Revista Controle & Instrumentação
Edição nº 119 2006
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¤ Cover Page II
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| Assim caminham os buses... |
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O mercado oferece várias opções
de protocolos de comunicação que, depois de uma guerra
para conseguir o lugar de protocolo-padrão internacional,
hoje, convivem relativamente bem. A guerra foi transferida para
as equipes de venda e os usuários só têm ganhado,
de modo geral, pois protocolos e instrumentos têm se superado
a cada dia. As tendências para o aprimoramento e refinamento
das tecnologias para atender as demandas dos usuários
e até para se adiantar a elas são as mesmas
para Fieldbus Foundation, Profibus, Devicenet, Safetynet... Fabricantes
e usuários já formaram um consenso de que não
existirá um padrão único para todas as aplicações,
mas diversos padrões, competindo entre si nas suas respectivas
camadas.
Com quase quinze anos, a tecnologia Fieldbus está madura.
Pelos dados da Fieldbus Foundation, existem no mundo mais de 10
mil projetos de todos os tamanhos e mais de 625 mil
instrumentos instalados: o FF já possui base instalada
suficiente para que a comunidade sinta-se mais segura em relação
a ele, com o domínio do conhecimento adquirido pela diversidade
de sistemas nos quais a tecnologia foi aplicada.
Para o diretor de sistemas da Emerson, Cláudio Fayad, o principal
atributo do Foundation Fieldbus é ser uma tecnologia habilitadora
e otimizadora. Muitas vezes vemos essas características
sendo apresentadas através das características técnicas
do protocolo, sendo algumas delas únicas a esta tecnologia,
como a capacidade de executar controle de campo e o total domínio
do tempo de controle através de comunicação
determinística. Apesar de ser importante o conhecimento e
entendimento dessas características para a melhor utilização
da tecnologia, é igualmente importante ver o impacto da tecnologia
na busca pela excelência operacional, reduzindo custos e aumentando
a eficiência do processo, acrescenta Fayad.
Como tecnologia habilitadora, destaca-se a possibilidade de um controle
mais preciso e eficiente, diminuindo a variabilidade do processo
através do controle de campo o que só se consegue
com FF e do diagnóstico antecipado de potenciais problemas.
Entre os benefícios da tecnologia FF, os usuários
tendem a destacar a maior disponibilidade do sistema de controle,
disponibilidade de informações quanto à integridade
dos componentes, e diminuição dos trabalhos de hook-up.
Mas o primeiro beneficio que surge quando se fala em FF é
a economia de cabeamento no chão-de-fábrica, o comissionamento
mais rápido e eficiente, menor custo inicial, autodiagnóstico
da instrumentação.
A distribuição do controle no campo com aumento de
confiabilidade também acontece: quando há falha o
host não pára de rodar todos os PIDs;
o plug&play facilita e agiliza o comissionamento
e habilita sistemas de Gerenciamento de Ativos. Mas a tecnologia
permite, ainda, painéis menores e mais simples com menor
número de borneiras resultando em montagens mais rápidas,
menor número de erros de conexão, diminuição
das incertezas de medições por reduzir o número
de conversores A/D e D/A nas malhas, redução de custos
de manutenção, e garantia de compatibilidade entre
instrumentos certificados de diversos fornecedores no caso
de redes abertas. Para Fayad, o FF é uma excelente opção
para plantas críticas com controle contínuo, onde
a capacidade total de produção é importante
para se atender melhor seus clientes e plantas com alta necessidade
de manutenção. Assim, podemos ver a vasta utilização
da tecnologia nos segmentos químico, petroquímico,
óleo & gás, farmacêutica e siderurgia.
