Revista Controle & Instrumentação Edição nº 251 2019
|
|
¤
Cover Page
|
|
Calibração Inteligente |
|
|
|
Muito se tem falado sobre Indústria 4.0 – quase à exaustão, mas nem todos mantêm atenção em importantes quesitos, nos quais toda essa ideia deve se fundamentar: sensoriamento, instrumentação, controle de qualidade, segurança, manutenção, calibração. Então, é preciso entender melhor cada parte. Aqui, tentamos elucidar qual é a relação entre metrologia, calibração e Indústria 4.0. |
|
|
|
|
|
Odepartamento de metrologia científica do
Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – frisa
que é aconselhável que se faça a distinção
entre a calibração dos instrumentos e o seu
uso nos processos industriais e de serviços.
A calibração de instrumentos deve ser realizada
em laboratórios competentes, ou seja,
que seguem normas internacionais, como
a ISO/IEC 17025. Isso se aplica a laboratórios
pertencentes (ou localizados) nas instalações industriais.
O uso dos instrumentos, por outro lado,
deve ser adequado às especificações dos produtos
ou processos a eles associados, conforme normas,
instruções, regulamentos, entre outros documentos. Mas,
em ambos os casos, a calibração deve seguir os requisitos
da ISO/IEC 17025. |
|
|
“Desde a primeira edição da ISO 9001, em 1987, a calibração
sempre foi um requisito a ser atendido, quando são
realizadas medições que impactam nas decisões quanto à
conformidade dos produtos, ou desempenho dos processos
produtivos. Talvez este seja o requisito mais técnico existente
nesta norma de Sistemas de Gestão da Qualidade. Revisão
após revisão, o requisito quanto aos recursos de medição
e monitoramento permanece na ISO 9001, devido a à
necessidade de realizar medições adequadas. Ao tratar
do tema calibração, deve-se ter em mente que o
foco é o equipamento de medição. A revisão
da ISO 9001, de 2015, conseguiu deixar isto
bem claro, ao separar o requisito 7.1.5 em
dois itens: as generalidades relacionadas aos
recursos de monitoramento e medição, que
considera todos os fatores relevantes para
assegurar resultados válidos e confiáveis; e a
rastreabilidade metrológica, que aborda a necessidade
de calibração dos equipamentos de medição
que fazem parte destes recursos”, frisa a pesquisadora
Sueli Fischer Beckert. |
|
|
|
E não existe uma quantidade de calibrações
predeterminada. Os intervalos entre calibrações devem
ser estimados de acordo com características dos processos
e de comportamento dos instrumentos. Nesse caso,
os usuários devem avaliar em que extensão a exatidão
do equipamento ou suas incertezas afetam os resultados
das calibrações e, por consequência, o resultado
do negócio. E as calibrações podem ser feitas interna ou
externamente. Via de regra, a calibração deve ser realizada
por laboratório acreditado pelo Inmetro, e garantir,
assim, uma cadeia de rastreabilidade ininterrupta até o
SI. Neste caso, a empresa pode ter um laboratório interno acreditado ou rastreado, e realizar a calibração dos
seus instrumentos, sempre atenta a rastreabilidade dos
padrões, procedimentos e pessoal qualificado. Contudo,
em algum momento, será necessário recorrer a um laboratório
externo, para calibrar os padrões que não estiverem
dentro da acreditação. Laboratórios acreditados
são considerados competentes para o escopo avaliado, e
reconhecidos por organismos de acreditação. No Brasil, o
organismo de acreditação com reconhecimento internacional
é a CGCRE – Coordenação Geral de Acreditação. |
|
|
|
Segundo a pesquisadora da UFSC – Universidade federal
de Santa Catarina, Sueli Fischer Beckert, a opção em
terceirizar a atividade de calibração deve levar em consideração
aspectos relacionados ao custo, logística e competência
técnica. Mas, será necessário que a organização mantenha
pessoal técnico para assumir a função metrológica,
que será responsável por fazer a gestão dos instrumentos
de medição, que inclui definir as características metrológicas
que precisam ser medidas em cada tipo de instrumento
de medição; estabelecer os erros máximos admissíveis; selecionar
os provedores externos de calibração; fazer a verificação
dos instrumentos de medição, após o recebimento
dos resultados da calibração; realizar os registros e controle
das calibrações. Na seleção dos provedores externos,
é importante que o pessoal com a função metrológica na
organização leve em consideração que a calibração deve
incluir a medição das características metrológicas estabelecidas
pela organização; os métodos de calibração sejam,
preferencialmente, oriundo de normas, documentos emitidos
por organizações técnicas respeitáveis, ou conforme
especificações dos fabricantes; Aa Capacidade de Medição
e Calibração (CMC) declarada pelo laboratório atenda aos
erros máximos admissíveis, estabelecidos para cada característica
metrológica. Vale observar que a CMC é a menor
incerteza de medição que o laboratório consegue obter,
isto considerando o melhor equipamento existente. Durante
o processo de contratação, é necessário conferir, com
o provedor externo, qual será a incerteza mínima que ele
irá fornecer para o equipamento que será enviado para
calibração.
