Revista Controle & Instrumentação Edição nº 207 2015
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Plataforma padrão? |
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Sistemas flutuantes de produção, armazenamento e
descarga – FPSO e submarinos, se concebidos, construídos e
integrados corretamente, são os preferidos hoje em dia pois
formam combinação coesa para desenvolver reservatórios
offshore de petróleo e gás em várias profundidades ao redor
do mundo. Uma vez que os FPSOs têm uma grande versatilidade
para conseguir uma primeira data de produção,
foram selecionados como o sistema flutuante de produção
preferidos para as companhias de petróleo e gás offshore.
De acordo com a Wood Group, existem atualmente
mais de 200 FPSOs que operam no Mar do Norte, África,
Ásia e Oceania, e no Golfo do México e costa brasileira
– a frota é composta de construções novas, convertidas e
reformadas. O tipo de FPSO depende do projeto e da primeira
data de óleo, somando-se a uma combinação de
alugadas ou próprias.
Nesse mercado surgiu a normalização/padronização
em design do projeto para melhorar a segurança e qualidade,
e que estabeleceu um acordo mútuo entre companhias
de petróleo, empresas de engenharia, empreiteiros
de instalação offshore, fornecedores e agências reguladoras,
sem comprometer requisitos regulamentares. Somese
a isso o fato de que as empresas oferecem serviços
permanentes de engenharia e fabricação para melhorar a
segurança dos projetos, da qualidade e a máxima eficiência
de custos integrados.
“A Fluor tem sido responsável por alguns dos projetos
offshore mais desafiadores do mundo, por mais de 100
anos e, para otimizar o legado e especialização no mar,
a empresa criou a Fluor Offshore Solutions, que postula
que a normalização/padronização pode ser iniciada dentro
de cada região no mar, onde as características do reservatório,
dados oceanográficos, requisitos regulamentares
e índices de custo do projeto estão disponíveis e
compartilhados para encontrar soluções inovadoras. Embora
os dados disponíveis não sejam idênticos devido à
natureza da depleção do reservatório ao longo do tempo,
é aceitável padronizar alguns equipamentos tanto em sistemas
submarinos quanto em instalações FPSO”, afirmam
Phillip Nguyen, diretor executivo de Tecnologia da FOS e
Gerald Stone, vice presidente senior da FOS.
Com a crescente incerteza sobre os mercados e mesmo
sobre os preços do petróleo, os operadores buscam
para topsides e instalações submarinas as melhores taxas
de confiabilidade, disponibilidade e capacidade de manutenção.
E garantias de desempenho do processo para
sistemas submarinos e FPSOs, em equipamentos individuais
ou pacotes padronizados são uma preocupação
para engenharias e fornecedores.
No início de 2000, a Fluor Offshore Solutions concluía
a engenharia, aquisição e construção - EPC para
trabalhar topsides em dois FPSOs na África Ocidental,
ambos projetos muito bem sucedidos utilizando a metodologia
“design one, build many”, ambos de novos cascos
construídos na Coréia do Sul. |
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Em dados recentes, o tipo de construção FPSO é
dividido entre novo-build e conversão em 33% e 67%,
respectivamente.
Os dois diagramas acima mostram estratégias de planejamento e execução de uma conversão típica FPSO (à esquerda) e uma solução integrada Fluor Offshore Solutions (à direita). Muitas fases com diferentes escopos de trabalho são executadas por várias empresas em sequência, paralela e simultaneamente a partir do início até chegar ao primeiro óleo. As cores são usadas para descrever diferentes escopos de trabalho e empresas em várias fases. A diferença entre a nova construção e a conversão é a construção do casco: uma nova construção requer um estaleiro para a construção do casco.
Segundo Tim Shea, analista sê- nior da ARC, a customização e a padronização são termos muito relativos. Vários dos principais fornecedores de automação, por exemplo, têm customizado suas ofertas de automação-padrão com características e capacidades que poderiam fornecer soluções mais ou menos padronizados para operadores nos exigentes ambientes de FPSO e subsea.
