Revista Controle & Instrumentação
Edição nº 116 2006
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¤ Cover Page
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| Usinas inteligentes |
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Em busca de melhora da qualidade, redução
de custo e aumento da segurança operacional, indústrias
de mineração e siderurgia programam inteligência
computacional e redes digitais no controle de processos.
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Melhora da qualidade, redução de custo
e aumento da segurança operacional. Como fazer com que os
processos ocorram exatamente da forma programada, especialmente
num segmento que já possui alto grau de automação?
O desafio abre espaço para a introdução de
inteligência computacional englobando inteligência
artificial, redes neurais, Lógica Fuzzy, algoritmos genéticos
e outras meta-heurísticas no controle dos processos
siderúrgicos. Como desafios para a automação,
ainda considero a utilização da Inteligência
Computacional como sendo uma área que trará grandes
ganhos para o nosso setor, avalia o vice-Diretor da Divisão
de Automação e TI da Associação Brasileira
de Metalurgia, Sérgio de Souza Mendes.
Bons resultados apresentados pelas indústrias siderúrgicas
já experimentam algumas aplicações desta tecnologia
como rede neural , avalizam o investimento na área
e também na formação de mão-de-obra
para atender a demanda do setor. Atualmente estamos percebendo
que o assunto já está dominando os seminários
de metalurgia na Europa e China, com apresentação
de vários trabalhos utilizando e fazendo uso do resultado
proporcionado pela tecnologia, conta Sérgio de Souza
Mendes.
A indústria siderúrgica nacional já coloca
esse assunto em seus Planos Diretores de Automação
caso da Acesita e da Caraíba. Conceitos de Lógica
Fuzzy foram adotados no sistema para adição de fluoreto
de alumínio em fornos de redução da Albras
devido a ausência de um modelo dinâmico do processo
de adição na cuba eletrolítica. A estratégia
atende aos objetivos, agregando ao valor de saída as intervenções
ou modificações realizadas pelo técnico de
processo sobre o valor sugerido pelo sistema convencional.
O gerente de automação da Acesita, Cristiano de Castro
Santa Rosa, explica que a empresa já emprega sistemas de
automação em toda a cadeia produtiva, mas que podem
ser ainda aperfeiçoados. Estamos partindo para análise
de aplicações de inteligência artificial, com
aplicações já testadas no próprio mercado
brasileiro.
Sergio Mendes elenca ainda, como fronteira tecnológica dos
processos, a identificação e controle on-line de não-conformidades,
busca contínua da redução de defeitos em cada
etapa do processo produtivo, e otimização de processos
reduzindo custos, aumento de qualidade com produtos de maior valor
agregado e maximizando rendimentos. Na CST, por exemplo, o
sistema de inspeção on-line de defeitos superficiais
de tiras a quente tem se apresentado como uma ferramenta fundamental
no auxílio a operação do laminador que
não funciona em caso de indisponibilidade do sistema.
Mas inteligência artificial deve ser adotada apenas em aplicações
específicas. Em primeiro lugar, é necessário
desenvolver um conceito em torno do processo, para saber se exige
ou não inteligência artificial, conta Carlos
Roberto Trindade, gerente da Área de Manutenção
da Alunorte.
Trindade sugere, para casos em que o modelamento matemático
é extremamente complexo, com uma enorme quantidade de variáveis,
fazer o controle baseado em reconhecimento de padrão
sendo possível colocar comportamentos de operação
ideais. A adoção de Lógica Fuzzy pode ser uma
boa opção para controles repetitivos, como clamp shell
de descarregador de navios as rotas podem ser otimizadas
com a metodologia.
Dentro de um digestor talvez não seja necessário
fazer inteligência artificial. Nesse caso, cabe o modelamento
matemático, porque temos as principais variáveis bem
conhecidas.
São as demandas do mercado que determinam o ritmo das inovações
isso considerando que o foco deve estar no core business:
a eficiência operacional na produção de aço,
com aumento da competitividade e diminuição do impacto
ambiental.
E nada de cair novamente nas soluções apresentadas
por pacoteiros que ofereceram caixas-pretas.O
trabalho envolve uma integração maior entre os técnicos
envolvidos no processo e os fornecedores de tecnologia. O
grande desafio é o entendimento das reais necessidades de
produção, ressalta Cristiano Santa Rosa.
A Alunorte desenvolve os projetos de automação
em ações conjuntas com a ABB. Isso é bem mais
eficiente porque nós temos a tecnologia operacional e a ABB
tem o know how de como fazer os equipamentos.