Interno ou externo, os laboratórios de calibração
são parte importante para alcançar e manter objetivos,
como a redução de custos, cuidados com a segurança
e manutenção da qualidade; torna-se, então, cada vez
maior a necessidade de fixar os pilares metrológicos com
conceitos de Indústria 4.0, e ressaltar que a automação
dos processos de calibração pode impactar a metrologia
industrial de forma positiva.
E, sempre que automatização e Indústria 4.0 são
inseridos nas estratégias das empresas, é preciso atentar
para a formação e treinamento do pessoal impactado direta
e indiretamente. O Inmetro lembra que os profissionais
que trabalham nas calibrações devem ter formação
na área compatível com as grandezas a serem medidas,
seja ela a nível técnico ou graduação, e suas principais características
são competência, imparcialidade e compromisso
com a implementação dos requisitos especificados
pelo sistema de gestão. |
|
|
“Os profissionais devem ter
conhecimento, formação, habilidades
e experiência, compatíveis
com as necessidades
dos processos e tecnologias
disponíveis para a realização
das calibrações. Além disso, o
pessoal que realiza calibrações
deve ser autorizado pela organização
para realizar as calibrações e
outras atividades específicas, para quais as quais existem
responsabilidades predefinidas” ressalta o diretor
de Metrologia Científica do Inmetro, Valnei Cunha. |
|
|
|
Com o avanço da tecnologia e os recursos IIoT Metrology,
as ações manuais dos profissionais podem ser
substituídas por máquinas de calibração (GIGAS de Calibração)
desenvolvidas para funcionar de forma autônoma,
o profissional deverá ser cada vez mais analítico, pois
com certeza devem aparecer outras formas desses profissionais
atuarem dentro do processo metrológico.
Com a Metrologia 4.0, também conhecida como Metrologia
Fast & Smart, os equipamentos se tornaram pequenos
“computadores”, com portas USB, Ethernet e saída de
áudio, tudo para gerar produtividade na calibração.
“Hoje, o técnico que necessita executar uma calibração
vai até o software de calibração, prepara as devidas
ordens de serviço, separadas por grandezas (pressão,
sinais elétricos e temperatura), e faz um download
para os calibradores, através da rede, usando TCP-IP ou
Wi-Fi de maneira prática, sem fio. Esse procedimento
sai do software para um ambiente de rede, e, através
de um WebServer, vai para os calibradores. Essas tarefas
vão para os respectivos calibradores, podendo estar um
técnico em campo, e outro técnico na sala de calibração.
Finalizando, o técnico que está no Laboratório consegue
fazer o up-load dos dados, e assinar o documento
para emissão do certificado, pois, não se trata somente
de não ser eficiente, mas de conseguir: |
|
- executar mais calibrações com qualidade;
- executar mais estudos de frequência de calibração;
- Envolver profissionais de outros departamentos (TI
– Qualidade – Engenharia – Manutenção – Produção) para o sucesso deste tipo de implementação;
- Equipe Multidisciplinar e, principalmente entender que a tecnologia tem um papel importante.
|
|
Mas não é só a tecnologia que muda; nós temos que aceitar a
mudança” comenta Newton Bastos, da Presys.
