Revista Controle & Instrumentação Edição nº 221 2016
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Segurança Funcional
erros e novos cenários |
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A segurança na indústria hoje aproveita os erros
passados que julgaram que um sistema de gestão
era desnecessário seja porque acreditaram que
era apenas modismo e distraía muito o operador,
seja porque ia gerar muita papelada e não ia agregar
valor, ou simplesmente porque era muito caro para
implementar. Mas os sistemas de segurança – desenhados
com técnicas de Hazop, por exemplo –
mostraram que são importantes para especificar de
forma eficiente os riscos para a saúde e segurança,
permitindo certa flexibilidade – e identificar as áreas
onde pode haver ou não espaço para flexibilização
requer gente treinada e com vivência na planta. Assim
a implementação permite personalização do programa
de segurança ao mesmo tempo em que deixa
margem de manobra onde necessário, assegurando
disciplina operacional e responsabilidades. Hoje se
reconhece que um sistema de gestão de segurança é
caro, representa um ROI elevado, mas que traz retorno
de três a quatro dólares por dólar investido.
No Brasil, a segurança recebeu um reforço da
NR-12 que recentemente incluiu o conceito de falha
segura, que prevê escape e coloca a definição de
SIL – Safety Integrity Level no lugar de PL – Performance
Level. E tecnologias mais inteligentes em sistemas
instrumentados de segurança (SIS) ajudam a
cumprir as normas e regulamentações – que não são
poucas – OSHA, EPA, IEC, ISA, NBR etc. Some-se
às tradicionais preocupações de segurança as novas
ameaças cibernéticas que colocam em risco pessoas,
propriedades, meio ambiente e continuidade de
negócios. Os fornecedores de sistemas
de controle, alarme e shutdown sempre
visam resposta de alta velocidade
em condições ameaçadoras e os instrumentos
inteligentes disponibilizam
segurança por criptografia avançada
baseada em padrões, bem como autenticação,
verificação, gerenciamento
de chaves e técnicas anti-jamming.
Esse novo cenário reforça a necessidade
de elaborar um bom sistema de gestão de segurança
com camadas de proteção para evitar falhas.
Muitos recomendam uma plataforma de segurança
independente das plataformas do sistema de controle
de processo porque o uso de diferentes tecnologias
aumenta significativamente o esforço necessário
de invasão ou falha – e facilita a manutenção.
Pode-se dizer que hoje a segurança funcional é
uma prioridade e existem muitas ferramentas para
torna-la realidade, mas o desempenho da segurança
nem sempre atende às expectativas. A necessidade de
uma melhor compreensão do que é redução de risco
torna-se evidente sempre que acontecem grandes
acidentes. Para se ater ao básico, deve-se focar na IEC
61511 e ISA84 – formulada por especialistas de várias
organizações técnicas nacionais e internacionais como
a American Petroleum Industry (API), a National Fire
Protection Association (NFPA), a Sociedade Americana
de Engenheiros Mecânicos (ASME), o Instituto de
Engenheiros Elétricos (IEEE) Safety Executive (HSE) do
Reino Unido e American Institute of Chemical Engineers
(AIChE). Além da contribuição dessas
organizações, a ISA84 mantém diálogo
ativo com organizações internacionais de
usuários como a Namur. A Norma Técnica
Internacional que rege os Sistemas Instrumentados
de Segurança (SIS) na Indústria
de Processo é a IEC 61511 (Functional
Safety – Safety Instrumented Systems for
the Process Industry Sector). Esta Norma
deriva da IEC 61508 (Functional safety of
electrical/electronic/programmable electronic safety-related
systems), que é válida para qualquer segmento
produtivo, sendo particularmente aplicável para os fabricantes
de dispositivos.
Ed Marszal, presidente da Kenexis, pontua
Segurança Funcional
erros e novos cenários
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que “ISA 84 e IEC 61511 são idênticas, exceto
pelo adicional da cláusula “avô” que permite o uso
de sistemas existentes, projetados de acordo com
a norma anterior, desde que sejam determinados
e documentados como sendo seguros, sem ter
que cumprir com a versão mais recente da norma
. Além disso, o ISA 84 está atrasado no ciclo de
revisão, portanto, enquanto a IEC 61511-2016 foi
lançada, a versão correspondente do ISA 84 ainda
não foi lançada”.
Para o presidente da Kenexis – diretor da divisão
Safety da ISA, membro dos comitês S84, S91,
S18 da ISA e autor do livro “SIL Selection” – um
resumo dos piores erros em segurança funcional
conteria: |
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As empresas se esforçam para garantir que suas
plantas sejam projetadas e construídas para funcionar
com segurança, mas, pela sua própria natureza,
os sistemas instrumentados de segurança (SIS)
raramente são chamados em ação. É certo que o
tempo e a pouca visibilidade ajudam a diminuir a
capacidade das funções instrumentadas de segurança
(SIFs) em reduzir os riscos de forma adequada.