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| Acesita: em busca de integrações
menos complexas |
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A Acesita tem um ambicioso plano
para atualizar, em três anos, toda a unidade fabril instalada
em Timóteo / MG. O Plano Diretor de Automação
prevê a migração dos processos para configurações
mais integradas e limpas ou com menos interfaces.
Sair do nível de sensores e atuadores e chegar até
o plano de produção, numa agilidade e numa flexibilidade
maior, é perfeitamente possível. Trata-se de um trabalho
muito grande na compreensão das necessidades e simplificação
das configurações, explica o gerente de automação
da Acesita, Cristiano de Castro Santa Rosa.
O engenheiro explica que a empresa já emprega sistemas de automação
em toda a cadeia produtiva. Mas há espaços para a introdução
de novas tecnologias da informação, modelamentos matemáticos,
inteligência artificial, e de integração da cadeia
produtiva. Estamos partindo para análise de aplicações
de inteligência artificial, com aplicações já
testadas no próprio mercado brasileiro.
Única produtora integrada de aços inoxidáveis
e siliciosos na América Latina, dentro da Acesita são
seis as principais fábricas dentro da unidade industrial: altos
fornos, aciaria carbono / silício, aciaria inox, laminação
de tiras a quente, laminação inox e laminação
silício. Nesse processo de transformação de minério
de ferro em bobinas e chapas de aço, os ganhos estão
diretamente relacionados à produção e à
produtividade porque os preços da matéria-prima
seguem cotação de mercado internacional. Isso significa
um campo fértil à aplicação das tecnologias
de automação.
A atual capacidade instalada da Acesita é de 900 mil toneladas/ano
a produção cresceu desde a criação
da empresa, mas a modernização do controle do processo
esteve, durante uma década, limitada ao que permitia a reserva
de mercado imposta à informática.
As indústrias concentraram os trabalhos na digitalização
de variáveis analógicas e discretas transformando
aqueles painéis antigos, que tinham a instrumentação
convencional, em uma leitura através de telas de interface
homem-máquina. Pouco avançou no ponto principal, que
era mudar o comportamento da planta, produzindo mais e com melhor
qualidade, explica Cristiano Santa Rosa.
Se o período de reserva de mercado retardou a evolução
tecnológica, por outro lado formou bons profissionais, que
foram impostos a tirar o máximo de configurações
limitadas. O desafio agora é reconquistar esse tempo
e utilizar a automação como ferramenta para obter ganhos
de produtividade. E nada de cair novamente nas soluções
fechadas, ou as chamadas caixas-pretas já
que a integração e domínio das aplicações
são necessárias para garantir a independência
operacional dos sistemas.
O trabalho envolve uma integração maior entre os técnicos
envolvidos no processo e os fornecedores de tecnologia. O grande
desafio da equipe de automação é a mudança
comportamental, passando a se preocupar com o entendimento das reais
necessidades da produção, ressalta.
O gerente de Automação da Acesita explica que, diante
da diversidade de softwares e hardwares disponíveis no mercado,
a interação com a área produtiva é fundamental
para se conhecer as reais necessidades. E tentar fazer uma implantação
com o mínimo de colcha de retalhos, de forma simples
e menos onerosa.
Uma pulverização de tipos de equipamentos e softwares
de diversos fabricantes pode até garantir uma competição
maior, mas gera para a Acesita um volume grande de peças de
reposição o que onera o capital imobilizado com
sobressalentes e complexidade de interligação
entre sistemas que em grande parte trabalham com software proprietário.
Temos que pensar muito bem na configuração, para
não engessar o fornecimento, e muito menos engessar a própria
criatividade de cada fornecedor naquele processo a ser controlado.
O importante é focar o processo a ser controlado: não
compramos hardware e software, compramos uma aplicação.
Hardware e software são apenas ferramentas, avalia o
engenheiro.
A configuração estabelecida para as fábricas
segue uma estrutura típica: os sistemas de aquisição
de dados são baseados em CLP, que sempre se mostram mais adequados
para tratar variáveis discretas predominantes nos processos
siderúrgicos.
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| Cristiano Santa Rosa: o Plano é um
direcionador, sem engessar as necessidades específicas
de cada processo. |
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Acima estão os sistemas supervisórios,
modelamentos matemáticos, sistemas de otimização,
a camada PIMS e um servidor de área duplicado os RTDS
(real time data sistems) que pega os equipamentos isoladamente
e faz uma integração de fábrica. Toda a estrutura
está ligada ao Planejamento e Controle da Produção
fora do real time.
Logicamente cada área passa por uma avaliação
detalhada, para se adaptar o existente ao pretendido, pois o Plano
é um direcionador, sem engessar as necessidades específicas
de cada processo.