A tecnologia à disposição, hoje, parece fazer pender essa decisão
para a calibração interna, em muitos casos. A Nissin, por exemplo,
segundo Glaucia Tonelli, periodicamente, realiza 942 calibrações
anualmente, em seu laboratório, que mede Temperatura, Pressão, Dimensional
e Umidade, com quatro profissionais de instrumentação,
sendo 4 analistas, um assistente, um auxiliar e um jovem aprendiz. |
|
|
|
A calibração é um processo essencial em todos os esforços de
garantia de qualidade. E várias empresas optam por terceirizar essa
atividade para laboratórios credenciados, de acordo com os requisitos
estabelecidos na ISO / IEC 17025: 2017. As empresas entendem que
o laboratório credenciado possui reconhecimento formal de sua competência
técnica, para executar os serviços dentro do seu escopo de
credenciamento. O documento ILAC P14: 2013 estabelece diretrizes
para a apresentação da capacidade de calibração e medição (CMC).
No entanto, acontece que, ao analisar o escopo dos laboratórios acreditados
em alguns órgãos nacionais de calibração, pode-se observar
que, para o mesmo instrumento e a mesma faixa de medição, valores
diferentes são atribuídos ao CMC. Para padronizar a apresentação do
CMC nos escopos de acreditação, os métodos de calibração adotados
pelos laboratórios devem ser os necessários para atender aos erros
máximos admissíveis, estabelecidos pelos fabricantes ou documentos
normativos. As empresas podem, sim, terceirizar atividades de calibração,
porém, a seleção do provedor de serviços e a interpretação dos
resultados continuam sendo uma atribuição do cliente. |
|
A Experiência dos Usuários |
|
|
Glaucia Tonelli, Gerente Geral
da Qualidade da Nissin Foods do
Brasil, ressalta que, com o advento
da Indústria 4.0 e da IoT,
os processos estão se transformando.
“No caso da Metrologia
4.0, podemos utilizar esta
transformação e dar agilidade
aos processos de calibração. O uso
da nuvem nos permite ter os dados
disponíveis a qualquer tempo, sem a neces- sidade
de grandes investimentos em infraestrutura”. |
|
|
|
|
|
“Ainda assim, é importante atentar às questões de
segurança, para garantir a integridade dos dados, e à
necessidade de que todo o procedimento interno passe
por uma revisão, já que alguns itens, como método de
calibração (execução), deixariam de ocorrer, passando a
ser automatizados. Em relação à equipe de execução, auditores
e superiores, todos precisam passar por um treinamento,
em que será abordado o conceito de Metrologia
4.0, automatização do processo, a robótica, e maior
qualidade das calibrações. Tudo está dentro do conceito
de Indústria 4.0, e esse seria mais um item abordado
no treinamento. Outra necessidade é o desenvolvimento
dos executantes em relação à análise das calibrações
automáticas, e ao acompanhamento em tempo real, do
andamento das calibrações”, finaliza Gláucia. |
|
|
|
|
Fábio Vieira da Silva, da
CBA, conta que, com cinco
técnicos e um supervisor,
realiza, em média, 4.600
calibrações de cinco
grandezas – dimensional,
elétrica, pressão, massa e
temperatura – por ano. “A
Metrologia 4.0 vem tornandose
uma necessidade, com o avanço
da indústria 4.0 – que está toman- d o
espaço, a cada dia, nas indústrias. Então, é fundamental
estarmos acompanhando essa tendência, e nos preparando
para a adequação do laboratório de calibração.
