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Building não é uma coisa nova no Brasil mas nunca foi bem explorada,
fazendo render todo o seu potencial, ao contrário, foi e em muitos
casos ainda é tratada apenas por suas vertentes — utilidades, ar
condicionado e segurança. Quando a automação predial parte de um
projeto novo, fica mais fácil implantá-la e visualizar seu retorno;
quando acontece no meio do caminho, as instalações se complicam
e encarecem, alongando o tempo de retorno e desestimulando o empreendedor.
A unidade SBT – Siemens Building Technology — que nasceu em 1998,
com a aquisição do Grupo Eletrovat — possui três divisões que atendem
as diferentes vertentes da building: incêndio, segurança & automação
e monitoração & alarmes. “No final das contas, nossa abordagem é
conseguir oferecer isso de forma integrada porque acreditamos que
a solução para esses setores é pobre isoladamente, mas tem retorno
interessante se trabalhada de forma integrada. Mas especialidades
existem e facilitam a abordagem”, comenta o engenheiro Lucas Blanco,
gerente da divisão de segurança e automação da SBT, cuja operação
é global, corporativa e integrada.
Em países como os EUA e mesmo na Europa, os provedores de automação
são chamados pelos empreendedores para fazer a proposição da automação
logo no início do projeto e até fiscalizar o andamento das obras;
por aqui ainda existe um descompasso muito grande, não apenas em
building embora isso esteja começando a mudar através dos empreendedores
que passaram por dificuldades de implantação de inteligência em
seus projetos e acabaram sentindo a necessidade do acompanhamento
desde o início, trabalhando em conjunto, para obter o retorno máximo.
Segundo Lucas, ter retorno mensurável com building ainda é uma abordagem
nova, sentida e divulgada por quem toma contato com empreendimentos
inteligentes. Já os investimentos são sabidamente pesados. Em porcentagem,
num projeto novo, a automação toma de 1% a 2,5% do valor total do
investimento; num retroffiting, isso pode chegar a 3,5% facilmente.
Esses valores são para uma predial completa, incluindo a automação,
incêndio e segurança – não para automatizar apenas uma ou outra
parte de um site, ainda que se possa fazê-lo. Mas, aí, segundo os
experts, não seria mais o conceito de prédio inteligente de padrão
mundial, que inclui o conforto, a segurança e a redução do consumo
de energia – com cuidados ambientais e não-perdas de segurança.
“As várias economias internas, se contabilizadas, mostram claramente
que vale a pena. Um bom sistema de detecção de incêndio, por exemplo,
que não permita propagação e combata efetivamente qualquer foco,
gera um retorno não mensurável muito grande. E é muito valorizado
para efeito de apólice de seguros”, lembra Lucas.
Não existem regras para se automatizar um edifício no Brasil, apenas
normas de associações internacionais que norteiam com padrões a
seguir, como as da ASHRAE (www.ashrae.com) para ar condicionado.
No Brasil, existem normas para segurança e alguma coisa para incêndio,
mas muito insipientes, o que deve mudar já que a ABNT possui comissões
permanentes que estão trabalhando nas várias vertentes.
“Os projetos de building da Siemens são elaborados sempre segundo
as normas internacionais, o que limita um pouco o empreendedor,
pelo alto investimento inicial. E ainda que a Siemens assuma os
custos do projeto em troca de cerca de 5% do valor da conta de energia
— tamanha sua confiança na redução do consumo —, é um mercado que
engatinha no país”, afirma Lucas.
Na automação do prédio inteligente, o ar condicionado é o que pesa
mais, ainda que seja o que tem retorno mais visível. Depois, a parte
de segurança, que não deve ser percebida a não ser em caso de necessidade.
O mais importante na automação predial é o conforto e a segurança
que o usuário precisa sentir, não necessariamente ver. Mas a inteligência
tem realmente estar lá porque de nada adianta ter um sistema de
ar condicionado se um ambiente gela ou esquenta e o usuário não
pode controlar com facilidade. E os altos investimentos para isso
passam por uma série de coisas que não estão no domínio do usuário,
como o cabeamento estruturado, que sustenta toda a automação e que
gera um retorno muito grande porque qualquer inclusão de tomada
ou ponto de comunicação fica mais rápido e simples.
A parte de segurança é a que impacta mais o usuário, obrigado a
ter contato restritivo com ele várias vezes ao dia. Mas é bom lembrar
que o sentir-se restringido pelo controle de acesso é uma questão
de cultura e falha no processo de implantação do sistema, que deve
estar interagindo com outras partes do empreendimento. Um controle
de acesso não integrado com outras áreas é negativo e fruto de um
projeto mal feito, porque essa integração pode chegar ao nível de
casar a entrada ou saída de um usuário com a preparação do ambiente
para qual ele se dirige ou do qual ele sai, como adequar luminosidade
e ar condicionado. Claro que para isso é preciso prever micro-climas
num mesmo ambiente, dividindo-o por quadrantes. “Esse controle automático
gera grandes economias, algo em torno de 25%, chegando a pagar sozinha
o investimento em um ano — quando em projeto novo. No caso de um
retroffiting, o valor desse tipo de investimento chega a dobrar
por conta das adaptações de vários protocolos; e um empreendimento
sem caixa de controle de ar variável sequer pode pensar nisso”,
lembra o engenheiro da Siemens.
