Revista Controle & Instrumentação – Edição nº 174 – 2012



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Eldorado é em Três Lagoas

 

Eldorado é uma antiga lenda que os índios contaram aos espanhóis na época da colonização e falava de uma cidade de ouro. A cidade da lenda nunca foi encontrada mas Três Lagoas / MS vem crescendo muito e é lá que o Grupo J&S e MJ estão na reta final de construção da maior linha de celulose do mundo, a Eldorado Brasil. A capacidade nominal da fábrica que terá um investimento de R$ 6,2 bilhões, 32% disso dos próprios acionistas - é de 1,5 milhão de tonelada de celulose. A estrutura de capital da Eldorado Brasil está divida entre a holding J&F (50,15%), a MJ Empreendimentos (16,72%) e a FIP Florestal (33,13%), um fundo de investimentos em participações formado pelos maiores fundos de pensão do Brasil, como Petros e Funcef. Essa formação, somada aos empréstimos do BNDES, Fundo Constitucional de Financiamento do Centro Oeste e Agência de Créditos à Exportação, equacionou as necessidades de aporte de recursos da companhia. José Carlos Grubisich, CEO da empresa, em sua apresentação ao mercado, no final de fevereiro, comentou que 60% dos investimentos já foram concluídos, 68% da estrutura física está pronta e em 2013 a Eldorado deve produzir 1,3 milhão de tonelada por causa da curva de aprendizagem. Mas isso será apenas o começo porque a Eldorado deve chegar em 2020 com capacidade para 5 milhões de t/a de celulose curta - com três linhas de produção e um plano de desgargalamento.

O plano de uma segunda linha só entrará na lista de projetos a serem conquistados pelos fornecedores do setor em 2013 porque a partir daí é que devem ser plantados os eucaliptos para realizar o sonho. Mudas não serão problema: um dos sócios da Eldorado (Mario Celso Lopes) é um apaixonado pela terra e já trabalha em cultivares melhores! Durante 2011, a Eldorado Brasil respondeu por um dos maiores programas de plantio do país, com 31 mil hectares de florestas plantadas de eucalipto. Atualmente, a empresa possui uma área total de 80 mil hectares de florestas destinadas à produção de celulose e, para 2012, a meta de plantio é de 35 mil hectares. A Eldorado já inicia suas atividades com um programa que prevê a certificação pelo FSC (Forest Sustainability Council) de todas as suas áreas florestais até 2017. Grubisch afirma que a nova fábrica conta com a mais moderna tecnologia do mundo e com diferenciado programa de logística integrada. A lista de fornecedores do projeto corrobora isso.

Com projeto Poyry, fazem uma bela fábrica: Andritz, Metso, Weg, Sulzer, Dresser, ABB, Siemens, Veolia , Yokogawa e outros. A solução de controle e automação, a cargo da Yokogawa, baseada no SDCD modelo Centum VP (VigilantPlant), alia as melhores práticas com uma arquitetura distribuída no campo por meio de remotas que propiciam elevada economia de cabos e a larga utilização de redes industriais, como oProfibus DP para as variáveis digitais. "A arquitetura do sistema concentra os controladores em salas elétricas e utiliza muitas remotas no campo interligadas por fibras ópticas redundantes de modo a garantir a confiabilidade da operação e substituir a enorme quantidade de cabos que seriam necessários numa arquitetura convencional", comenta João Polo, que esteve a frente deste fornecimento por parte da Yokogawa desde sua concepção. Carlos Roberto Monteiro, diretor industrial da fábrica, lembra que a confiabilidade dos hardwares das remotas de campo e mesmo junto aos processos está garantida graças a adoção de painéis customizados, refrigeração por meio de dispositivos pulsantes como o Vortex, pressão interna positiva, além de outros recursos como a utilização de placas de circuitos dotadas da certificação classe G3 da norma ISA-S71.04, sendo que o G da norma vem da proteção contra gases presentes em atmosferas agressivas. Já o 3 que acompanha o G define o ambiente como severo e com alta probabilidade de ataque ao equipamento por gases corrosivos. Para as estações de operação local da área de secagem, foram fornecidos pedestais para acomodação deste hardware, também com painéis em aço inox e construção apropriada ao ambiente. "O hardware da Yokogawa aliado a um painel bem dimensionado garante elevada vida útil do sistema de controle mesmo em condições bem adversas como as de uma fábrica de celulose, no tocante a temperatura e ambientes agressivos", comenta.


A instrumentação da Yokogawa tem vencido os últimos projetos do setor de papel e celulose do Brasil não foi diferente no Projeto Eldorado, caracterizado por um fornecimento global. A empresa tem uma longa vivência em projetos no segmento de papel e celulose, contando em seu portfólio com projetos que são referência, como a StoraEnso (Inpacel), Nobrecel e BSC onde atuou como MAC (Main Automation Contractor) da segunda linha e foi responsável por um fornecimento global de Sistema de Controle e Instrumentação, que envolve todas as fases do projeto, incluindo interfaces com os EPCs mecânicos, engenharia, montagem, etc. A Yokogawa é também uma parceira da Cenibra, onde implantou um dos primeiros SDCD na área de celulose, garantindo a evolução do mesmo e sua adequação às mais modernas tecnologias inclusive com o fornecimento de software para gerenciamento de informações de planta (PIMS). Na Suzano, também foi responsável pela migração de um sistema Provox antigo pelo SDCD da Yokogawa. Na Eldorado, a Yokogawa fornece a instrumentação em sistema frame agreement sendo que as entregas vão sendo feitas de acordo com a evolução do projeto, havendo contato direto com os epecistas que necessitam dos instrumentos com preços e condições previamente negociados com a Eldorado. E cada montador instala os sensores e transmissores e lança a fiação até a remota a partir da qual a Yokogawa se responsabiliza pela configuração dos sinais.