Com automatização das calibrações, não há desvantagens,
e as vantagens são muitas, através de aquisição de
dados automaticamente, por exemplo, gerando redução
do tempo do serviço, ganho na confiabilidade, através
da eliminação de erros de digitação, aumentando a produtividade
do laboratório e, consequentemente, agregando
mais qualidade ao serviço prestado como um
todo”. Fábio lembra que, para os serviços de calibração
de balanças, a CBA tem a vantagem de ser permissionária
do IPEM, e ainda ter o próprio caminhão, com
12.000 kg de pesos padrão, para calibração de balanças
rodoviárias, tornando a empresa autônoma, neste
tipo de serviço. |
|
|
|
|
|
“Estamos realizando quase três mil calibrações, por
ano, nos últimos três anos, das grandezas de pressão,
dimensional, dureza, termometria, elétrica, eletrônica,
umidade, torque e vazão. Em épocas melhores, estamos
prontos para atender a uma demanda maior, visto que
os números de calibrações podem chegar a quase 5.000
calibrações anuais”, diz Thiago Pereira Eloy (à esq., na
foto), da equipe do laboratório da Confab, formada ainda
pelo técnico líder José Antônio Salgado (à dir., na foto), – Metrologista em calibração
Nível 3 –, uma tecnóloga em processos
metalúrgicos, e
uma Profissional
de soldagem. |
|
|
Haniel
Garcia, engenheiro
da
Sanofi Medley,
conta
que a empresa
realiza, com dois
técnicos e três administrativos, aproximadamente
1.500 calibrações das
grandezas de Pressão, Temperatura,
Umidade, Rotação, Dimensionais
(paquímetro), pH, Condutividade,
Corrente, Força e Tempo. “Vemos
muitas vantagens com a automatização
das calibrações, em especial a
otimização de tempo, e a qualidade
dos serviços”. |
|
|
|
|
Leandro Silva,
Engenheiro Industrial
– Instrumentação, da Aché L a -
boratórios Farmacêuticos, acredita
que, em breve, a Metrologia 4.0 será
uma realidade para todos os que
atuam na área. “Cada vez mais, as
empresas estão otimizando o quadro
de funcionários, e a Metrologia 4.0 é
a saída mais pertinente para suprir a
demanda de calibrações. Eu, que sou
da área, só vejo vantagens, pois, deixa-
se o processo de calibração mais
rápido e mais confiável. Aqui, na
Aché, realizamos cerca de 1.800 calibrações
de Temperatura, Umidade,
Pressão, Torque, Velocidade, Tempo,
Condutividade e Ph, por ano, com
uma equipe enxuta, dois instrumentistas!” |
|
|
|
|
|
|
“A calibração pode ser realizada internamente, quando a empresa
tem padrões calibrados, e com rastreabilidade a RBC, um Laboratório
adequado e profissionais capacitados; os padrões podem ser enviados para Laboratórios Externos, membros da RBC que atendam
ao escopo da empresa e, ainda, existem instrumentos-padrão
que têm de ser calibrados nas instalações da empresa (Desempeno,
Máquinas Tridimensional /Longitudinal). Não existe
regra, e sim a necessidade e política interna e econômica da
empresa, que vai decidir se calibrará internamente ou contatará
um fornecedor externo. A escolha de fornecedor
deve ser feita de forma imparcial,
levando em consideração as necessidades
de atendimento aos requisitos
da empresa que está contratando,
a política deve estar disseminada
na empresa para a contratação de
Prestador de Serviço que realmente
atenda a empresa, e não expectativas
ou indicações pessoais na hora da decisão”,
lembra José Antônio Lladó Espigado,
conselheiro da Remesp – Rede Metrológica
do Estado de São Paulo, e diretor da Calibratec, que chega a
realizar até 200.000 calibrações/ano. |
|
|
|
|
Ivan Canever, diretor técnico da
INCA Service, ressalta que a gestão
da calibração, realizada de maneira
coerente com as características e
necessidades dos processos industriais
e legislação (quando em Setor
Regulado), podem evitar nãoconformidades,
contaminações,
acidentes, perda de produção, e outros
fatores importantes para a produção
industrial. Mas, devem ser levados em
conta, também, fatores como economia, aproveitamento
de máquinas e mão-de-obra, geração de produto fora de
especificação, e até recall, fato extremamente prejudicial
para o negócio. “Estes fatores são conseguidos através de
estudos de desempenho do processo de gestão da calibração,
e são claramente visíveis, através de indicadores
de desempenho. Com os números apresentados, conseguimos
avaliar quais calibrações podemos realizar internamente,
