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A Cteep (Companhia de Transmissão de Energia
Elétrica Paulista) iniciou o projeto de atualização
tecnológica dos quatro Centros de Operação
do Sistema (COS). Esta modernização prepara o sistema
computacional de aquisição de dados em tempo real
da empresa para o atendimento do crescimento do número de
consumidores do Estado de São Paulo. No comando das ações
operacionais está o COS de Bom Jardim, localizado no município
de Jundiaí, que centraliza as informações obtidas
com os CROs - Centros Regionais de Operação da Companhia,
instalados em Bauru, Cabreúva e São Paulo/Capital.
Interligados por canais de 2 Mbps, os Centros coordenam, supervisionam
e controlam toda a operação do sistema de transmissão
de energia elétrica no Estado de São Paulo.
De acordo com o Gerente da Divisão de Supervisão e
Automação da Cteep, Paulo Roberto Pedroso de Oliveira,
o sistema atual tem uma limitação para supervisionar
50 mil pontos de informações em subestações
de energia - posição de seccionadoras, disjuntores,
medições tensão (KV), corrente (A) e potencia
(KW) - e a tendência para os próximos dois anos é
um crescimento para 70 mil pontos. Devido ao aumento de consumidores
no Estado de São Paulo, vamos expandir a capacidade de controle
do sistema dos 70 mil pontos, chegando a 100 mil pontos em cinco
anos, afirma Oliveira.
Diante das novas necessidades do setor e dos avanços tecnológicos,
a Companhia tem planos decenais estruturados para atualização
do parque computacional da empresa. O gerente da Cteep diz que a
tecnologia de informática vem sendo atualizada com bastante
rapidez em todos os campos e no setor elétrico não
é diferente. Os computadores se tornam mais rápido,
mais baratos, consomem menos energia e precisam de menos ar condicionado.
É uma evolução normal da tecnologia da informação.
Outro motivo da atualização do sistema do COS é
o aumento do banco de dados informacional e a inviabilidade de transmitir
este conteúdo ao Centro Nacional de Operação
de Sistema, localizado em Brasília. Temos a necessidade
de atender a demanda deste centro, para o qual o nosso atual sistema
não está preparado, revela Paulo Roberto.
O projeto de atualização abrange os sistemas de hardware
e software dos quatro centros de operações. Atualmente
a Cteep utiliza computadores 64 bits Risk da Digital/Compaq, que
possuem processadores da linha ALPHA, com custo aproximado de US$
300 mil. O projeto substituirá estes computadores por um
novo sistema, também de 64 bits, porém com um custo
de 1/5 do preço. Com esta evolução e
queda nos preços, programamos a troca em tempos determinados.
É mais vantajosa a substituição que realizar
uma manutenção no atual, comenta Oliveira.
Para a manutenção da IHM, o software gráfico
do sistema atual possui as limitações naturais de
um produto da década de 1990, que para a tecnologia de informação,
é uma data muito distante. Isto resulta em uma atividade
mais trabalhosa para equipe de manutenção, se comparados
aos softwares atuais. De acordo com o gerente de automação,
estas ferramentas para a criação de telas e unifilares
não são amigáveis. As necessidades dos
operadores do sistema, na sala de comando, são dinâmicas.
Se você tem uma interface de difícil operação,
a consequência será um atendimento menos versátil.
Com este novo sistema, SAGE - Sistema Aberto de Gerenciamento de
Energia, produto originário do Cepel Centro de Pesquisas
de Energia Elétrica, a agilidade será maior, portanto,
as ações mais produtivas.
A opção da Cteep foi adquirir somente com a função
Scada e com a versão para o Sistema Operacional Linux, com
todas as vantagens de Sistema Operacional Aberto, onde se tem o
acesso ao código, seguindo uma tendência mundial.
Ele afirma ainda que, para a modernização do parque
tecnológico a empresa realiza licitações com
as principais fornecedoras de equipamentos do setor elétrico.
Entre os principais fornecedores nacionais da Cteep estão
empresas como STD, Elipse, Altus, BCM e multinacionais como ABB,
Siemens e Alstom.
Centro de Operações ligado 24 horas por dia
A Cteep opera 102 subestações distribuídas
pelo Estado de São Paulo e em cada uma existe uma Unidade
Terminal Remota ligada - através de um canal de comunicação
- com o Centro de Operação do Sistema de Bom Jardim.
Temos, então, 102 locais de aquisição
de dados. Essas informações vão para o Centro
de Operação do Sistema por meio de canais de comunicação,
onde são tratadas e disponibilizadas no Sistema de Supervisão
e Controle, diz o gerente de automação.