A instrumentação de campo a cargo da área
de manutenção segue o caminho da digitalização.
A partir do momento em que você coloca um dado compatível
com quem vai tratar uma informação de forma digital,
não faz sentido ficar usando instrumentos que não permitam
esta compatibilidade, comenta.
O Centro de Energia como é chamada a área de
utilidades já utiliza comunicação fieldbus.
Isso porque nessa área a instrumentação está,
geograficamente, mais dispersa e a opção se mostra
menos dispendiosa. Nas fábricas, o padrão de comunicação
é a rede Ethernet com redundância e comunicação
em anel. Essa tendência de segurança de comunicação
já temos estabelecido no Plano Diretor, ressalta Cristiano.
Dentro das fábricas, cada equipamento produtivo é um
demandador de otimização e de modelamento matemático
que num processo siderúrgico é bastante diversificado,
co-existindo técnicas igualmente diversificadas. E o pessoal
da área de automação da Acesita acumulou um know
how significativo, bem como soluções criativas para
processos diversificados.
O cronograma de implantações dos projetos será
ditado pela demanda das fábricas. A próxima modernização,
já em fase de detalhamento, será o repotenciamento da
Laminação de Silício o fornecimento ficará
a cargo da ABB. Em fase de concorrência está a implantação
do PIMS em toda a usina e Atualização do sistema de
supervisão do Lingotamento Contínuo 1. Outros projetos
são a complementação do Centro de Utilidades
em fase de especificação e a atualização
do sistema de supervisão das Aciarias em estudo de viabilidade.
Apesar de existir um Plano Diretor de Automação,
os investimentos são priorizados mais em função
do mercado. De acordo com a disponibilização de investimentos,
vamos caminhando para, num prazo estimado de três anos, ter
a fábrica toda atualizada tecnologicamente, finaliza
o engenheiro.
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| Alunorte: o campo inteligente |
Alunorte: 1360 instrumentos Fieldbus Foundation
instalados
nas linhas 4 e 5 |
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1360 instrumentos de campo com tecnologia
fieldbus trata-se da maior aplicação com a tecnologia
de comunicação digital já registrado numa indústria
de mineração no Brasil. Estamos falando da Alunorte
refinaria de alumina que passou a utilizar instrumentação
em Fieldbus Foundation nas linhas 4 e 5.
Se tenho duas opções pelo mesmo preço,
escolho a de melhor qualidade. Não vou ficar com uma tecnologia
ultrapassada, mesmo que isso represente um desafio enorme em nível
operacional, explica o gerente da Área de Manutenção
da Alunorte, Carlos Roberto Trindade.
E coloque desafio nisso. Tivemos receio do impacto que isso
traria, mas até agora as pessoas têm se adaptado de uma
forma rápida, observa Trindade.
A Alunorte produz alumina matéria-prima para a produção
do alumínio a partir do refinamento da bauxita. Com
o investimento em duas novas linhas de produção na planta
localizada em Barcarena / PA, a empresa elevou a capacidade de produção
para 4,4 milhões de toneladas por ano. O projeto de expansão
foi concluído em três anos e totalizou investimentos
de aproximadamente R$ 2 bilhões.
No processamento da alumina, o desafio da operação é
aumentar o desempenho industrial já que os preços
das commodities seguem cotação internacional. E
se você não tiver um sistema robusto e confiável,
não opera a planta, explica o engenheiro da Alunorte.
Tanto as linhas 4 e 5 como as linhas anteriores 1 e 2, do projeto
original, e 3, da primeira expansão tiveram tecnologia
de automação fornecida pela ABB. A diferença
é a adoção da comunicação digital
até então os instrumentos eram baseados na tecnologia
analógica 4~20 mA. Devemos instalar mais 250 instrumentos
e seis controladores na fase II dessa segunda expansão, com
uma desaguadroa e duas caldeiras e um sistema de manuseio de carvão
na Área de Utilidades, adianta o engenheiro de projetos
da ABB, Luiz Carlos Simões.
Ganhos
A instalação de instrumentos com a tecnologia Fieldbus
Foundation prepara a Alunorte para obter informações
úteis não só para o controle de processos, mas
também para a Área de Manutenção. Trindade
explica que não seria possível fazer um gerenciamento
de ativos sem conhecer detalhes operacionais que não são
identificados por instrumentos tradicionais.