ou se devemos apenas gerenciar as calibrações e
seus resultados, contratando assim serviços de provedores
externos, com evidência de qualificação e competência. A
quantidade e tipos de instrumentos calibrados internamente
devem trazer economia, levando-se em consideração
quais padrões serão necessários, investimento em quantidade
da mão-de-obra necessária e treinamento, condições
ambientais especiais e aquisição de padrões adequados às
características de exatidão, precisão e resolução dos instrumentos
a serem calibrados. Assim, será apresentada a
relação custo/benefício a ser avaliada, e definido o que
será calibrado internamente, e o que será contratado”. |
|
|
|
|
|
|
A pesquisadora Suelí Fischer Beckert,
da Universidade Federal de
Santa Catarina, lembra que a
avaliação da conformidade
é importante, para garantir
a qualidade dos produtos
fabricados e para a
estabilidade dos processos
de produção; então, é necessário
fornecer medições de qualidade,
para garantir que as medidas
possam ser usadas para tomar decisões
corretas. E, dentre os principais fatores que impactam na
qualidade das medições, os instrumentos de medição influenciam
diretamente os resultados obtidos. Na versão
mais recente da ISO 9001: 2015, o requisito relacionado
ao controle dos recursos de medição foi dividido
em duas partes: uma voltada para o gerenciamento
dos processos de medição; e outra parte direcionada
ao controle dos instrumentos de medição, atividade
que a ISO 10012: 2003 define como Confirmação
Metrológica – que é o conjunto de operações necessárias
para garantir que o equipamento de medição esteja
em conformidade com os requisitos do uso pretendido. Os
requisitos exigidos incluem alcance, resolução e erros máximos
permitidos. Manter-se dentro desses limites é algo a que
os laboratórios – internos ou externos – devem atentar. |
|
|
|
A ISO 14978: 2018 define os erros máximos admissíveis
para uma característica metrológica, e esta norma
considera que a definição dos erros máximos admissíveis
pode ser feita pelo fabricante ou pelo usuário – e isso
abre espaço para muita discussão. Ao menos, as novas
tecnologias aplicadas ao setor podem ajudar a tornar esses
relacionamentos mais transparentes.
E o desenvolvimento de novas tecnologias no ramo da
metrologia cresce vertiginosamente, principalmente na busca
por resultados com exatidão maior. A utilização de softwares
no processamento e automação de equipamentos já é realidade
há algum tempo, e a calibração integrada com a rede
permite o acesso à informação de maneira muito mais rápida,
permitindo tomadas de decisão com tempo bem reduzido.
Com isso, se pode dizer que estamos, sim, nos encaminhando
para a Calibração 4.0, e vários institutos nacionais e laboratórios
têm apresentado iniciativas, que poderão resultar, num
futuro próximo, um maior nível de uso de tecnologias para
automação e troca de dados, por meio de sistemas ciberfísicos,
internet das coisas, e computação em nuvem.
“As vantagens da automação são inúmeras. Desde a
possibilidade da realização de multitarefas pelo operador, até o aumento na garantia da qualidade dos resultados
obtidos. A automação possibilita a realização de medições
independentes da subjetividade do operador, garantindo,
assim, uma amostra mais robusta, e com representatividade
maior do universo de medições com o equipamento”,
corrobora Valnei Cunha, que ressalta que o Inmetro tem
participado ativamente das discussões sobre a utilização
de tecnologias digitais com outros institutos nacionais de
metrologia e a indústria. “Internamente, uma parte significativa
dos seus processos faz uso dessas tecnologias.
Como exemplo, pode-se citar o controle da totalidade dos
processos por meio de um sistema eletrônico de informação.
E estamos finalizando estudos para podermos emitir
resultados e dados eletrônicos, diretamente aos clientes”.
Newton Bastos reflete que a rotina nos remete a pensar
e analisar os diversos tópicos requeridos pelos órgãos
regulatórios, onde a atenção é para a gestão metrológica,
dando opções para automatizar calibrações, gerando
economia e reduzindo erros.
“Em 2010, a Nissin investiu em uma estrutura de Metrologia
com profissionais e laboratório interno e, a cada
ano, realizamos melhorias em processos e equipamentos.