“Idealmente, a normalização/padronização deve ser a tendência de longo prazo, o que significa sistemas de controle mais abertos e menos customizados, sensores e instrumentação mais padronizados, etc. Como acontece com qualquer padronização da tecnologia, enquanto proprietários/operadores pressionam porque vão se beneficiar significativamente destas soluções mais padronizadas, os prestadores de serviços de campo petrolífero, tecnologia submarina e em menor escala, os fornecedores de automação, reduzem a velocidade da mudança porque perderiam a capacidade de diferenciar as suas ofertas para ganhar uma vantagem competitiva exclusiva”. |
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De fato, os custos dos projetos para subsea e FPSO já
estavam demasiado elevados quando os preços do petróleo
despencaram. Este aumento da pressão para reduzir custos
e compartilhar os riscos resultou em um aumento dramático
no número de joint ventures
e alianças que temos assistido
no mundo offshore e
subsea. Os fornecedores de
automação também perceberam
que precisam colaborar
mais em direção a padronização
para serem capazes
de fornecer soluções que
são um pouco interoperáveis e podem trabalhar com
outros fornecedores nos diversos
ecossistemas.
Então, o papel da automação
e da instrumentação
é o de ajudar a diminuir os
custos, obter mais dados
que podem monitorar ou
melhorar o desempenho
operacional, e aumentar a produção. através de comunicações interoperáveis e padrões de dados – mas ainda vão percorrer
um longo caminho para tornar isso uma realidade.
Para André Corazza, coordenador
técnico da Unidade de Integração de Sistemas da Altus e um dos
responsáveis diretos pelo projeto de
automação das FPSOs replicantes
da Petrobras no Pré-Sal, não existe
uma “padronização” nos projetos de
construção de plataformas, pelo menos
não no que tange a Altus. Corazza
defende que, desde o processo básico, passando pelo
pré-detalhamento e o próprio detalhamento, as plataformas
são analisadas e projetadas em consonância com características
dos campos onde serão instaladas, o que torna
a utilização de uma plataforma “genérica”, que seria
construída para atuar de modo polivalente em vários ambientes,
extremamente complicada. Num cenário como
este, a plataforma teria que possuir, além de uma grande
base instalada de equipamentos, uma reserva em espera
com igual magnitude que possibilitasse a modificação
da arquitetura de automação de modo que a plataforma
pudesse ser remodelada de acordo com as alterações no
escopo do projeto.
“Cada projeto de detalhamento é único. Para fazer o
projeto básico, inicialmente é analisado onde a plataforma
será instalada, e a característica do petróleo e campo
do local de instalação”, afirma Corazza. Para ele, dependendo
do campo onde a plataforma será instalada, a tecnologia
pode mudar bastante. “Até o momento, não surgiu
nenhuma demanda para que a Altus fornecesse uma
plataforma genérica, digamos assim, porque essa plataforma
teria, ao invés de uma média de cinco mil pontos, que
é o usual, dez mil, para estar preparada para o pior dos
cenários”, concluiu.
Corazza afirma que o que pode acontecer é que, ao
realizar as projeções de quantidade necessária de pontos
de I/O para a fase de operação na contratação da automação,
por praxe, as empresas solicitam um número
de 10% a 20% superior ao que foi estimado no projeto
de detalhamento, uma reserva de contingência caso seja
necessária alguma alteração ou expansão futura em relação
ao projeto inicial. Porém, esse volume superior de
pontos de I/O ao que havia sido definido não é suficiente
para permitir a alteração estrutural da plataforma de forma
que ela possa ser utilizada em outros projetos. – “Na
nossa visão, as plataformas não estão sendo super ou subdimensionadas,
apenas customizadas de acordo com o
projeto inicial, contando com uma reserva de segurança
para pequenos essenciais”.
Luis Gerbase, presidente e sócio fundador da Altus, reflete ainda
que a flexibilidade das plataformas é
sempre um compromisso de vários
fatores técnicos e de custo. “Sempre
um equipamento que foi projetado
para uma função mais específica terá
um desempenho econômico maior.