Um exemplo de informação útil que poderá
ser medida a partir de agora é o consumo de energia elétrica
individual dos instrumentos: com relés inteligentes, o cálculo
passa a ser mais apurado, e os técnicos reúnem subsídios
para gerenciar de uma forma melhor os ativos. O gerenciamento
de ativos nos dá uma cobertura maior para a gestão de
todos os equipamentos e máquinas, performando um gerenciamento
maior dos custos. Muitas vezes o técnico de manutenção
sabe se os equipamentos vão bem ou não só ao
final do mês com o gerenciamento de ativos, ele tem condição
de, em tempo real, saber como está a performance, e agir preventivamente,
avalia Trindade.
Por enquanto, a implantação de programas para gerenciamento
de ativos são projetos dentro da Alunorte. Mas a empresa já
começa a mensurar os resultados da implantação
do fieldbus. Só a economia com fiação já
seria um ganho: enquanto na tecnologia 4~20 mA seria necessário
um fio para cada equipamento, no fieldbus todos os equipamentos são
instalados em uma rede.
O Foundation Fieldbus também permite fazer loops no próprio
campo uma válvula, por exemplo, pode conter um bloco
PID. A Alunorte, por enquanto, preferiu usar os loops no controlador
e ao passo em que a tecnologia for sendo dominada, poderá
tentar resolver no campo algumas malhas mais simples, e com isso liberar
controlador.
Um ganho foi a redução do tempo gasto com o comissionamento
da planta que começou em novembro do ano passado e já
via a primeira linha partir em janeiro deste ano. Caso os instrumentos
operassem em comunicação 4~20 mA, o tempo de comissionamento
da planta aumentaria em cerca de quatro semanas.
Grande parte do tempo de comissionamento é gasto checando
as ligações e cabos e isso é um custo
que não é traduzido apenas em metros de cabos a mais,
mas também em mão de obra e engenharia. Comparando a
composição de custos da tecnologia padrão com
a tecnologia fieldbus, no mínimo há um empate, mas os
benefícios são bem menores, porque não podemos
obter mais informações do processo além daquelas
variáveis.
No campo, além dos 1360 instrumentos em Fieldbus Foundation,
o sistema comporta mais 1.250 equipamentos em Profibus e 100 instrumentos
em 4~20mA. Todos ligados a 13 controladores AC800m da ABB. A empresa
também forneceu as estações de operação,
os sistemas de servidores e os link device que fazem a interface
entre o nível HSE (controlador) e o nível H1 (instrumentação).
Do lado do controlador, o HSE opera em 100 mbites, e o H1 é
31.25 kbites. Então um dispositivo para fazer esse link entre
os dois níveis é uma das peças-chave, explica
Luiz Carlos Simões.
Os instrumentos são divididos em seis sub-redes HSE, cada uma
contendo entre 300 e 400 instrumentos. Até 32 instrumentos
estão conectados em quatro troncos H1 a norma permite
até 16 instrumentos, mas o consenso dos técnicos decidiu
por instalar oito por tronco. Em cada switch há até
dez link devices.
Uma conexão vai para o controlador AC800M, enquanto outra conexão
segue para o servidor OPC Server FF. Tanto o servidor quanto o controlador
estão interligados com o nível de operação.
O controlador pega as variáveis de processo (comunicação
cíclica) e faz todo o controle as malhas de controle
estão nessa área. E pelo OPC (comunicação
acíclica), o operador tem acesso ao diagnóstico e configuração.
No nível 2 estão as estações de operação
para controle foi instalado o sistema híbrido 800xA,
também da ABB. Toda a supervisão de processo de produção
está dentro das aplicações do PI a base
de dados que detém os relatórios de acompanhamento e
de laboratório. Há também, no nível 3,
o APC e o KM que tem função de interface entre
a rede de dados de controle e os aplicativos mais periféricos.
As consolidações daqui saem para o ERP a Alunorte
utiliza da Oracle que está acima desse conjunto.
A configuração dos instrumentos é feita em uma
estação de engenharia instalada na sala de controle.
A estação de engenharia tem aplicativos específicos
que se comunicam diretamente com o instrumento FF. O operador consegue
interagir com os instrumentos, abrir terminais e configurar completamente
qualquer instrumento, explica Simões.
O Profibus ainda limita essa operação. Para configurar
os CCM, o instrumentista precisa ir às salas com um notebook.
Para fazer com o Profibus o que fazemos com o Fieldbus, seria
necessário segregar a rede em dois masters. Por outro lado,
não conheço outra rede que seja tão segura, em
nível de confiabilidade, do que o Profibus, compara Trindade.
Trindade explica que o Fieldbus Foundation foi escolhido por ser mais
dedicado para instrumentação de campo a tecnologia
permite, por exemplo, fazer loops no próprio campo. Trata-se
de uma tecnologia que tem todas as propriedades para ocupar o lugar
da instrumentação. O Profibus já existe há
muito tempo, é mais indicado para controle de motores e equipamentos
de conversão.
