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A Imeko Confederação Internacional
de Medidas, que nasceu no antigo Leste europeu, realizou seu primeiro
congresso em 1952, na Hungria. Este ano acontece o décimo
oitavo encontro, pela primeira na América Latina, aqui no
Brasil. A Confederação tem buscado aproximar-se mais
das Américas e um grande passo foi trazer um dos maiores
eventos de metrologia com certeza o maior com enfoque técnico-científico
para o Rio de Janeiro.
A oportunidade para o Brasil é mostrar que a sua metrologia
é forte e está crescendo. Sediar e participar ativamente
desse grupo gera maior credibilidade de que se pode dar contribuições
importantes em diversas áreas da metrologia. Além
de ser uma ótima oportunidade de aprendermos sobre os avanços
da metrologia, comenta o Dr. Humberto Brandi, diretor de Metrologia
Científica e Industrial do Inmetro e presidente do XVIII
Congresso Mundial de Metrologia.
E essa credibilidade toma enormes proporções quando
se percebe que 80% do comércio internacional envolve metrologia,
padrões e normas! Muitas vezes a metrologia é usada
como barreira técnica, mas também é nela que
se buscam instrumentos para garantir conformidade com as normas
e padrões vigentes. Muitas vezes esses instrumentos de proteção
exigem a participação em Fóruns Internacionais
para referendar que se tem padrões compatíveis com
os internacionais. Para o Dr. Brandi, o Brasil precisa participar
mais desses fóruns e através da competência
apoiar a competitividade da indústria nacional que tem necessidade
de uma metrologia sofisticada, forte e presente.
O tema do Congresso é Metrologia para um Desenvolvimento
Sustentável e quem faz a palestra de abertura do Congresso
sobre o assunto é o diretor do Inmetro, a convite do Conselho
da Imeko. Pode não parecer pelo atual estado de degradação
do planeta mas a preocupação com o meio ambiente
começou nos anos 60, com discussões sobre os riscos
da degradação ambiental e, já em 1972 a ONU
promoveu uma Conferência sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo.
No mesmo ano, Dennis Meadows e os pesquisadores do chamado Clube
de Roma publicaram um estudo sobre os limites do crescimento, onde
afirmavam que, mantidos os níveis de industrialização,
poluição e exploração dos recursos naturais,
o limite de desenvolvimento da Terra seria atingido em cem anos.
Em 1987, a comissão da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(Unced), fechou o Our Common Future, mais conhecido como Relatório
Brundtland, que definia que desenvolvimento sustentável
é desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das futuras gerações
satisfazerem suas próprias necessidades. Ou seja, o
relatório amenizou as críticas à sociedade
industrial o que era forte nos documentos anteriores - e
essa passou a ser a definição oficial de desenvolvimento
sustentável.
Então, há quase duas décadas, busca-se utilizar
os três pilares do desenvolvimento sustentável
meio ambiente, economia e sociedade com cuidado. E a metrologia
está nisso desde a raiz porque está na base da definição
dos limites, na base das normas o que a sociedade deseja
, nas formas de controlar se os limites e normas estão
sendo seguidos através de avaliações
de conformidade. E seus instrumentos estão na base para melhorar
a vida de uma maneira geral, integrando os pilares do desenvolvimento
sustentável. Dois bons exemplos são o estabelecimento
da convenção do sistema métrico associar-se
ajuda a desenvolver competências metrológicas
e a monitoração do efeito estufa pelo qual
são responsáveis menos de 1% dos gases existentes
na atmosfera fundamental para a vida na Terra mas que pode
estar sendo gravemente afetado variação desta pequena
concentração de gases.
Ou seja, a metrologia e, consequentemente os Institutos que a sustentam
e aprimoram, devem ser compreendidos como importantes instrumentos
de desenvolvimento e de apoio da sociedade. Para que possamos
entender melhor o efeito estufa, responsável pelo aquecimento
global e fundamental para a existência da vida como conhecemos,
é necessário conhecer com mais precisão, e
detalhamento, dados sobre temperaturas dos oceanos, da atmosfera,
das florestas e da superfície terrestre. O que se tem hoje
são dados médios e o aprimoramento é fundamental.
Lembre-se que o efeito estufa, causado por menos de 1% dos gases
presentes na atmosfera é responsável pela elevação
da temperatura média da Terra de 20oC abaixo de zero, se
não houvesse efeito estufa, para 13oC. Sem efeito estufa
não heveria vida com a conhecemos. Portanto é importante
saber o que aconteceria com o aumento causado pelo homem da concentração
de gases responsáveis por esse efeito. As previsões
são de aumento de temperatura média de até
4,5oC nos próximos 100 anos com enormes impactos no meio
ambiente, na economia e nos aspectos sociais. Estas previsões
são baseadas em modelos não lineares que dependem
muito das condições iniciais; qualquer diferença
nos dados fornecidos para alimentar o modelo pode mudar o resultado
de forma dramática, comenta o Dr. Brandi, que acrescenta
que são necessários projetos globais, com incertezas
menores, capazes de fornecer dados melhores para a compreensão
dos diferentes aspectos do efeito estufa no aquecimento global.