Em algumas regiões, particularmente Europa e EUA, ainda o
conservadorismo dos usuários está retardando a adoção
do Fieldbus Foundation. O grande desafio é a quantificação
dos benefícios econômicos dos projetos. A grande dificuldade
é que, após a partida, as pessoas de manutenção,
por falta de capacitação ou por costume, acabam não
usando os Softwares de Gerenciamento de Ativos. Já as reduções
de custos de projetos são mais facilmente mensuráveis:
as reduções de custos de projetos, de montagem de
campo e de cabos, aliados a maior rapidez do comissionamento são
muito mais visíveis, explica o engenheiro Augusto Passos
Pereira, gerente de Engenharia de Aplicações da Yokogawa.
A tecnologia Fieldbus deve continuar evoluindo, no sentido de aumentar
as taxas de comunicação de dados, a segurança
e a confiabilidade. Os instrumentos básicos estão
cada vez mais comunicando pacotes de dados complexos com muito mais
informação. E, para Cláudio Fayad, as tendências
para a tecnologia apontam a utilização do padrão
de rede de controle Ethernet HSE, que permitirá uma integração
mais fácil e segura dos diferentes pacotes, permitindo-se
trocar dados e integrar controles nos diferentes subsistemas de
uma planta. Outra tendência é o wireless que,
a pesar das dificuldades de utilização geral numa
planta, já mostra benefícios integrando controladores
e estações remotas bem como servindo de meio para
expandir um único sistema através de áreas
distantes.
E a tecnologia wireless muito utilizada em escritórios
e residências deve causar um impacto enorme no chão-de-fábrica
e no campo. Segundo pesquisa da ARC, o mercado mundial para a tecnologia
wireless na indústria apresenta uma expectativa de crescimento
anual de 26%, pelos próximos cinco anos em 2005, o
mercado era de US$ 325,7 milhões, devendo ultrapassar o bilhão
de dólares em 2010.
Ainda segundo o estudo da ARC, são facilmente percebidas
pelos usuários as reduções de custo e mais,
eles pressentem que a tecnologia wireless vai criar um novo ambiente
de processo, mais seguro, mais rentável, mais barato e muito
mais transparente. E o estudo lembra que a tecnologia wireless em
si não é nova, mas uma parte dos sistemas SCADA.
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É preciso, porém,
muito cuidado quando se vai escolher um equipamento wireless e atenção
redobrada ao site survey: uma visão detalhada do ambiente eletromagnético
e a correta distribuição espacial dos sinais de rádio
freqüência são fundamentais para que tudo funcione
e ainda possibilite expansões.
O grande motor do que hoje denomina-se wireless é o valor que
as tecnologias de informação agregaram à tecnologia.
Então, as atenções dos interessados no assunto
vão se voltar para o Comitê da ISA para Sistemas Wireless
que se reúne de 11 a 15 de setembro, na sede da entidade. O
Comitê espera engajar mais os usuários e os fabricantes
na discussão.
O desenvolvimento de instrumentos wireless e com baixo consumo de
energia, além de redes de comunicação seguras
para aplicações em SIS - Sistemas Instrumentados de
Segurança são os potenciais desenvolvimentos na área
que possui enorme potencial ainda não completamente utilizado.
De um lado está a necessidade de conhecer o potencial dos blocos
funcionais disponíveis nesta tecnologia. De outro, a necessidade
de um conhecimento de técnicas de controle e automação
para melhor aplicar esses recursos no controle de processos.
Para o professor da UFSC, Agustinho Plucenio, que trabalha com a tecnologia
Fieldbus em uma experiência com uma coluna de destilação
experimental construída com dentro do Programa de Formação
de Engenheiros de Automação e Controle para a Indústria
do Petróleo e Gás financiado pelo Programa PRH-ANP,
os espaços de aprimoramento da tecnologia fieldbus residem
no desenvolvimento de novos blocos funcionais, blocos funcionais flexíveis,
blocos para auxiliar na identificação da dinâmica
de processos, blocos com maior capacidade computacional para a implementação
de controle avançado. Existem outros aspectos mais polêmicos,
como a possibilidade de duas taxas de amostragem para otimizar a utilização
do barramento. Nota-se que algumas variáveis de certos processos
poderiam ser amostradas em Tempos, com ordens de grandeza maiores
do que outras. A utilização de duas taxas de amostragem
diferentes poderia fazer um uso mais racional do barramento.
