Revista Controle & Instrumentação Edição nº 219 2016
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Interface entre mundos |
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As IHMs tradicionais como botões, seletores, luzes
indicadoras, ainda são muito usadas, mesmo em máquinas
com CNC e em ambientes onde o operador precisa
usar luvas de proteção pesadas – afinal, EPIs podem dificultar
o toque e, por norma, as paradas de emergência
devem ser feitas por botões:
que são mais fáceis de pressionar
do que uma tela. Dispositivos
menores, mais sensíveis,
podem ter telas touchscreen.
De telas de LCD os usuários
passaram para telas coloridas
e piscantes – hoje normatizadas
de maneira mais sóbria –
que podem estar na planta, na
sala de operação, num escritório,
num tablet ou smartphone.
As IHMs foram se adaptando
às tecnologias e aplicações,
seguindo a tendência de mais
poder e mais facilidade de uso e capacidade de trabalhar
em diversos ambientes e sistemas.
Thiago Turcato do Rego, supervisor de suporte
técnico da Mitsubishi Electric do Brasil,
trabalha com uma visão de IHM que vai além de
apenas um instrumento que possibilita a interação
humana por meio de algum dispositivo ou software
com uma máquina. “Cada vez mais a IHM passa
de uma simples tela de interface para se tornar
um dispositivo versátil, que contempla cada vez
mais recursos, além de possuir manuseio intuitivo
e multi-gestual, seguindo a tendência de mercado trazida
pelos tablets e smartphones”.
Hoje, as IHMs não são apenas para operadores, mas
para gerentes de diversas áreas na busca das mais diferentes
informações. A IHM pode estar num painel de controle
ou em um dispositivo móvel de uma máquina, permitindo
ao operador conversar com um especialista diretamente
via vídeo ou texto e resolver um problema. Hoje
também podem servir como cópia de segurança ou
manual e é importante mesmo em sistemas autônomos
porque em algum momento pode ser preciso
resetar no local.
Luís Mamede, Performance Systems Manager
South America Bulk Supply Chain da Linde
expande o conceito: IHM é qualquer interface que
facilite a integração entre Homem e Máquina. E Daniel
Morales, gerente de automação Sudeste da
Braskem, completa que a IHM é a principal ferramenta
de interação do homem com o processo para
o efetivo controle supervisório. “O hardware, antes
proprietário, passou já há algum tempo para o uso
mais intensivo de computadores, sejam industriais
ou convencionais, evoluindo mais recentemente
para o uso de interfaces em plataformas móveis e
ambientes de virtualização de máquinas. A evolução passa
pelo uso de ferramentas de software mais leves que incorporam
recursos para a criação de padrões gráficos ergonômicos
e com portabilidade para acesso em plataformas
móveis, baseado em serviços Web. A evolução e a normatização
das telas ainda são
insipientes ainda dentro da
indústria, apesar da evolução
das ferramentas de software.
O mais importante
quando o tema é IHM é a
confiabilidade, ergonomia e
acessibilidade – ainda mais
com o limiar da digitalização,
porque as IHMs sofrem
impacto da IIoT já que é
crescente seu uso em plataformas
móveis baseadas em
Internet”.
Ronaldo Neves Ribeiro,
gerente do Departamento de Tecnologia da Informação
e Telecom da Cenibra concorda.
A IIoT já está nesse mundo e lembra
que uma IHM pode ser programada
para ser integrada a um
CLP à distância. “E não apenas na
indústria. Para fazer o papel da
IHM, é muito comum a utilização
de celulares ou tablets na automação
residencial, permitindo a
interação do usuário com o CLP. Em vez de ir até
o interruptor para acender a lâmpada, o usuário pode dar
esse comando através do IHM; já no meio industrial, é
preciso um hardware”
Ronaldo ressalta que as IHMs aumentaram muito
seu desempenho e capacidade pois originalmente suportavam
o endereçamento de poucas variáveis de controle
(tags) e agora suportam milhares de variáveis, sendo que
alguns projetos documentados com arquitetura
em rede chegam a mais de 400 mil tags!
“A interface já pode se beneficiar do ambiente
Windows, tanto referente às ferramentas de
desenho quando a definição de bancos de dados.
Mais que isso, a integração entre os supervisórios
e os controladores programáveis deu um importante
salto a partir do momento que as bases de
dados de ambos ambientes podem ser integradas,
facilitando sobremaneira o desenvolvimento e
manutenção dos aplicativos”, comenta Ronaldo.
Antes isolados, os sistemas paulatinamente
se transformaram em ambientes abertos e de fácil
conexão com outros sistemas, sejam eles de chãodefábrica, qualidade, manutenção ou corporativos
(ERP) e isso se reflete nas IHMs. Os sistemas
passaram de estações de operação isoladas para suportar arquiteturas complexas em rede, adicionando segurança,
redundância em alguns casos, e escalabilidade.
O uso da Web está também presente nos sistemas de várias
formas – desde a simples utilização de estações Web
para monitoração de processos, até o uso da internet para
manutenção e monitoramento
remotos de
aplicações e processos.