Tanto é que em todas as salas de CCM foi adotada comunicação
digital Profibus com as remotas, inversores, CCM, PLCs e IHMs.
Essa configuração ainda deu espaço para cerca
de 100 instrumentos de comunicação 4~20mA os
que ainda não tinham opção fieldbus disponível,
ou para processos que poderiam ser impactados por problemas de tráfego
de informações. É o caso dos filtros de desaguamento,
que têm um processo de batelada extremamente rápido
o equipamento trabalha com uma câmara a vácuo e exige
sincronismo das válvulas de entrada e saída.
Para a comunicação analógica, em que a ciclicidade
está programada no controlador, o tempo de atraso entre a emissão
da ordem e a atuação da remota é conhecido, e
não depende de tráfego. Aquele tempo estando bem
controlado, e conhecendo quais são os limites, dá uma
maior segurança ao processo. Na rede fieldbus podemos ter problemas
de tráfego que podem impactar no processo. Não é
uma simples medição de variáveis, que podem independer
de um tempo real perfeito para o controle, explica o engenheiro
da Alunorte.
A tecnologia fieldbus até que poderia superar esses embaraços
mas como ainda não foi certificada em outras aplicações,
os projetistas não sentiram a segurança suficiente,
e preferiram não arriscar. É uma tecnologia que
não dominamos, então decidimos fazer a automação
mais tradicional, para evitar que esse seja um problema de garantia
de performance operacional. |
| Sala de Controle da Alunorte |
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Integração
Para evitar contratempos, o processo de engenharia e implantação
iniciou o comissionamento na unidade da ABB, em São Paulo.
Quando os equipamentos seguiram para Barcarena, já tinham praticamente
todas as questões resolvidas, necessitando apenas de ajustes
no campo. Quando o sistema de automação chega
da fábrica, as telas já estão todas aprovadas
pela operação, e todos os controles testados. É
só uma questão de montar e configurar, e esperar que
a planta parta para fazer o comissionamento. Se fôssemos deixar
para certificar telas e controles durante o comissionamento, não
saberíamos distinguir o que era comissionamento e o que era
reparo, comenta o gerente da Alunorte.
Andrés Sancho, gerente de Desenvolvimento de Negócios
da ABB, cita ainda como vantagem a integração entre
a fornecedora do sistema e os fabricantes dos instrumentos. Houve
uma integração: abrimos as portas para alguns concorrentes,
para fazer todos os testes aqui na fábrica antes de os equipamentos
seguirem para a Alunorte. Isso foi um ponto fundamental para o sucesso
do projeto, porque deu a confiança necessária para o
pessoal da Alunorte, que não teria grandes problemas no comissionamento
e start-up.
Primeiro trouxemos engenheiros da Alemanha e da Índia
para fazer a integração básica dos dispositivos.
Em paralelo, a Alunorte enviou um modelo de cada instrumento para
a ABB na Índia, para fazermos a integração com
o sistema. Hoje, cada um desses instrumentos utilizados faz parte
da biblioteca do 800xA, e podem ser usados em qualquer instalação
no mundo, completa Luiz Carlos Simões.
A etapa mais crítica, na opinião de Trindade, foi a
estratégia. Porque era necessário fazer um bom desenho
conceitual e tomar as decisões corretas. Uma vez tomada
a decisão errada, não teríamos como remediar.
Depois de vários milhões de dólares gastos com
equipamentos moldados especificamente para aquilo que foi planejado,
não poderíamos mudar a idéia. Por isso o planejamento
é fundamental você tem que ter uma segurança
muito grande na decisão que você vai tomar.
Os próximos passos já estão definidos: em setembro
estará operacional a fase II dessa expansão, com ampliação
da Área de Utilidades com duas caldeiras e um sistema
de manuseio de carvão e uma desaguadora que passará
a operar quando o mineroduto estiver trazendo bauxita de uma outra
fonte fornecedora de matérias-primas. Contabilizando, serão
mais 250 instrumentos e seis controladores.
A partir de 2008, a Alunorte contará com mais duas linhas de
produção essa terceira expansão, que deve
ter suas obras iniciadas já no segundo semestre de 2006, seguirá
a mesma estratégia de automação com fornecimento
já acertado com a ABB. Temos um frame agreement com a
ABB já desde a primeira expansão. Não compramos
pacote, mas fazemos os projetos de automação em ações
conjuntas. Isso é bem mais eficiente porque nós temos
a tecnologia operacional e a ABB tem o know how de como fazer os equipamentos,
finaliza Trindade. |
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