Ainda segundo o diretor do Inmetro, além dos muitos instrumentos
de medição, existem novas áreas da ciência
e da tecnologia, como a nanotecnologia, que trazem novas necessidades
metrológicas, com necessidade de novos padrões. Então
parece claro que a importância da metrologia presente nos
mais diferentes aspectos de nossa vida cotidiana deve receber uma
atenção especial da sociedade e dos governos através
políticas de apoio de curto, médio e longo prazos.
O papel estratégico da metrologia demanda a existência
de um Instituto Nacional de Metrologia que seja estruturado para
apoiar ações que melhorem as condições
de vida do consumidor e ao mesmo tempo seja um instrumento de apoio
à competitividade da indústria nacional. Nesse caso,
a indústria produzirá melhores produtos, mais adequados
ao consumidor e mais bem recebidos no mercado internacional, gerando
mais exportações, mais arrecadação,
mais indústrias, mais empregos...
Ter um instituto metrológico de nível internacional
é também fruto de uma política de Estado que
valoriza o conhecimento e a educação em metrologia
como instrumentos fundamental de desenvolvimento sustentável.
A metrologia mais próxima da indústria
A Rede Metrológica foi criada para dar qualidade e confiabilidade
às medições, provendo a rastreabilidade necessária
ao cumprimento de normas e padrões internacionais. A pioneira
foi a Rede RS, fundada em 1992, para dar apoio técnico às
indústrias do Rio Grande do Sul, na área de metrologia,
por solicitação da Fiergs. A Rede Metrológica
RS é composta por um conjunto de laboratórios em universidades,
empresas e instituições governamentais com competência
técnica avaliada para prestar serviços de calibração
e ensaios. O mais interessante é que as Redes Metrológicas
Estaduais possuem instâncias técnicas e políticas
independentes.
No Rio de Janeiro, foi a Rede de Tecnologia que, fomentando a formação
de Redes Temáticas, criou o Rio Metrologia, uma rede composta
por 134 laboratórios, sendo 71 deles de calibração
e 63 de ensaios, além de outras 13 organizações,
tudo sob a coordenação do Instituto Nacional de Tecnologia.
E foi a Rio Metrologia que, em maio deste ano, divulgou o Perfil
de Atuação das Redes Metrológicas Estaduais,
um estudo coordenado pelo secretário executivo da Rede de
Tecnologia do Rio de Janeiro, Armando Augusto Clemente.
Pelo estudo, houve um acréscimo de 78% da Rede Metrológica
nos últimos quatro anos, sendo 55% dos laboratórios
associados são voltados exclusivamente para ensaios, 43%
voltados apenas para calibração e 2% realizam calibração
e ensaios. 47% dessa base é disponibilizada sem pagamento
de anuidades/mensalidades por parte dos associados! E a maioria
da Rede (69%) possui processo de avaliação de competência
técnica do laboratório segundo a ISO Guide 58.
A Rede Metrológica nacional é formada pelas redes
de Alagoas, da Bahia, do Ceará, do Espírito Santo,
de São Paulo, de Goiás, de Minas Gerais, do Pará,
do Paraná, da Paraíba, de Pernambuco, do Piauí,
do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Norte, do Rio Grande do Sul,
e de Santa Catarina. Uma das mais novas é a Rede Metrológica
de Alagoas - RMAL, criada em março de 2005, por iniciativa
conjunta do sistema FIEA/SENAI/IEL, SEBRAE-AL, Secretária
Executiva de Ciência e Tecnologia do Estado de Alagoas (SECT)
e Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e a comunidade Científica
e Tecnológica de Alagoas. A RMAL é uma ONG de cunho
Técnico-Científico, sem fins lucrativos, e tem como
foco a prestação de serviços qualificados para
o aprimoramento tecnológico das empresas de Alagoas. E quer
ser referência nacional como difusora, articuladora e promotora
da temática metrológica, pela excelência do
desempenho local, buscando construir a cadeia de conhecimento metrológico;
estimular a geração de conhecimento metrológico
afinado com a vocação local; articular e/ou capacitar
em competência estabelecida, profissionais e laboratórios
locais; fomentar a implantação de sistemas de qualidade
nos laboratórios da rede; viabilizar parcerias patrocinadoras;
estimular a criação de programas institucionais metrológicos;
captar recursos junto aos Fundos Nacionais; ter uma gestão
integrada, compartilhada pelos conselhos deliberativos; e reconhecer
competências técnicas de laboratórios no Estado
de Alagoas, através da colaboração de metrologistas,
professores, cientistas, e ministradores técnicos participantes
da RMAL.
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