Consideram-se então os principais indicadores para
determinar a probabilidade de as coisas darem errado
– eles funcionam como um aviso entre estados
seguros e inseguros. E esses indicadores podem ser
encontrados na documentação de segurança funcional,
nos dados operacionais e nos de manutenção. É
recorrente, por exemplo, a incompatibilidade entre
os procedimentos operacionais, os de manutenção
e o que os operadores e técnicos de manutenção
realmente fazem é uma bandeira vermelha de risco
aumentado. Outros documentos incluem análises
de riscos, especificações de requisitos de segurança,
especificações funcionais de projeto, verificações
SIL e registros de mudanças. |
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O especialista Estellito Rangel Jr ressalta que o
que se pode fazer de pior em segurança é instalar
equipamentos dedicados ao uso industrial comum,
em atmosferas “limpas”, nas áreas classificadas. “Os
Sistemas Instrumentados de Segurança (SIS) são os
responsáveis pela segurança operacional e que garantem
a parada de emergência sempre que os limites
considerados seguros forem ultrapassados. A
IEC 61508 é a norma que cobre todos os sistemas
de natureza eletromecânica para indústrias em geral,
enquanto a IEC 61511 é voltada às indústrias
de processamento contínuo, líquidos e gases. Para o
uso seguro em áreas classificadas, é imperioso que
os equipamentos sejam devidamente certificados
por organismo de certificação credenciado pelo Inmetro,
mesmo que eles sejam importados. Logo, o
que se pode fazer de pior é instalar equipamentos sem a necessária certificação estabelecida pelo Inmetro”. |
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Ed Marszal ressalta que as novas tecnologias
estão mudando as boas práticas para SIS, SIL e Segurança
Funcional porque o aumento do poder de
computação está permitindo a implementação de
estratégias de segurança mais robustas e preditivas.
Além disso, a computação baseada na nuvem está
permitindo um processo de design mais simplificado
com menores quantidades de reentrada de
dados.
Estellito concorda em parte. “Temos mais funcionalidades
devido à exploração de forma mais eficiente
dos recursos wireless, como maior velocidade de
resposta, que podem fornecer múltiplas informações
simultâneas, como pressões e temperaturas de manifolds,
parâmetros de qualidade do produto químico
produzido, e até a direção do vento e sua velocidade
em várias elevações, resultando em um volume
de dados que podem ser utilizados para melhorar os
processos, a segurança e a produtividade. Uma aplicação
que vem ganhando terreno de forma acelerada
é a realidade aumentada, onde as características de
um equipamento e sua documentação completa podem
ser acessadas no campo.
Para Estellito, tecnologias como wireless, remote
access, Big data, e IIoT, são conceitos visam aumentar
o controle e a flexibilidade funcional. Mas, para
que a segurança nas áreas classificadas não seja comprometida,
torna-se necessário que todo o hardware
esteja devidamente certificado por organismos credenciados
pelo Inmetro, atendendo ao disposto na
Portaria Inmetro 89/2012.
“Uma plataforma IoT pode ser composta de tablets,
aplicativos específicos e suas interfaces, sensores
de processo e os processos de análise que gerenciam e
interpretam dados capturados pelos dispositivos. Para
áreas classificadas, todo este conjunto necessita estar
devidamente certificado e o mercado internacional já
conta com tablets certificados para uso em Zona 1.
Uma novidade que está sendo colocada no mercado
e que contribui para a segurança, é o acompanhamento
dos sinais vitais dos trabalhadores, combinados
com informações ambientais, como exemplo, um
aumento súbito de monóxido de carbono juntamente
com elevação da frequência do batimento cardíaco.
Interfaces cognitivas desenvolvidas pelo Centro
de Inovação da Microsoft em Atlanta, são capazes de
identificar até uma aparência de angústia no rosto do
trabalhador e enviar um alarme para a central de monitoramento
da planta. Uma vez que os dispositivos
estejam certificados para o grupo do gás da planta,
entende-se que tais tecnologias em áreas classificadas
e espaços confinados são uma importante ferramenta
para a segurança dois trabalhadores”.
“Todas as novas tecnologias podem ser protegidas.
É uma questão de seguir as regras e diretrizes estabelecidas.
Geralmente, as novas tecnologias podem ser
facilmente tornadas seguras, mas resultarão em uma
taxa de desvio maior até que sua confiabilidade amadureça
e as falhas de mortalidade infantil tenham sido
tratadas”, comenta Ed Marszal. |
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