Durante 24 horas por dia e em tempo real, os operadores recebem
e analisam essas informações. Uma das funções
do sistema de supervisão e controle é fazer o CAG
- Controle Automático de Geração. O parque
eletroenergético, que alimenta o Estado de São Paulo,
deve gerar a mesma quantidade de energia que está sendo consumida,
explica Oliveira. Excesso ou falta de geração
determinam variações nas tensões de alimentação
dos consumidores, expondo-os a possíveis danos. No sistema
elétrico brasileiro, onde predomina a geração
hídrica, a energia é armazenada nos reservatórios
das usinas, através dos grandes volumes de água,
explica.
As informações são captadas nas Subestações
por UTRs - Unidades Terminais Remotas e através do sistema
de rádio comunicação privativo da CTEEP, que
cobre todo estado de São Paulo, é transmitido aos
Centros de Operação. São utilizados os protocolos
de comunicação, típicos do Setor Elétrico,
IEC 870 e DNP3. Estas informações são armazenadas
em Bancos de Dados. Através de links de 256 Kbps, alugados
das concessionárias públicas de telecomunicações
(Telefônica e Embratel), e através do protocolo ICCP
InterCenter Communication Protocol, as informações
são disponibilizadas no CNOS Centro Nacional de Operação
do Sistema, em Brasília. Todo este aparato consiste num Sistema
Digital de Controle Distribuído, termo mais aplicado ao setor
industrial. Na linguagem do setor elétrico, temos o SCADA-EMS
Supervisory Control and Data Acquisition - Energy Mangement System.
Subestações de energia serão automatizadas
A Cteep iniciou o projeto de automação das subestações
de transmissão de energia. Atualmente o controle das subestações
é feito via painéis convencionais, mas a Companhia
pretende convergir todas estas operações para IHMs
baseados em computadores.
De acordo com o gerente de Automação, Paulo Roberto
Pedroso de Oliveira, a digitalização das subestações
proporcionará uma maior flexibilidade para o operador. Com
esta modernização, todos os comandos estarão
no computador, na mesa do operador, evitando constantes deslocamentos
dentro da subestação, para realizar comandos em vários
pontos. Esta característica tem importância vital,
quando de grandes perturbações no sistema elétrico,
onde ocorrem interrupções de fornecimento aos consumidores.
Consegue-se uma maior eficiência na recomposição
do sistema.
Das 102 subestações da Companhia, duas já estão
totalmente automatizadas, pois são de construção
recente, onde foram adotados os modernos conceitos de automação,
disponibilizados nos últimos anos. Oliveira afirma que quinze
subestações estão na reta final de modernização,
em outras quatro instalações será feito um
remodelamento completo dentro dos próximos cinco anos. O
restante está em processo de modernização.
Nós estaremos com uma parte significativa das subestações
modernizadas, mais de 30%, em cinco anos. Este processo tem um ritmo
próprio, pela própria natureza do sistema, que atende
a população e não permite desligamentos constantes.
O conceito da automação permite a universalização
do uso de energia elétrica. Permite que se transmita energia
em grandes blocos, com total controle. A automação
no setor é imprescindível para manter a estabilidade
do fluxo de energia, onde uma função importantíssima
é o já citado, controle automático de
geração. Só um computador consegue executar
as operações na velocidade e precisão necessárias
ao fluxo seguro da energia.
Ele explica que mesmo tendo a máquina controlando as operações,
o ser humano continuará sendo muito importante nas principais
subestações para supervisionar seu funcionamento e
também deve dispor de mais recursos para executar esta supervisão.
Na subestação de Bom Jardim, que alimenta a
região de Jundiaí, por exemplo, o operador sempre
será essencial ao processo. Porém numa subestação
isolada no meio da Serra do Mar, de menor porte, onde o acesso é
difícil e demorado, a operação remota é
mais indicada, explica o engenheiro.
Automação da Usina Ponte de Pedra garante confiabilidade
e alta disponibilidade de informações
A automação das operações da Usina Hidrelétrica
Ponte de Pedra proporcionou um funcionamento seguro, eficiente e
com alta disponibilidade de informações. Trata-se
de um projeto inovador, do ponto de vista de construção
civil, onde a automação teve de corresponder,
avalia o engenheiro Gilson Strasbach, da Arteche, empresa responsável
pelo fornecimento do sistema de Automação, Controle
e Proteção à Usina.
A Arteche desenvolveu para o complexo da usina um sistema Digital
de Supervisão e Controle, que abrange o Centro de Operação,
Quadros de Controle Principal e Retaguarda, Quadros de Sincronismo
e de Parada de Emergência, Sistema de Alimentação
Ininterrupta e Redes de Fibra Óptica e de GPS. Todos de fabricação
GE Fanuc.