Mas o retroffiting – em maior ou menor escala — é o grande mercado
de building no Brasil. E, pelos altos custos da atualização, coloca-se
uma outra possibilidade que a Siemens começa a explorar por aqui:
a integração de condomínios. Uma avenida que possua vários prédios
semi automatizados que ainda se utilizam do fator humano para ligar
e desligar os sistemas de ar condicionado e iluminação, pode sugerir
uma central única de serviços capaz de se gerenciar o raio todo.
São suportes do ponto de vista de facilities que não justificam,
dependendo do tamanho do prédio, de uma central própria.
A SBT atua num mercado mundial de cerca de seis bilhões de Euros
por ano e que responde melhor quando se propõe uma solução mais
completa. Por isso a empresa trabalha com qualquer protocolo (LONTalk,
EIB, CEBus, Ethernet, Modbus) e até seu protocolo proprietário já
possui interfaces para trabalhar com os de mercado. Este ano, a
empresa deve padronizar seus produtos para o BACnet pois acredita
que unificar protocolos é importante porque existem sistemas diferentes
de fabricantes diferentes que, se não estiverem integrados não vão
gerar os benefícios desejados pelo mercado. Além do protocolo definido
como padrão em 1996 pela ASHRAE (BACnet) a Siemens procura padronizar
também em LON e OPC, dando uma cobertura de 90%, que acabam sendo
complementados pelos conversores para a parte elétrica do Modbus
e dos sistemas de iluminação. Cada protocolo tem seu lugar no mercado
e, como acontece na área industrial, existem aplicações específicas.
Ethernet TCP/IP é a tendência em protocolo para o nível I, corporativo,
mas mesmo em building, a comunicação de infra-estrutura precisa
de protocolos mais robustos.
A Siemens BT tem atuado em todos os setores, desde edifícios residenciais
e de comércio, a hospitais, aeroportos e indústrias farmacêuticas
– nas salas limpas controladas — privilegiando sempre a integração.
Um bom exemplo para mostrar várias camadas interfaceando é num aeroporto:
quando um avião chega, automaticamente se faz uma tarifação com
instrumentos específicos de docagem – que também ligam câmeras,
iluminação e ambientação, liberando acesso e, desligando tudo depois.
No Shopping Dom Pedro — de custo total em torno de R$350 milhões
—, localizado em Campinas/SP, a Siemens pôde colocar em prática
muitos dos conceitos em que acredita, como trabalhar desde o projeto
em parceria com o empreendedor. O Shopping, por suas dimensões —
só a ala de alimentação é do tamanho de um campo de futebol —, utilizou-se
de um sistema com muitos sensores de gás que, além de monitorar
a existência de gases, mantinha uma ventilação forçada. E os equipamentos
podem ser programados para gerar mensagens de manutenção a serem
enviadas para a central ou diretamente para o fabricante. O Shopping
pertence ao Grupo português Sonae, cliente da Siemens na Europa,
e era um desafio tecnológico. Era desejo dos empreendedores integrar
a parte de automação à segurança e à telefonia – e tornou-se um
show room do que a automação predial pode fazer. Existem lá cinco
centrais de detecção e controle de incêndio, fazendo inclusive a
desenfumagem do ambiente, ou seja, está ligado ao sistema de refrigeração
e exaustão, auxiliando no estabelecimento de rotas de fuga menos
perigosas.
Todo esse cuidado foi realizado nas áreas comuns mas a infra-estrutura
para incorporar cada loja ao sistema já fazia parte desde o projeto
e este ano, para aumentar o nível de confiabilidade e segurança,
as lojas estão sendo ligadas de maneira rápida: o aval da seguradora
ficou mais fácil.
Existe uma central de segurança com um sistema FootFall — que faz
toda a contagem de veículos e pessoas no empreendimento, por área
e por setores. Esse sistema inclusive já detectou um maior volume
de entradas por um dos portais do Shopping, o que gerou melhorias
naquele setor. E esse sistema está integrado aos outros — de elevadores
e circulação. O cabeamento para a segurança foi o par trançado porque
ele pode carregar imagem e telefonia – e não carrega as interferências
de antenas de celulares.