Contaremos com processos mais seguros, pois, em caso de
desvios de tolerâncias, poderemos adaptar a fabricação automaticamente,
e evitarmos refugos
de produtos. Acreditamos que é
possível implantar a Metrologia
4.0 em nossa empresa, iniciando
gradativamente nas grandezas de
temperatura, pressão e sinais elétricos,
utilizando uma estação de calibração
completa, com calibrador de temperatura tipo bloco
seco, calibrador de pressão automático, calibrador universal
de processo, entre outros. A metrologia 4.0 está relacionada
à Inteligência Artificial Robótica, e ocupará um lugar de destaque
no controle da produção da fábrica inteligente de amanhã,
onde conseguiremos aumentar a qualidade de medição
dos instrumentos, proporcionando resultados de medição
ágeis e confiáveis,” conta Glaucia Tonelli.
“A Calibração ou Metrologia 4.0 se destaca no contexto
da modernização dos processos de calibração, com a utilização
de inteligência artificial, internet e outras ferramentas
essenciais para o desenvolvimento das atividades coligadas,
trazendo inovação, velocidade, exatidão, economia, robustez
aos processos, e contribuindo positivamente para o sucesso
cada vez maior da gestão da calibração na indústria.
Mas, nesse primeiro momento, para que o sucesso pleno seja
atingido, é muito importante uma análise das necessidades
e prioridades, pois, serão necessários novos hardware e software.
É necessário que sejam avaliados os equipamentos e
sistemáticas de trabalho destes, para que a relação custo/benefício
esteja presente”, pontua Ivan Canever que pede não
esquecer de considerar, no processo de automatização, a
assistência técnica e o suporte por parte de provedores internacionais,
aquisição de software validável, a não possibilidade
de manipulação de dados em sistemas automáticos,
trilhas de auditoria, ajustes que possam invalidar os resultados,
cuidados na integridade dos dados de calibração, entre
outros. “Itens que, a princípio, são especificados e adquiridos
com o intuito de trazer vantagens, mas que podem levar ao
insucesso na implantação do projeto de gestão da calibração.
É sempre recomendável que os requisitos de usuário para
esses equipamentos sejam documentados e elaborados por
equipe multidisciplinar, colocando em pauta especificações
técnicas, necessidades regulatórias e legislação e, principalmente,
necessidades do processo produtivo”.
Outro item que deve ser bem observado, no momento
da elaboração do Sistema de Gestão da Calibração,
é como os dados gerados serão armazenados. Os
dados, desde a coleta até a análise, e o armazenamento
devem permanecer íntegros, demonstrar que não são
passíveis de manipulação e confiáveis, sendo impressos,
armazenados em mídia ou nuvem. Devem ser apresentadas
de maneira documentada, todas as formas de proteção
para estes dados, de acordo com a sistemática de
armazenamento escolhida – e, para isso, já existem regras
e normas, até para armazenamento na nuvem.
“Como qualquer processo, o controle de dados e gestão
da informação deve seguir procedimentos que garantam o funcionamento
adequado das interfaces dos sistemas de gestão
das informações dos laboratórios.
Da mesma forma que nos “sistemas
físicos, qualquer cálculo ou transferência
de dados devem ser sistematicamente
conferidos. Além disso, o
acesso aos dados deve ser controlado
por meio de permissões rigidamente
definidas. Repositórios “na nuvem” devem ser capazes
de assegurar a integridade e confidencialidade das informações
e dados que trafegam entre os laboratórios, seus clientes e outras
partes interessadas”, ressalta o diretor do Inmetro.