Hardwares mais rápidos
e avanço nos gráficos
têm facilitado por demais
as interfaces. No
entanto ainda é pouca
a aplicação de realidade
aumentada e virtualização
- que trariam
uma revolução para as
interfaces. Os softwares
estão cada vez mais fáceis
e integráveis.
Hoje é possível ver computadores de alta tecnologia
em qualquer lugar. Os dispositivos portáteis deram as caras
e estão dominando o mercado, trazendo um grande
salto na evolução da tecnologia, principalmente pelo armazenamento
em nuvem.
É tanta novidade que Mamede ressalta a normatização
como um grande facilitador, tanto no desenvolvimento
de telas quanto na operação, manutenção e treinamento.
“No meu ponto de vista, quanto mais próxima e adaptada
à realidade humana a interface (gráficos, manuseio,
etc), melhor a IHM cumpre sua função. Talvez até mesmo
por isso a tendência a serem cada vez mais integrados
e interconectados. Ainda que a aplicação IIoT dependa
bastante do propósito e funções da IHM, como centro
de informação e manuseio de máquinas é esperado que
ela possa disponibilizar, trocar e requisitar informações de
outras máquinas ou interfaces”, diz o executivo da Linde.
Felizmente, existe auxílio para projetar IHMs de alto desempenho,
tanto normas formais quanto regras gerais. Entre
as normas estão a ISA 101 Human Machine Interfaces
para Process Automation Systems, NUREG-0700 Rev. 2-
2002 Human-System Interface Design Review Guidelines,
ISO 9241 Requisitos ergonômicos para trabalho em escritórios
com terminais de exibição visual, ISO 11064 Projeto
ergonômico de centros de controle, EEMUA 201- Mesas
de controle para plantas de processo, utilizando interfaces
humano-máquina: Um guia para projeto e questões operacionais
e de interface humano-máquina, e Diretrizes do
ASM Consortium: Effective Operator Display Design.
Uma série de fatores importantes devem ser levados
em consideração na escolha da IHM correta como ambiente
a que a máquina será exposta, complexidade da
aplicação, quais os dispositivos que farão parte da aplicação,
perfil do operador, se a aplicação pode sofrer upgrades
com o longo do tempo, entre outros.
Mas Ronaldo acredita que não há uma receita padrão
para projetar uma boa tela. “Há muitas variáveis,
como o conhecimento dos operadores, regras locais de
cores e símbolos, escopo de controle e complexidade do
processo, para definir um conjunto prescritivo de regras
que se aplique a todos os casos”. As regras gerais são:
o projeto deve ser funcional para até 15 anos, precisa
retratar com precisão o processo, deve ter concepção
simples, precisa ser projetado tanto para situações
normais como anormais, precisa
diferenciar entre requisitos do sistema de
segurança e requisitos do controle de processo,
e precisa ser compatível com fontes
de informação de apoio (como CCTV, câmeras
de Internet e outros sensores visuais).
“E a IIot impacta na inteligência das IHMs
quando fornecem ferramentas embutidas
e instruções para permitir a conexão a uma
ampla variedade de dispositivos de campo,
seja através de controladores ou diretamente.
Uma vez que os dados são coletados, poderão
ser seguramente distribuídos através de redes
e da nuvem para muitos tipos diferentes de
plataformas, incluindo thin clients, tablets e smartphones
e outros”, comenta o executivo da Cenibra.
Rogério Frigeri, gerente de
Marketing da Novus, afirma que
a evolução do hardware das IHMs
vem acompanhando a evolução
da tecnologia que temos disponíveis
em nossas mãos. “Uma vez
que as pessoas estão confortáveis
em operar telas coloridas touch
em seus gadgets caseiros, as IHMs
também vêm sofrendo esse tipo
de demanda. A popularização de
redes como a Ethernet também trouxe para as IHMs a
necessidade de melhorar sua capacidade de integração e
comunicação. Hoje em dia já temos fabricantes lançando
equipamentos multi-touch capacitivos com a aplicação
em nuvem. Para acompanhar a evolução do hardware, os
softwares de desenvolvimento e também os ambientes de
operação vêm evoluindo junto. Cada vez mais temos capacidade
computacional e vários drivers de comunicação
embutidos nos softwares mais modernos”.
A evolução do hardware das IHMs disponíveis no mercado
vem acontecendo rapidamente nos últimos 10 anos.
Hoje uma IHM tem poder de processamento muito superior
ao mesmo modelo de uma década atrás, o que possibilita a
ampliação do leque de aplicações, tanto no ambiente industrial
como fora dele. E os softwares vêm acompanhando
a evolução dos hardwares, ou seja, o desenvolvimento de
telas e programações mais complexas podem ser atendidas
por novos softwares com mais recursos visuais.
As IHMs também são impactadas pela IIoT, a começar
pela questão da operação em si, cada vez mais semelhante
a operação de um smartphone ou tablet; a interação do
operador com a interface é cada vez mais amigável. E já se
demanda que as IHMs devam ter a possibilidade de estarem
conectadas, possibilitando seu controle remoto, assim
como o envio de dados para a nuvem. |
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