Outro ponto de destaque no projeto é o fornecimento do SIS - Sistema Instrumentado de Segurança para os processos críticos da caldeira de força e no forno, que são interligados ao SDCD pelo mesmo barramento de controle redundante. "Essa integração minimiza os pontos de falha de comunicação e a lentidão dos barramentos de comunicação seriais convencionais, propiciando uma integração do SIS com o SDCD de forma totalmente integrada, inclusive compartilhando a alta velocidade do barramento GigaLan estações de engenharia comuns e outros", pontua Monteiro A sala de controle promete virar ícone para o setor. Com projeto Yokogawa e Box File, foi elaborada com a adoção de vídeo walls de 70"FullHD com tecnologia LED retroprojetadas, além das 40 estações de trabalho baseadas em computadores IBM PC e monitores duplos. Na camada de operação estão disponíveis servidores OPC que disponibilizam as informações relevantes do processo para softwares de gerenciamento de informações da planta (PIMS), de fornecimento Metso, bem como outros sistemas de informação presentes no sistema de controle.

A Metso Linha de Negócios de Automação marcou presença nesse projeto com o fornecimento do PIMS (Plant Information Management System), em formato EPC (Engineering Procurement and Construction), que abrange todo o Hardware, software e serviços de implementação. O sistema é instalado ao mesmo tempo em que algumas áreas básicas da nova fábrica, como sistemas de água e energia entrarem em operação. "O PIMS é uma ferramenta que ajuda os gerentes na tomada de decisões, seja na área de produção quanto na área financeira. A utilização inteligente de dados de processo aliada a novos aplicativos customizáveis que compartilham uma mesma base de dados traz enormes benefícios no entendimento dos processos e suas interações, organizando e padronizando as informações, simplificando análises e mostrando alternativas mais eficientes", define Marcus Maurey Oliveira, engenheiro da Metso, para quem este é um projeto desafiador em termos de prazo de entrega, já que o PIMS trabalhará consolidando informações desde o início de produção da fábrica, exigindo uma execução de projeto muito rápida e eficiente e foi contratado em 2011. O sistema terá a capacidade de tratar e armazenar até 70.000 variáveis em uma base de dados com volume de armazenamento de 5.000 GBytes.

Praticamente todos os dados gerados pelo processo, laboratório e outros sistemas inteligentes poderão ser utilizados para isso o sistema será conectado à rede de automação da fábrica, coletando dados do SDCD, SAP, QCS, TCS, EMS, Baling System e sistemas de monitoramento de vibração. Dezenas de relatórios e ferramentas de tratamento de informação entrarão em operação desde a partida da fábrica. Segundo Marcus, os principais benefícios desta implementação serão a diminuição dos distúrbios de processo e a melhoria da qualidade do produto final. Ponto importante do fornecimento e destacado numa vista ao site é a integração do sistema de controle com o simulador para treinamento de operadores (OTS, da Yokogawa) o que permite que a comunicação seja transparente, sem qualquer diferença do ambiente de simulação com o real. Para Nelson Ninin, presidente da Yokogawa, que acompanha cada projeto da empresa, o grande desafio da automação é ter um sistema básico que consiga atender tanto o geral como o específico de cada segmento. "Porque cada setor tem tecnologias preferidas, algoritmos de controle especiais e, no caso de celulose, há uma especificidade única, o digestor; e as caldeiras que podem trabalhar fibras longas ou curtas; há utilização intensiva de água... Integrar as diferentes áreas com eficiência é um desafio especialmente quando se imagina que há uma interface diferente para cada equipamento ou máquina que muitas vezes trazem um automação embutida com sistemas proprietários que pedem modelamentos matemáticos diferenciados. E tudo tem que estar perfeito, funcionando como se não estivesse lá, agregando valor e otimizando a produtividade".

A localização da fábrica é uma vantagem competitiva da Eldorado Brasil, permitindo uma logística integrada. Instalada às margens do rio Paraná, pertinho de onde desemboca o Tietê, a empresa contará com três modais logísticos para receber matéria-prima e escoar sua produção. Utilizar modais hidroviário e ferroviário, além do rodoviário, dará maior economia em escala e menor impacto ambiental de hidrovia até Pederneiras e, de lá, de ferrovia até Santos. Até que o terminal fluvial esteja pronto, e ainda depois, a produção também irá de caminhão até Santos ou até Aparecida do Taboado/MS e, de lá, de ferrovia até Santos. Grubisich comentou que a empresa já adquiriu uma frota própria de locomotivas e vagões, especialmente desenvolvidos para a Eldorado Brasil, que vão transportar a celulose até um terminal próprio no porto de Santos, e de lá para os principais mercados do mundo - China e Europa são os principais destinos da produção. Segundo Grubisich, empresa está nascendo moderna, com um balanço limpo e adequado e poderá ter uma alta rentabilidade.




 
 
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