Creio que nas plataformas como a
P-58, que foi projetada para operar em pós e pré sal, se
procurou atingir um equilíbrio de características e custos
que dessem o maior retorno sobre o investimento. São
decisões em qualquer projeto de engenharia que podem
ser mais ou menos acertadas, e neste caso de exploração,
temos variáveis que mudam com o tempo, e nada é perfeitamente
previsível sobre o futuro dos poços, vida útil
da plataforma, etc. O mais importante talvez, ao longo da
vida da plataforma, é a equipe da empresa exploradora,
das empresas de automação e todas as outras envolvidas,
é a capacitação técnica e principalmente de gestão dos
projetos para que eles sejam executados com eficiência,
ou seja, o ser humano é muito mais que a máquina para
o sucesso de tudo”.
Mauricio Barbarulo, O&G Industry
Consultant da Rockwell Automation,
lembra que, em se tratando
de plataformas flutuantes, sejam de
produção, como as FPSOs (Floating,
Production, Storage and Offloading),
transporte, como o FLNG (Floating
Liquefied Natural Gas), ou de armazenagem,
como as FSOs (Floating,
Storage and Offloading) e FSUs (Floating Storage Unit), diferentes
embarcações são projetadas para diferentes fins.
As plataformas flutuantes podem ser novas ou convertidas
a partir de uma embarcação existente, como um VLCC
(Very Large Crude Carrier), por exemplo, e a flexibilidade
é uma dentre várias das características de uma plataforma
nova, pois permite maior adaptação ao local de instala-
ção da plataforma.
Barbarulo ressalta que nossas bacias hidrográficas
apresentam águas mais calmas que o Mar do Norte, por
exemplo, e isso faz com que nossas plataformas flutuantes
tenham a área conhecida como “free board” menor, comparativamente
às plataformas instaladas no Mar do Norte.
Da mesma forma, outras características, como sistema
de ancoragem, acomodações, torres, sistema de controle
também são projetados para acompanhar as diferentes
necessidades. A vantagem do sistema de controle, em
comparação com outros mencionados, é a facilidade
de sua configuração para adaptação às características da
plataforma. Ou seja, o licenciador da tecnologia do processo
define arquiteturas de processo condizentes com
suas necessidades e o fornecedor do sistema de controle
(automação, sistema elétrico, instrumentação, etc.) desenvolve,
conjuntamente, a melhor solução tecnológica
para sustentar o processo. Assim, o sistema de controle é
configurado de forma a atender as características da embarcação.
Ajustes para processamento de diferentes tipos de
óleos são procedimentos inerentes ao sistema de controle
de processo. Como parte do sistema de controle
principal (Integrated Control and Safety System - ICSS),
outros sistemas são conectados de tal forma que a integração
seja transparente aos olhos da operação. Assim,
sistemas como F&G (Fogo e Gás), MMS (Machinery
Monitoring System) e outros são também configurados
de forma a acomodarem o tipo de plataforma e regulagens
associadas às características de exploração e
produção.
A configuração dos controladores, em se tratando do
controle de processo no topside, tende a ser a mesma
entre diferentes plataformas, divididos em alguns grupos:
PCS, PSD e F&G. Os protocolos de comunicação estão
mais relacionados ao fabricante, desde que atendam às
necessidades estabelecidas pelo usuário final. No caso de
plataformas afretadas, a configuração dos controladores
do sistema de automação segue a filosofia do licenciador
da tecnologia ou afretador, diferindo-se um pouco
da configuração das plataformas próprias da Petrobras.
Por exemplo, alguns afretadores combinam os sistemas
de topside e cascos, enquanto a Petrobras segrega esses
sistemas. Assim, ajustes para configuração do tipo de óleo
e produção são feitos a partir do sistema de controle.
Nikki Bishop, diretora de Offshore Oil & Gas da
Emerson Process Management, concorda que a tendência
para a modularização é alta, o que significa a construção
de plataformas e FPSOs em grandes pedaços, em diferentes
lugares ao redor do globo para, em seguida, serem
enviados para o destino final e edificados quase como
grandes blocos de Lego. Já a padronização de plataformas
offshore e FPSO é baixa devido ao alto grau de diferenças
entre as condições do local em que vão trabalhar. Isto não
significa que uma determinada unidade de operação não
pode ser padronizada.