Augusto Pereira destaca os novos drivers de comunicação
o EDDL e o FDT/DTM, assim como os acopladores de barramento de terceira
geração onde é possível obter diagnósticos
da comunicação digital do segmento. Com esta característica
podemos aliar o gerenciamento de ativos para diagnósticos dos
instrumentos e o software de diagnósticos de barramentos para
permitir o domínio completo da manutenção de
um sistema fieldbus.
Já a utilização da Ethernet no chão-de-fábrica
está crescendo rápido porque a tecnologia parece acompanhar
melhor as rápidas transformações por que passam
as empresas, sejam transformações tecnológicas
ou de mercado. Os protocolos de comunicação mais utilizados
continuam acompanhando as demandas de seus usuários, forçando
as empresas fornecedoras a elevarem cada vez mais o nível de
eficiência de seus equipamentos. Mas os buses têm sido
acompanhados de perto pela Ethernet, que desde sua especificação
original (IEEE 802.3), também tem evoluído para incluir
novos meios e mais velocidade, redundância, segurança...
Muito associada à Tecnologia de Informação, até
pouco tempo atrás não se pensaria em utilizar a Ethernet
para, via Web, observar ou atuar em alguns pontos da planta
ainda que isso fosse visivelmente menos trabalhoso. E as plantas possuem
muitas redes para cuidar, redes proprietárias e abertas e cada
uma com diferentes recomendações de instalação
e topologia... Em contrapartida, com a tecnologia Ethernet, todas
as recomendações de topologia e cabeamento são
as mesmas que as já utilizadas para conectar os sistemas de
PLC, computadores, máquinas CNC e SDCDs há quase duas
décadas
Profibus
Mas, a rede de comunicação que mais cresce, segundo
pesquisa da ARC publicada em março deste ano, é o
Profibus DP. As respostas sobre qual rede de comunicação
você tem instalada ou pretende instalar nos próximos
três anos? mostrou 63% do universo pesquisado possui
rede Profibus, 31.7% pretende instalá-la nos próximos
três anos e apenas 10.1% não tem planos para o Profibus
- padrão de rede de campo aberto e independente de fornecedores
em aplicação há mais de 16 anos, com ampla
aplicação em automação de processos
e manufatura. Com ele pode-se acessar dados desde o chão-de-fábrica
até os níveis gerenciais.
Desenvolvido em 1984 como resultado de um projeto alemão
envolvendo 15 empresas e instituições de pesquisa,
em 1991/1993 foi definido de acordo com a DIN 19245 e em 1996 pela
EB 50170 e, desde 1999, foi incluído nos padrões IEC
61158 e IEC 61784. E, além das vantagens comuns proporcionadas
por um protocolo digital - como a redução de custos
com instalações, horas de projeto e engenharia, simplificação
no comissionamento e startup, maior imunidade a interferência
eletromagnética, confiabilidade dos dados, transmissão
em unidades de engenharia, comunicação bidirecional,
controle, diagnóstico e configuração-, seu
destaque parece ser a redução com custos operacionais
e de manutenção. O Profibus permite soluções
unificadas e traz inúmeros benefícios em aplicações
híbridas, trabalhando com varáveis analógicas
e discretas em um mesmo protocolo e facilitando o diagnósticos
on-line.
Segundo César Cassiolato, presidente da Associação
Profibus e diretor da Smar, atualmente, no Brasil, existem entre
70 e 80 plantas com Profibus PA, com mais de 6000 equipamentos
PA. Se considerarmos os números no Profibus DP, passamos
para as casas das dezenas de milhares, já que os diversos
fornecedores de sistemas de automação utilizam o DP
como base de configurações remotas descentralizadas.
Segundo ele, o Profibus cresce no Brasil a uma taxa de aproximadamente
30% ao ano.