A Usina Ponte de Pedra, localizada no Rio Correntes - na divisa
entre os Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul entrou em operação
para combater o déficit energético da região
Centro-Oeste do país. A usina que foi considerada pelo Governo
Federal de importância estratégica, tem potência
instalada de 176 megawatts ou 1.152.816 MWh/ano de energia assegurada.
O Sistema Digital de Supervisão e Controle abrange, aproximadamente,
5 mil pontos e as informações captadas são
transmitidas por uma rede de fibra óptica que interliga todos
os equipamentos de controle e supervisão.
Além do DSC da usina, a Arteche também forneceu o
Sistema de proteção das Unidades Geradoras e Subestação
(Principal e Alternada). Neste sentido, instalamos o Sistema
de medição de faturamento e Oscilografia (RDPs) e
os Sistemas Auxiliares Elétricos, explica Strasbach.
A casa de força, espécie de coração
da usina, com três turbinas-gerador de 58,7 MW está
localizada a 240 metros abaixo do nível do solo e recebe
a água a partir de um túnel de adução
de 10 quilômetros. Ao todo, o reservatório subterrâneo
tem 14,5 km² de área alagada, o que confere à
usina uma das melhores relações potência gerada
/ área alagada do Brasil.
Os três grupos de turbina-gerador geram a energia que
é evacuada por meio de circuitos de Barramentos Blindados
de Fases Isoladas de 13,8 kV - 3000, instalados em um poço
(shaft) vertical de 243,60 metros de altura e 7 metros de diâmetro,
que abriga também escadaria, elevador e cabos de força
e controle, resume Strasbach, ao reforçar a importância
da automatização da usina.
CPFL continuará com projeto de modernização
Em 2005 a CPFL investiu cerca de R$ 5 milhões em automação.
Este montante foi aplicado nos cinco Centros de Operação,
nas 218 subestações e na malha de rede de distribuição
da empresa. Com este projeto de modernização, houve
uma ampliação no escopo da automação,
estendendo seus benefícios para as redes de distribuição
em 15/25 KV.
Segundo o gerente de Engenharia e Planejamento de Rede da CPFL,
Paulo Ricardo Bombassaro, os projetos de automação
da Companhia são definidos a partir de diretrizes definidas
em planos plurianuais específicos. Para viabilizar
este projeto, consideramos os ativos de automação
em termos de desempenho, vida útil e depreciação
regulatória. Assim como, buscamos com ele melhores práticas
e tendências, objetivando uma visão de futuro da empresa.
Para isso utilizamos um plano de implementação, baseado
no Business Care, explica Bombassaro.
Os Centros de Operações operam entre outros instrumentos,
disjuntores e chaves, das 218 subestações via comando
remoto. Na última melhoria foram feitas integrações
dos relés de proteção às Unidades Terminais
Remotas (UTRs). Nas subestações utilizamos transdução
digital para os Centros de Operações, com capacidade
de captura de oscilografia e qualidade de energia, complementa
Bombassaro.
Com a automação das redes de distribuição,
a Companhia consegue supervisionar e controlar, em tempo real, 600
chaves a óleo ou religadores na rede primária de distribuição.
Para comunicação da rede com os centros de operação,
a empresa utiliza UTRs de postes ligados a rede digital de dados
GPRS de operadora de telefonia celular, o que propicia conexão
IP permanente dos pontos através de uma VPN wireless.
De acordo com o gerente, a empresa vai continuar com os projetos
de acesso e monitoramento remoto de todo o sistema. Já
testamos uma solução de mercado referente às
imagens para monitoramento de segurança (surveillance) e
de integridade dos ativos elétricos, incluindo termo-visão.
Este ano, temos como meta continuar a prospecção de
acesso remoto e iniciar a implantação nas subestações,
revela.
Bombassaro afirma ainda, que a CPFL está alinhada tecnologicamente
com o que há de mais moderno em termos globais. Atualmente,
nosso sistema baseia-se em plataforma totalmente aberta, com microcomputadores
de mercado com processadores Intel, sistema operacional Windows
e banco de dados Oracle. As soluções implantadas permitem
que sejam facilmente configurados automatismos no nível das
SÉS (subestações) ou dos Centros de Operação,
com ganhos substantivos à operação do sistema.
Para garantir essa atualização tecnológica,
a CPFL realiza, sistematicamente, workshops de visão de futuro
com os principais fabricantes de soluções de automação
e telecomunicação.
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