A experiência da Nissin mostra que a automatização
leva a calibrações mais precisas, com ajustes mais finos,
maior qualidade na medição e, por consequência, resultados
confiáveis. “Ainda não usamos armazenamento em
nuvem, mas a automatização traz redução de tempo de
calibração significativa, pois, não será necessário imputar os
dados no software de calibração, já que os mesmos são enviados
automaticamente. Um ponto importante e vantajoso
é que otimizamos na tomada de decisão, quanto a calibrar,
ajustar ou substituir o instrumento. Na operação do laboratório,
também temos um ganho importante, pois, o técnico
de instrumentação, além de executar calibrações, absorveria
uma função de análise dos instrumentos, deixando um
pouco de lado a parte operacional. Com isso, ganhamos na
produtividade, diminuímos erros, e aumentamos a qualidade
das atividades. Na fábrica, contaremos com processos mais
seguros, pois, em casos de desvios de tolerâncias, poderemos
adaptar a fabricação automaticamente, e evitarmos refugos
de produtos, além de uma gestão dos dados estatísticos em
tempo real. De fato, a aquisição de equipamentos novos e o
alto investimento inicial são as grandes desvantagens.” |
|
|
|
Os fabricantes de instrumentos também têm de estar atentos
às questões metrológicas em seus laboratórios. A constante
evolução dos processos industriais exige que, cada vez mais, as
medições sejam efetuadas com a melhor precisão possível. A
Emerson Automation Solutions possui laboratórios, projetados
para atender rígidos critérios da indústria de instrumentação,
com padrões de alta exatidão, equipe técnica especializada, e
um robusto sistema supervisório de automação, chamado Delta
V, desenvolvido e comercializado pela própria Emerson. |
|
|
O laboratório de vazão ocupa uma área de aproximadamente
750 m², totalmente climatizado, e atendendo a calibração
de medidores de vazão, que trabalham com os princípios:
mássico, eletromagnético, vórtex, ultrassônico e turbina; podendo
atender diâmetros de até 36”, e vazões de até 1400 t/h.
Desde 2006, o laboratório está acreditado junto à Cgcre, de
acordo com a norma ABNT NBR ISO/IEC 17025. Dentro da
sua atuação, já realizou a calibração de mais de 60 mil medidores
e, continuamente, a Emerson investe
em melhorias para aprimorar cada vez mais
a incerteza da medição, e assim atender as
demandas de nossos clientes.
A Emerson, no Brasil, realizou 2083
calibrações, nas grandezas de Vazão, Massa
específica, Pressão e Temperatura, em 2019.
Com a constante necessidade de otimização
nos processos, a Metrologia possui um papel
fundamental, pois, a medição é o processo
base para a análise e aplicação de qualquer
ação de melhoria. Da mesma forma que os
processos industriais têm evoluído, graças à automação e interatividade,
a metrologia também precisa acompanhar esses avanços.
Por isso, a Emerson dispõe de uma gama de soluções de
automação que já são aplicadas em seus laboratórios, como por
exemplo, o sistema supervisório Delta V, utilizado no laboratório
de vazão e massa específica, para a operação de bombas,
válvulas, aquisições automáticas de medidas de pulso, corrente
elétrica, e sinais digitais dos protocolos de comunicação.
São inúmeras as vantagens de utilizar processos de calibração
automatizada, destacando-se a confiabilidade no registro
das medidas, em que se eliminam erros de anotação e digitação
manual; redução significativa do tempo do técnico em tarefas
repetitivas, e garantia da total padronização do processo de calibração,
eliminando possíveis interferências por fatores humanos.
Dentre as possíveis desvantagens, se pode mencionar a utilização
de sistemas sem a devida validação da coleta de dados e
do processamento dos cálculos. Por isso, é necessário que o laboratório
tenha capacitação técnica, caso contrário, um sistema
de aquisição automatizado, mas incorreto, acarretará um sério
problema de rastreabilidade no equipamento sob calibração. |
|
Para a calibração de medidores, a Emerson Automation
Solutions, através de sua fábrica na Suécia,
desenvolveu um sistema padrão chamado
Rosemount VeriCase. Esse padrão emite
sinais de pulso, através de simuladores de
antenas internas, e mede o tempo de retorno
do sinal. Através do valor do tempo de
retorno, e aplicando-se correções, devido
à variação de temperatura, é possível comparar
os valores indicados pelo transmissor
com os valores simulados. O padrão é calibrado
pelo Instituto de Pesquisa Técnica SP da Suécia. |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
LEIA MAIS
NA EDIÇÃO IMPRESSA |
|
DESEJANDO
MAIS INFORMAÇÕES: redacao@editoravalete.com.br
|
|
|
Clique na capa da revista para
ler a edição na íntegra |
|
|