Nikki ressalta que os esforços
para padronizar módulos hoje estão focados na
produção em terra, onde há
pouca perda de eficiência ou
produtividade por ter uma
unidade de produção um
pouco abaixo do ideal para
determinadas condições. “Estamos
vendo isso mais comumente
em campos de shale
oil, onde a cabeça do poço
de produção e equipamentos
relacionados podem ser
replicados dezenas de vezes
ao longo do campo e há uma
grande oportunidade para
obter economias de capex
através da padronização dos
módulos envolvidos. Dito
isto, este mesmo esforço pode
ser aplicado a FPSO de onde
a perda de produtividade de
ter operações ‘sub-ótimas’ é
excedido pelas economias de custo de normalização no
design. Isso vale também no âmbito de automação. Projetos
padrão de automação, incluindo design e software,
podem levar a grandes economias de capex. Normaliza-
ção do escopo de automação também reduz o obstáculo
de treinamento do operador e oferece melhorias nas
práticas de segurança já que os processos de trabalho do
operador podem ser padronizados. A principal desvantagem
para a normalização é o risco de executar o processo
de ‘sub-otimizar’ arriscando retornos de produção.
Este risco deve ser cuidadosamente analisado antes de
escolher um projeto padrão para vários módulos topside
e automação. Plataformas e FPSOs não são idênticas e,
portanto, haverá sempre necessidade de algum nível de
customização. No entanto, os esforços para padronizar e
modularizar tanto quanto possível, estão em curso”.
Padronizar não é uma ideia nova, nem restrita ao
setor de óleo e gás. A manufatura replica fábricas há décadas e as indústrias químicas já embarcaram nessa tendência,
como prova a reprodução do complexo acrílico
de Nanjing (China) da Basf em Camaçari (Bahia) – que
deve estar pronta em junho deste ano e pode ser replicada
mais uma vez. |
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É um tema que está entre os
fornecedores de instrumentos e serviços.
Para Newton Bastos, gestor
de Negócios Sênior da Presys Instrumentos,
quando se utiliza a padronização,
de um modo geral, a preocupação
é atingir ganhos de escala e
promover uma melhor solução entre
o fabricante e o mercado. “A padronização busca a integração
dos fornecedores com os clientes, mas de um
modo simples. Quando os clientes usam o mesmo padrão,
isto facilita a vida do fornecedor, pois não terá que
identificar um produto novo para atender cada demanda
do cliente. Já a customização é empregada no sentido
de personalização, adaptação e adequação. Desta forma,
customizar é adaptar um produto de acordo com a necessidade
demandada do cliente, alterar algo para fazer
com que sirva melhor aos requisitos de um mercado extremamente
exigente como o de petróleo e gás. A customização
pode ser entendida como sendo a adequação
de um produto ou serviço aos requerimentos e demandas
de um cliente. Mas, ao contrário do que uma primeira
análise pode sugerir, as abordagens são complementares.
Entender que o cliente percebe como padrão é muito importante,
porém não é tudo. Mais do que oferecer uma
solução padronizada, a receita para a satisfação do cliente
é adicionar, em uma solução padronizada, alguns tópicos
customizados para o bom uso e a satisfação do cliente
com seu produto ou serviço. Na Presys, procuramos desenvolver
soluções que sejam o mais padronizado possível, sem deixar de lado, a possibilidade de ouvir o cliente,
entender suas demandas e avaliar as reais necessidades
de se customizar uma solução. Com isto, nossos produtos
adequam se a diversos mercados diferentes, com o
perfil adequado a cada cliente, tornando também o mais
padronizado possível, com módulos adequados a cada
tipo de necessidade. Através das customizações, vão se
criando soluções padronizadas, que o mercado acaba reconhecendo
como um produto simples e objetivo para
atender as demandas requeridas”. |
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