A central também foi idealizada como modular e expansível – na implantação
foram instaladas 180 câmeras que, hoje, com a continuidade do projeto,
chegam a 260. Todas as imagens são gravadas
Vale lembrar que qualquer projeto não deve se encerrar no start
up mas ter continuidade num acompanhamento, ainda mais no mercado
de building onde são muitas as alterações de planta. Em especial
num país onde o projetista que assina o projeto, ao contrário do
que acontece em vários países do mundo, não tem responsabilidade
civil sobre ele. O compromisso fica restrito à transação comercial
de elaborar o riscado, e isso é muito mais perigoso porque não possui
normas técnicas. E mudar esse quadro ou seja, estabelecer normas
técnicas obrigatórias e leis de responsabilidade civil para os projetistas
é fundamental para aumentar a segurança e, conseqüentemente, movimentar
esse mercado. “Mais que a normatização técnica, o país precisa de
uma normatização ética. Tenho certeza que isso ainda vai acontecer
por aqui. É a maturação do mercado”, finaliza Lucas Blanco.
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Convergência tecnológica aumenta o nível de
soluções
em Automação Predial
A Conexel está se colocando no mercado como um provedor de soluções
em automação industrial e predial o que significa atender de maneira
eficiente às necessidades específicas do projeto do cliente.
O LONTalk é um dos protocolos padrão utilizados pela empresa, mas
ela também integra projetos com outros protocolos como o Dali, específico
para a parte elétrica e de iluminação que possibilita o uso de dimmers
em reatores de lâmpadas fluorescentes. Os produtos da Beckhoff, distribuídos
no Brasil pela Conexel, possibilitam a infra-estrutura necessária
para utilizar esse novo protocolo — que facilita a parametrização,
a projeção de cenários e o controle de micro-ambientes.
Segundo o gerente de Produtos da empresa, engenheiro Raul Borowski,
o DALI foi criado pelos fabricantes de lâmpadas e está sendo muito
solicitado principalmente pelo comércio, com aplicação imbatível em
shopping centers: “Adequa a luminosidade do ambiente ao nível de incidência
de luz natural”.
O DALI proporciona redução do consumo de energia. O Metrô de São Paulo,
por exemplo, estuda a implantação de controle de iluminação tanto
pela economia quanto pelo conforto visual das estações”.
O controle da inteligência de um edifício, hotel, hospital ou shopping
— da iluminação, do fluxo de entrada e saída de veículos e pessoas,
do ar condicionado, do controle de alarme de incêndio, segurança e
de utilidades —, tudo pode ser feito no PC. “A Conexel possui duas
versões para o controle: PC ou PLC. O primeiro é mais indicado quando
o volume de informações é muito grande. Além de ser uma tendência,
o cliente prefere interfaces amigáveis”, comentou o engenheiro Ralf
Arno Hoppe, lembrando que a automação predial, quando bem projetada,
promove economias de uso e de instalação.
É claro que projetos novos têm instalação mais fácil, mas o grande
filão da automação predial é mesmo o retrofitting (partindo da arquitetura
original) e aí a capacidade do fornecedor se põe à prova – lembrando
que são sempre projetos mais onerosos para o cliente. “A Conexel possui
engenheiros para auxiliar no exato detalhamento do projeto, dentro
do melhor custo x benefício possível. Muitas vezes o cliente quer
uma solução que encarece muito o projeto e o fornecedor precisa ter
sensibilidade para já propor, por exemplo, a estrutura de cabeamento
adequada para suportar futuras expansões”, comenta o engenheiro Raul.
A equipe da Conexel tem percebido em seus clientes uma tendência de
se utilizar a rede Ethernet — cada vez mais veloz, confiável e conhecida.
Algumas aplicações com essa rede chegam até às máquinas, ligando o
sistema corporativo diretamente ao chão-de-fábrica – o que pode ser
transposto para a automação predial, interligando desde o controle
de acesso , monitoração de energia, segurança, até o controle de equipamentos.
Adicionalmente, a utilização de softwares supervisórios pode representar
a integração de todas as vertentes da automação predial, com softwares
desenvolvidos para o cliente, através de produtos de mercado .
Ainda este ano a Conexel disporá de um software especialmente desenvolvido
para tais aplicações. As telas, como na indústria, são desenvolvidas
em conjunto com o cliente.
E os paralelos da Automação industrial/predial não param por aí, pois
existem muitas aplicações similares: sensores, PCs, PLCs, protocolos,
Ethernet, Web... Nessa última tecnologia, entretanto, ainda que se
fale muito em Wi-Fi e ENOcean, a criação de uma intranet ainda é a
solução mais confiável.
“Por não precisar de respostas extremamente rápidas como na indústria,
as aplicações prediais — sejam elas para residência, edifício, shopping,
hotel ou hospital — podem se utilizar dos endereçamentos disponíveis
na Ethernet através do IP. Apesar dos protocolos estarem extremamente
rápidos, os tempos da Ethernet já são mais que suficientes para a
automação predial”, afirma o engenheiro Ralf Hoppe.
Há algum tempo não se admitia fazer controle de processo baseado em
PC, porque as máquinas não eram confiáveis. Como todas as tecnologias
evoluíram, hoje isso está mais que assegurado, com vantagens como
capacidade de processamento. “É a convergência para a área de TI.
E ela acontece também na automação predial”, pontua Raul Borowski. |