Assim como os outros protocolos, o Profibus consolidado também
é um padrão dinâmico, que acompanha as tendências
em todos os segmentos e mercados. E o ProfiNet veio atender os usuários
e fabricantes no objetivo de se ter uma arquitetura aberta, interoperável,
distribuída, e unindo as vantagens do Profibus aos padrões
de IT, sem a necessidade da criação de um novo protocolo
de campo. O Profibus possui vários Profiles de aplicação
como o PROFIsafe, o Redundancy, o TimeStamp, o HART no Profibus
e ainda profiles específicos (PROFIdrive, PA Profile, Panel
Devices, Robots / NC, Encoders). Ou seja, seus perfis de aplicação
facilitam em muito projetos com produtos de diversos fabricantes
- interoperabilidade e intercambiabilidade-, além de contar
com o maior número de fornecedores de equipamentos
homologados e nós instalados (14 milhões).
Para Carlos Fernando Albuquerque, gerente de produto da Siemens,
a escolha da empresa em priorizar o Profibus e o sucesso da tecnologia
devem-se ao fato desse protocolo ser fácil de usar, muito
flexível e poderoso. Ele Permite, via perfil PROFIsafe,
por exemplo, tanto aplicações de sistemas instrumentados
de segurança descentralizados SIL 3 na área de processo,
como a de dispositivos de segurança de máquinas em
rede na área de manufatura. O Profibus permite, ainda,
projetos de automação completos com uma única
rede (remotas de I/O, CCMs inteligentes, instrumentação
de campo e relés de média tensão), reduzindo
necessidades de treinamento e peças de reposição,
em todos os segmentos industriais de processo e de manufatura.
Um outro atrativo é o fato do Profibus trabalhar com diversos
meios físicos diferentes - elétrico, ótico,
infravermelho-, facilitando a instalação no campo.
Carlos Fernando lembra que o Profibus possui funções
de diagnóstico da própria rede e do funcionamento
(operação) dos seus dispositivos, facilitando a implementação
de sistemas de Gerenciamento de Ativos, trabalhando com o padrão IEC
61804 (EDDL), além de permitir aplicações de
motion control com performance de 1 ms (modo isócrono). É
uma tecnologia que permite instalações simplificadas
e rápidas em áreas classificadas, pelo uso do meio
físico IEC 61158-2 (Profibus PA, energia e comunicação
a 2 fios) e RS-485 iS e ainda redundância de meio físico
de maneira simples, o que é fundamental para aplicações
críticas, diz Carlos Fernando, lembrando que o Profibus
permite aplicações híbridas termo que
se consagrou para fábricas com seqüências combinadas
de produção.
Não há mais espaço para caixas pretas. Os usuários
de automação buscam transparência e abertura
totais. Querem ferramentas que confiram maior flexibilidade, maior
controle, mais informação e lugares onde armazená-la.
Querem, enfim, liberdade para escolher o melhor para cada ponto
do processo: a tecnologia que aumente sua produtividade com
qualidade e segurança -, com menor custo, manutenção
fácil... Vale até fazer incursões por arquiteturas
que nem fazem parte do rol da automação, como o Linux,
mas que, aqui ou ali, dão resultados e ganham adeptos. E
não se pode esquecer do ZigBee, um consórcio de empresas
que está trabalhando num standard e nos chips de uma rede
de comunicação por radio de baixíssima potência,
partindo da IEEE 802.15.4. Nessa nova rede, os participantes devem
estar a vinte metros aproximadamente uns dos outros. Funciona de
forma semelhante a Blue Tooth, só que com mais baixa potência
e mais voltado para aplicações na área de automação.
Ao que parece, a versão inicial não satisfez mas há
uma equipe boa dedicada a isso.
Com a convergência de Tecnologia de Automação
com a Tecnologia de Informação, as opções
tendem a multiplicar-se, transformando a indústria
toda ela num campo fértil para a quebra de paradigmas
onde a única certeza é a de que estão na direção
das melhorias a liberdade e a excelência.
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