a precisão e a repetibilidade do
medidor em vazões mínimas, normais
e máximas além da perda de carga de
cada tecnologia – que pode ser um
ponto crucial na escolha do medidor/
tecnologia de medição.
Existe critério de desempate durante o processo de escolha?
Se o desempenho na precisão/repetibilidade é semelhante
em duas categorias diferentes de medidor de vazão e
uma tecnologia não tem contém partes móveis, por exemplo,
recomenda-se selecionar a que não tem partes móveis – que
são ocasionalmente uma fonte potencial de problemas quer
por desgaste, lubrificação, travamento etc.
Ainda, antes de especificar um medidor de fluxo, também
é aconselhável determinar se as leituras devem ser apresentadas
em unidades de massa ou volume uma vez que os medidores
de vazão em massa não são afetados pelas mudanças no número
de Reynolds, densidade, viscosidade e temperatura e estes
critérios devem ser sempre analisados.
Resumindo: Qual fluido será medido?
É preciso medição contínua ou totalizada
ou ambas? Qual a viscosidade do
líquido? É preciso uma indicação local da
vazão ou somente uma saída de sinal eletrônico?
Qual é a vazão mínima e máxima
da aplicação? Qual é a pressão mínima e
máxima da aplicação? Qual é a temperatura
mínima e máxima da aplicação? O
fluido é quimicamente compatível com o
material de construção do medidor que
ficará em contato com o fluído de processo?
Quais as características do tubo, reto, curvilíneo, drenável?
Qual a perda de carga máxima admitida? A vazão medida
será mássica ou volumétrica? A área de instalação é classificada
ou não? A medição será fiscal, custódia? Todas estas
questões são muito importantes na hora de se especificar e
adquirir um medidor de vazão e certamente os fabricantes e
fornecedores, de posse destas informações, poderão ofertar
o que realmente irá funcionar de forma correta trazendo um
custo benefício ideal para a aplicação. |
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