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A comissão de automação e controle
de processos da Associação Brasileira Técnica
(ABTCP) de Celulose e Papel planeja o desenvolvimento dos índices
de automação de cada empresa do setor ainda na gestão
2006/2007. Segundo o coordenador da comissão, Ronaldo Ribeiro,
a idéia é estabelecer um questionário com vários
índices, que serão enviados às empresas de
celulose e papel, e o resultado deste questionário, seguindo
um padrão único, determinará o patamar de automação
das empresas do setor. Conhecer melhor as empresas, facilitar
o intercâmbio entre elas, oferecer subsídios técnicos
para aprovação de investimentos em automação
e criar um benchmarking com um consenso, são alguns dos benefícios
esperados com este trabalho, explica Ribeiro.
De acordo com a Associação Brasileira de Celulose
e Papel (Bracelpa), só no Brasil, os investimentos em papel
e celulose alcançaram cerca de US$ 10 bilhões nos
últimos dez anos e até 2012 serão outros US$
14,4 bilhões. Boa parte desses investimentos destina-se à
melhoria do processo produtivo da planta através da implantação
da automação industrial - em média, empresas
deste setor investem 10% do faturamento na área de automação.
A demanda do mercado mundial de celulose, até 2014, é
de cerca de 14 milhões de toneladas. Para atendê-la,
estão previstos grandes investimentos na criação
de novas fábricas no Uruguai e no Mato Grosso, e ainda em
ampliações na Aracruz, Klabin, Veracel, Bahia Sul
e Cenibra. O Brasil ocupa o posto de fornecedor número 1
em fibra curta do mundo, o sétimo em celulose de todos os
tipos e o 11º em papel. É, por isso que, para atender
a essa demanda do setor, o desenvolvimento tecnológico e
as tendências são assuntos que norteiam a economia
e a saúde da empresas.
A comissão de automação e controle de processos
da ABTCP vê muitos ganhos para o setor com a utilização
das tecnologias disponíveis. E as empresas têm buscado
os benefícios da automação, seja em up grades
ou em plantas novas. Redução de variabilidade de processos,
padronização dos procedimentos de parada e arranque,
redução dos consumos específicos, produção
com menor quebra possível das máquinas e equipamentos
e menores custos, são alguns dos benefícios que a
automação pode trazer para a indústria de papel
e celulose.
As empresas de celulose e papel, e acredito que de qualquer
outro setor, buscam projetos com menor custo, maior quantidade e
qualidade de informação disponível, com menor
índice de manutenção, afirma Ribeiro.
Ribeiro afirma que, no setor, encontram-se empresas que ainda operam
utilizando instrumentação pneumática, muito
diferente de outras que operam com sistemas de última geração
interligados via redes de campo. Porém não se pode
dizer que uma empresa é mais ou menos competitiva. O
fato é, empresas com sistemas mais atualizados tecnologicamente
têm facilidade de implementação de novos projetos,
possuem maior flexibilidade em suas ações de manutenção,
e têm a possibilidade de apresentar melhores resultados operacionais.
Desde que os recursos disponíveis sejam utilizados adequadamente,
ressalta.
Indagado sobre algumas características da indústria
de papel e celulose - de ter a competição baseada
no custo, não atrair pessoal especializado, ter um consumo
alto de energia e uma maior responsabilidade ambiental e social
- Ribeiro encara essas dificuldades como desafios para o setor que,
por sua vez, geram um crescimento tecnológico, trazem maior
competitividade e busca de soluções inéditas.
Quem tiver uma melhor visão, especialmente em desenvolver
pesquisas e utilizar conhecimento como plataforma para o desenvolvimento
e superação de desafios, terá uma perenidade
no mercado. Quando aumenta o grau de exigência, seja em função
de qualidade, cumprimento de legislação ou de outra
variável, sempre é requerido um esforço extra.
O que, em alguns casos, implica em aumento dos custos; o desafio
é absorver esse extra sem muito impacto, no custo total de
produção, rebate Ribeiro.
De acordo com dados da ABTCP, os cinco maiores fornecedores de automação
para a indústria de papel e celulose detém 70% do
mercado. A expansão do setor, atrelada a parcerias com fornecedores,
tem gerado um crescimento dessas empresas que, ainda assim, realizam
fusões e aquisições para aumentar a participação
no mercado.
Para Ribeiro, parcerias com fornecedores são necessárias
para haver um intercâmbio de informações e uma
garantia de assistência pós-venda. Diria que
essas parcerias são quase obrigatórias. Considero
a parceria um fator critico de sucesso para os sistemas de automação,
pois isto facilita a tomada de decisões, com a escolha da
melhor alternativa técnica. É importante ressaltar
que a parceria deve ser em mão dupla, conclui.
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